Capítulo 15 - Confirmando presença na Operação Cupido.

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   Meus pensamentos foram despertos com o barulho da campainha.

- Ramires! - disse com o olhar focado naquele cachorrinho do pelo preto que vinha em minha direção.

- Oi para você também, Beatriz! - disse a Gabi.

- Gabriela Sampaio, você está ficando irônica igual a Bia? É isso que dá ficarem grudadas o tempo inteiro.

- Oi, gente! - disse sorrindo em meio a lambidas do Ramires - Obrigada por cuidarem dele para mim.

- De nada. Mas a gente quer aquele sorvete de chocolate que sua mãe sempre compra. - o Carlos dizia sentando-se no sofá azul marinho.

- Eu tenho que ver ser a minha mãe comprou outro pote, porque da última vez eu comi o resto.

- Aí a coisa vai ficar feia! - disse a Gabi.

- Como vocês são sortudos, minha mãe comprou. - disse colocando o pote em cima da mesa.

   Enquanto eles aproveitavam o -maravilhoso - sorvete de chocolate, eu aproveitava a minha bola de pelos, aquela coisa fofa que me enchia de lambidas. Como eu senti falta do Ramires naqueles intermináveis dias no hospital.

- Terra chamando Bia... Alô? - disse o Carlos estralando os dedos.

- Oi? Foi mal, é que eu estava distraída.

- Eu estava tentando dizer que esses dias na escola estão sendo muito conturbados. - disse ele.

- Por quê?

- Adivinha quem está na nossa escola?

- O Zac Efrom? - disse rindo.

- Engraçadinha. - ele já ia dizer quando a Gabi tentou dar um beliscão disfarçadamente nele, sem sucesso.

- Quem, Carlos? E que beliscão foi esse, Gabriela? Só te digo que essa tentativa de disfarçar deu errado.

- Ninguém não. - riu - Era só para descontrair mesmo!

- Vocês estão achando eu com cara de boba? - disse.

- Não, Bia é que o Carlos quase bateu naquele menino lá que te mostrou a aranha. Mas não aconteceu nada com ele porque a diretora disse que o fato da sua queda foi "apenas um acidente". - disse fazendo aspas com os dedos.

- Sério? Que fofo, Carlos. Mas não precisa se meter em encrencas por minha causa, quando voltar para escola eu mesma darei uma lição nele.

- É isso aí, Bia!

- Estamos com você! - disse ela ao mesmo tempo em que fazíamos uma espécie de toque.

   Depois da nossa conversa acompanhada com aquele delicioso sorvete, fomos assistir a nossa série. Éramos aquele trio de amigos que tinham uma série favorita em comum e que assistiam os episódios juntos, mesmo que estivessem cada um na sua casa. E era um pecado gravíssimo se alguém do trio assistisse um episódio a mais, praticamente um crime sob pena de morte. Sim, levávamos esse negócio de séries bem a sério mas no fundo acho que todos nós já tínhamos assistido algum a mais e mantido isso em segredo. Enfim, estávamos assistindo mais um episódio de Pretty Little Liars acompanhados com a magnífica pipoca do Carlos quando a campainha toca.

- Pausa aí, gente! - disse indo em direção à porta.

Por que minha mãe não está aqui agora?

- Boa noite, Bia! Eu fiquei sabendo do que aconteceu contigo. Como você está?

- Ricardo? Estou bem sim, obrigada. Será que minha mãe pediu comida sem eu saber?

- Ela não está aí?

- Não, mas daqui a pouco ela chega.

- Faz assim, essa comida japonesa é por conta da casa então.

- O quê? Não precisa, Ricardo, eu só tenho que pegar o dinheiro ali dentro.

- Eu faço questão, é um presente por você estar bem. - disse sorrindo. - Manda um abraço para ela, Bia. Tchau.

- Tchau. - e foi-se.

   "Mande um abraço para ela?" Somente mais algumas confirmações que logo, logo e meu plano da "Operação Cupido" seria posto em prática.

- Quem era? - a Gabi dizia com os dedos engordurados de manteiga.

- Alguém que logo, logo ficará direto dentro desta casa. - disse sorrindo imaginando em como colocaria meu plano em prática.

                         |•|

   Depois que meus amigos foram embora e mais uma vez minha mãe estava atrasada para o jantar, me peguei pensando no Lucas. Será que ele perguntou algo sobre mim nesses dias em que eu estive no hospital? Seria o máximo se no dia em que eu voltasse para a escola ele fosse até mim e a gente pudesse conversar. Para ser bem sincera, eu não sei se eu apenas tinha vontade de beijá-lo ou eu tinha uma - grande - atração por aquele garoto que arrasava os corações da maioria das meninas do Absoluto.

- Oi, filha! - disse minha mãe - Desculpe a demora dessa vez, é que aconteceram vários imprevistos, o que você quer comer que eu peço agora!

- Mãe, você não tinha pedido comida japonesa?

- O quê? Não, por quê?

- Porque o Ricardo trouxe.

- Como assim? Eu não pedi nada.

- Nem eu, aí quando eu disse que você não estava, ele falou que era por conta da casa.

- E você aceitou?

- É óbvio que eu disse que eu apenas precisaria pegar o dinheiro mas ele falou que era um presente por eu estar bem. E te mandou um abraço. - naquele momento ela sorriu.

- Depois eu ligo para agradecê-lo. Mas já que ele fez essa gentileza não podemos recusar, não é mesmo? - ela dizia dando uma bocada naquele sushi.

   Enquanto ela experimentava cada sushi de diferentes tipos e sabores, eu só ficava pensando no sorriso que a minha mãe dera ao saber que ele mandara um abraço. Será que o Ricardo acabou de "confirmar presença" na Operação Cupido?

O Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora