- Cheguei, meu povo! - dizia o Carlos quando abri a porta do apartamento.
Havíamos combinado de nos encontrar aqui em casa para nos arrumarmos antes de ir para a escola.
- É melhor vocês começarem logo antes que cheguem atrasados lá. - minha mãe dizia rindo com toda a situação.
E ficamos em frente à minha penteadeira lilás com várias maquiagens organizadas em função. E alguns looks em cima da minha cama para decidirmos com qual iríamos.
- Eu prefiro a camisa azul marinho, Carlos. - digo.
- Eu também! - a Gabi dizia enquanto minha mãe concordava.
No dia anterior, a professora de Arte pediu para que fôssemos arrumados para a apresentação, nada de trajes de gala ou uniforme do colégio, mas que estivéssemos belos, que, querendo ou não, era um evento importante.
- Gente... - diz a Gabi - Acho que estamos prontos!
Estávamos tão empolgados com toda aquela situação. Na verdade, sempre que íamos em algum lugar e o nosso trio combinava de se arrumar juntos, era motivo de muita animação.
Quando terminamos de nos arrumar, eu usava uma camisa branca com mangas compridas e que tinha um laço preto na gola, a saia branca com vários botões na frente que a dona Camila comprou hoje mais cedo e uma sandália branca tratorada com o solado preto. E o cabelo solto mesmo. Nada demais, estávamos elegantes na medida certa para aquele tipo de ocasião.- Então vamos para o carro antes que vocês se atrasem! - minha mãe dizia.
- Eu espero que dessa vez não tenhamos um déjà vu e que a bateria do carro descarregue. - digo rindo.
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Como combinado, todos os alunos deveriam chegar duas horas antes do espetáculo começar. E desta vez deu tudo certo, o carro não estragou, não precisamos parar em uma rua deserta e não precisamos nos assustar com alguém aparecendo na janela - que na verdade era o Ricardo - assim como, quando fomos ao show da 5.1.
- Pessoal, me escutem por favor! - dizia a professora - Os figurinistas, maquiadores e atores se dirijam ao camarim imediatamente. O pessoal do roteiro fiquem juntos com o grupo de luz e som. E os cenografistas já deixem os cenários pré prontos! - ela dizia ansiosa - Rápido, gente! Não temos tempo!
Por sorte deixamos tudo organizado, só faltava uma coisa ou outra aqui e ali. Mas de resto estava tudo em seu devido lugar.
Agora só precisávamos esperar o público chegar e tudo acontecer para eu finalmente ficar livre desta peça, fazer as provas finais e entrar de férias. Finalmente!
Eu e meu grupo de cenografistas já tínhamos feito tudo o que precisava e cada um foi fazer algo diferente. Sentei-me em uma das poltronas e observei a correria de todos, iam de lá para cá e, de cá pára lá. Até que vejo o Caíque e a Alice abraçados, ele provavelmente estava desejando boa sorte para ela, já que a Alice seria a dançarina. Se eu não tivesse quebrado o braço e praticamente a costela, será que seria eu a dançarina? Ou não?
E por um momento me senti triste com aquela cena, acho que eu queria que ele estivesse aqui, ao meu lado, e que estivéssemos conversando sobre assuntos diversos.- Bia? - era a Gabi - Você...
- Não, Gabriela. Não tenho mais chicletes, reparti todos que eu tinha com você e o Carlos.
- Não, não é isso. Você... Você está gostando do Caíque?
O QUÊ?!
- O quê?! - digo chocada - De onde você tirou essa ideia?
- É que eu ando reparando como você o olha e o jeito que fala dele...
- Não, Gabriela, eu não gosto dele. É só amizade mesmo.
- Você fala que é só amizade mas o seu coração sabe disso?
E eu fiquei pensando em tudo isso. O jeito que eu olhava para ele... Que jeito? E o modo como eu falava dele? Como assim? Como eu falava? Eu já ia perguntar para a minha amiga em busca de algumas respostas mas ela já tinha ido embora. Se ela estivesse certa, será que eu gostava do Caíque e não sabia? Ou até sabia mas escondia esse sentimento de todos - e de mim também - por ele ter uma namorada? Ou talvez a Gabi estivesse errada e eu gostasse dele apenas como amigo mesmo. Eram tantas perguntas sem respostas que eu preferi esquecer tudo aquilo e me concentrar na apresentação da peça.
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- Sejam todos bem vindos à primeira peça teatral do Colégio Absoluto! - dizia a diretora bancando a fina diante a tantos pais - A peça se chama Rent e trata de assuntos que precisam ser discutidos com nossos jovens. Espero que gostem e tenham uma excelente noite! - ela dizia acompanhada de aplausos.
A cortina vermelha se fechou e as luzes se apagaram. Enquanto isso eu e os outros cenografistas colocavam o cenário em menos de um minuto.
Era agora.
As cortinas foram abertas com um pequeno feixe de luz iluminando um dos atores e a partir daquele momento todos tomavam suas devidas posições e a peça começava.
A cada capítulo de toda a história eu e os outros corríamos e colocávamos alguns objetos a mais. Os alunos cantavam e interpretavam seus personagens com muita habilidade. E naquela hora, eu senti orgulho de fazer parte daquela apresentação, mesmo que eu estivesse nos bastidores construindo - literalmente - o cenário e os outros que maquiaram, que fizeram os figurinos, o pessoal da iluminação e do som, os roteiristas, cada um que fez alguma coisa era motivo para se sentir confiante por ter feito parte de algo tão bonito assim. E não era pelo fato de eu ser uma aluna do Absoluto mas, realmente éramos dedicados e talentosos. E mesmo que alguns não fossem as melhores pessoas para se ter como amigos, mas uma coisa era óbvia, todos deram o seu melhor em tudo isso, em todos esses meses.
Eu olho para aquele palco e vejo todas as luzes apagadas e apenas um holofote seguindo uma garota que dançava graciosamente.Era a Alice. E ela dançava maravilhosamente bem.
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O Som do Coração
Novela Juvenil"O que você faria se um popstar se tornasse seu melhor amigo?" "E se você se apaixonasse por alguém que te vê apenas como uma garota que vive precisando ser salva?" Esta é a história de Beatriz, uma garota comum que vê sua vida mudar a partir do...