Meus pensamentos foram despertos com o barulho da campainha.
- Ramires! - disse com o olhar focado naquele cachorrinho do pelo preto que vinha em minha direção.
- Oi para você também, Beatriz! - disse a Gabi.
- Gabriela Sampaio, você está ficando irônica igual a Bia? É isso que dá ficarem grudadas o tempo inteiro.
- Oi, gente! - disse sorrindo em meio a lambidas do Ramires - Obrigada por cuidarem dele para mim.
- De nada. Mas a gente quer aquele sorvete de chocolate que sua mãe sempre compra. - o Carlos dizia sentando-se no sofá azul marinho.
- Eu tenho que ver ser a minha mãe comprou outro pote, porque da última vez eu comi o resto.
- Aí a coisa vai ficar feia! - disse a Gabi.
- Como vocês são sortudos, minha mãe comprou. - disse colocando o pote em cima da mesa.
Enquanto eles aproveitavam o -maravilhoso - sorvete de chocolate, eu aproveitava a minha bola de pelos, aquela coisa fofa que me enchia de lambidas. Como eu senti falta do Ramires naqueles intermináveis dias no hospital.
- Terra chamando Bia... Alô? - disse o Carlos estralando os dedos.
- Oi? Foi mal, é que eu estava distraída.
- Eu estava tentando dizer que esses dias na escola estão sendo muito conturbados. - disse ele.
- Por quê?
- Adivinha quem está na nossa escola?
- O Zac Efrom? - disse rindo.
- Engraçadinha. - ele já ia dizer quando a Gabi tentou dar um beliscão disfarçadamente nele, sem sucesso.
- Quem, Carlos? E que beliscão foi esse, Gabriela? Só te digo que essa tentativa de disfarçar deu errado.
- Ninguém não. - riu - Era só para descontrair mesmo!
- Vocês estão achando eu com cara de boba? - disse.
- Não, Bia é que o Carlos quase bateu naquele menino lá que te mostrou a aranha. Mas não aconteceu nada com ele porque a diretora disse que o fato da sua queda foi "apenas um acidente". - disse fazendo aspas com os dedos.
- Sério? Que fofo, Carlos. Mas não precisa se meter em encrencas por minha causa, quando voltar para escola eu mesma darei uma lição nele.
- É isso aí, Bia!
- Estamos com você! - disse ela ao mesmo tempo em que fazíamos uma espécie de toque.
Depois da nossa conversa acompanhada com aquele delicioso sorvete, fomos assistir a nossa série. Éramos aquele trio de amigos que tinham uma série favorita em comum e que assistiam os episódios juntos, mesmo que estivessem cada um na sua casa. E era um pecado gravíssimo se alguém do trio assistisse um episódio a mais, praticamente um crime sob pena de morte. Sim, levávamos esse negócio de séries bem a sério mas no fundo acho que todos nós já tínhamos assistido algum a mais e mantido isso em segredo. Enfim, estávamos assistindo mais um episódio de Pretty Little Liars acompanhados com a magnífica pipoca do Carlos quando a campainha toca.
- Pausa aí, gente! - disse indo em direção à porta.
Por que minha mãe não está aqui agora?
- Boa noite, Bia! Eu fiquei sabendo do que aconteceu contigo. Como você está?
- Ricardo? Estou bem sim, obrigada. Será que minha mãe pediu comida sem eu saber?
- Ela não está aí?
- Não, mas daqui a pouco ela chega.
- Faz assim, essa comida japonesa é por conta da casa então.
- O quê? Não precisa, Ricardo, eu só tenho que pegar o dinheiro ali dentro.
- Eu faço questão, é um presente por você estar bem. - disse sorrindo. - Manda um abraço para ela, Bia. Tchau.
- Tchau. - e foi-se.
"Mande um abraço para ela?" Somente mais algumas confirmações que logo, logo e meu plano da "Operação Cupido" seria posto em prática.
- Quem era? - a Gabi dizia com os dedos engordurados de manteiga.
- Alguém que logo, logo ficará direto dentro desta casa. - disse sorrindo imaginando em como colocaria meu plano em prática.
|•|
Depois que meus amigos foram embora e mais uma vez minha mãe estava atrasada para o jantar, me peguei pensando no Lucas. Será que ele perguntou algo sobre mim nesses dias em que eu estive no hospital? Seria o máximo se no dia em que eu voltasse para a escola ele fosse até mim e a gente pudesse conversar. Para ser bem sincera, eu não sei se eu apenas tinha vontade de beijá-lo ou eu tinha uma - grande - atração por aquele garoto que arrasava os corações da maioria das meninas do Absoluto.
- Oi, filha! - disse minha mãe - Desculpe a demora dessa vez, é que aconteceram vários imprevistos, o que você quer comer que eu peço agora!
- Mãe, você não tinha pedido comida japonesa?
- O quê? Não, por quê?
- Porque o Ricardo trouxe.
- Como assim? Eu não pedi nada.
- Nem eu, aí quando eu disse que você não estava, ele falou que era por conta da casa.
- E você aceitou?
- É óbvio que eu disse que eu apenas precisaria pegar o dinheiro mas ele falou que era um presente por eu estar bem. E te mandou um abraço. - naquele momento ela sorriu.
- Depois eu ligo para agradecê-lo. Mas já que ele fez essa gentileza não podemos recusar, não é mesmo? - ela dizia dando uma bocada naquele sushi.
Enquanto ela experimentava cada sushi de diferentes tipos e sabores, eu só ficava pensando no sorriso que a minha mãe dera ao saber que ele mandara um abraço. Será que o Ricardo acabou de "confirmar presença" na Operação Cupido?
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O Som do Coração
Teen Fiction"O que você faria se um popstar se tornasse seu melhor amigo?" "E se você se apaixonasse por alguém que te vê apenas como uma garota que vive precisando ser salva?" Esta é a história de Beatriz, uma garota comum que vê sua vida mudar a partir do...