Ficamos uma semana na praia com os pais da Gabi, do Carlos, a minha mãe e o Ricardo e sinceramente, eu precisava daquilo. Precisava de um momento de lazer, entre amigos e poder esquecer todas as dificuldades. Dessa vez eu tinha lembrado de passar protetor solar e não estava vermelha como um camarão.
Dessa vez eu estava tão ansiosa quanto no primeiro dia de aula. Eu não sabia como agir em relação ao Caíque, a Alice, o Lucas... De verdade, não sabia o quê fazer ou que não fazer.- Bom jogo, Gabi! - digo.
Mais uma vez a Gabi iria jogar vôlei contra outra escola e todo o Absoluto estava com a adrenalina a mil. Realmente voltar das férias e no primeiro dia de aula já ter uma baita de uma competição é mais animador para voltar à rotina.
- Vai Absoluto! - gritava juntamente com a torcida.
Eu gostava de torcer, gritar, pular e desejar bom jogo para o meu time mas não queria ser líder de torcida. Por mais que tivesse aqui, acho que não primeiro ensaio a Beatriz do Azar apareceria e estaria com alguma parte do corpo quebrada. Seria bem assim.
De repente, vejo uma figura familiar descendo as escadas da arquibancada. Sim, era o Caíque. Ele me olha e eu dou um sorriso, só que pela primeira vez ele vira o rosto sério. Ou ele não me viu ou aconteceu algo e ele está me mau humor.- O que aconteceu? - digo para mim mesma.
- O que foi? - diz o Carlos.
- Também não sei. Mas tenho quase certeza de que o Caíque fingiu que não me viu.
- Que estranho.
E fiquei ali pensando no que tinha acontecido. Será que o popstar realmente me ignorou? Não sei se chegaria até ele para perguntar, vai que isso tudo são apenas coisas da minha cabeça e ele realmente não me viu?
O melhor que eu poderia fazer era me concentrar na torcida pelo Absoluto. E quem sabe depois eu fale com o Caíque.- Absoluto! - a multidão gritava.
Depois de algum tempo o jogo havia terminado e mais uma vez o Absoluto havia ganhado. Sim, a Gabi e os outros que jogavam eram realmente muito bons. A torcida ia à loucura com a vitória do nosso colégio. Isso sim era uma boa dose de ânimo para voltarmos às aulas.
Eu e o Carlos seguíamos espremidos pelos corredores que davam para o refeitório e toda aquela gritaria deixavam minha mente cansada. Mas é óbvio que eu gritava também. Sim, isso foi muito contraditório.- Oi, popstar. - digo cutucando o braço dele com meu ombro.
Estavam ele e o Vítor comemorando a vitória do nosso colégio, e assim como nós, os dois gritavam também. No entanto, foi o prazo de eu dizer oi que sua expressão mudou completamente.
- Oi. - ele diz seco.
- Está tudo bem contigo?
- Sim. Eu preciso ir.
Ele simplesmente virou o rosto e continuou a andar.
- Oi, gente! - era o Vítor - Quando virem a Gabi falem que eu preciso falar com ela, por favor?
E os dois se afastaram na multidão.
- É Bia. - o Carlos diz - Definitivamente ele está te evitando!
- Não está?
Agora não só eu, mas o meu melhor amigo também havia reparado que o Caíque estava estranho comigo. Será que eu tinha feito algo e não sabia? Eu estava completamente confusa com toda esta situação. Estava acontecendo algo que eu não sabia?
Nos sentamos na mesa de sempre, aquela em que podíamos conversar sem nos preocuparmos com possíveis curiosos para ouvirem nossas conversas.- Ai, gente eu estou tão feliz! - a Gabi dizia com um enorme sorriso no rosto.
- Estamos vendo mesmo! Deu para perceber, Gabizinha. - digo.
- Engraçadinha.
- Bia, meu amor. Não olha para trás agora mas o seu mozão está logo ali atrás! - meu amigo diz.
E imediatamente eu olho. E daí se o Caíque soubesse que estávamos falando dele? Eu não ligava, queria apenas saber o porquê de ele estar assim.
- Eu falei para você não olhar!
Meu olhos vão até o garoto da 5.1 encostado em uma das mesas conversando com os outros meninos da banda, eles estão rindo de algo bem engraçado, é bem nítido ver em seus rostos. E o seu olhar vai de encontro com o meu.
Fixa o olhar, Beatriz.
Minha expressão com certeza era de confusão, eu não sabia o que estava acontecendo. Não adiantou de nada eu ter fixado o olhar, porque logo ele desviou e continuou a conversar, só que dessa vez ele não estava rindo. Por um momento pensei que talvez ele estivesse com algum problema pessoal, mas agora eu tinha certeza que o problema era comigo.
Era eu o problema.
- O que está acontecendo aqui que eu não sei? - a Gabi fala.
- Então somos duas. A única certeza que temos, é que ele está me evitando. - digo.
- Se eu fosse você ia até ele e tirava satisfação!
- O quê? - digo - Não, Carlos. Imagina, eu vou chegar lá e falar: Oi, Caíque. Sabia que eu gosto de você?
Nunca desejei tanto voltar no tempo como naquele momento. Quando terminei de dizer isso ouço uma voz mimada e meu corpo inteiro se estremece.
- Você o quê, Beatriz? - era a Alice.
Isso é apenas uma ilusão...
Isso é apenas uma ilusão...
Isso é apenas um ilusão...- Eu... - tento dizer algo mas as palavras não apareciam.
- Ela gosta do Caíque. - o Carlos diz - Mas relaxa que não é o seu namorado, ouviu?
Obrigada, amigo. Mas acho que ela não cairia tão facilmente assim nessa desculpa.
- Bem que eu desconfiava! - e do nada ela começa a dar gargalhadas.
Ela então sobe em cima do banco, me olha com uma expressão muito maliciosa e ajeita o cabelo.
- Atenção todos aqui! - ela diz batendo palmas.
E todos os olhares se direcionam àquela garota.
Ai... meu... Deus...
- Sabem o que eu descobri? Assim, é só uma dica para as meninas que namoram. Cuidem bem dos seus namorados porque eu acabei de descobrir que a minha própria irmã gosta do meu namorado. Sim, o Caíque.
Ela não tinha feito aquilo.
E todos me olharam desconfiados. Mas eu não ligava para tudo aquilo ou para o que as pessoas pensariam porque eu e meus amigos sabiam da verdade. E quando olho para o garoto que eu gostava, ele não tinha uma expressão definida, simplesmente era uma indiferença escrita em seu rosto.
- A pobre Beatriz meio palmo achou que teria chance de ficar com o meu namorado, uma celebridade! - ela e alguns deram várias risadas.
Mas eu permaneci ali, olhando cada um. Alguns riam, outros me olhavam cuidadosos e outros nem ligavam para o showzinho da Alice.
- Aproveite seu namoro enquanto ele dura. - digo e saio de lá.
Eu poderia ter dito que ela traía o Caíque com o Lucas e ter mostrado a foto para todos verem, mas eu não era esse tipo de pessoa e nunca colocaria meu amigo - nem sei se éramos mais - em uma situação constrangedora daquele jeito.
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O Som do Coração
Ficção Adolescente"O que você faria se um popstar se tornasse seu melhor amigo?" "E se você se apaixonasse por alguém que te vê apenas como uma garota que vive precisando ser salva?" Esta é a história de Beatriz, uma garota comum que vê sua vida mudar a partir do...