Capítulo 49 - Uma enrolação sem limites.

1.2K 115 1
                                    

   Ficamos o domingo inteiro mandando mensagens para a Gabi e ela recusáva-se a dizer qualquer coisa sobre seu encontro com o Vítor. Para quê tanto suspense? Pensamos em ir até a sua casa mas ela já adiantou dizendo que estava na fazenda dos pais. Eu só esperava que tivesse dado tudo certo com aqueles dois.
   Me arrumei o mais rápido que pude e pedi para minha mãe buscar a Gabi um pouco mais cedo. Deus, como eu queria saber de todos os detalhes!

- Gabi! - minha mãe diz quando minha amiga entra no carro - A Bia me contou sobre seu encontro! Como foi?

- Não posso contar agora, depois a Bia te conta.

- Ela está com esta bobeira agora, mãe. - digo revirando os olhos.

- É que eu quero contar apenas uma vez!

   E continuamos naquele carro ao som de Last Kiss.

                         |•|

   Fiquei todos aqueles horários esperando - impacientemente -  que a Gabi dissesse o quê tinha acontecido no final de semana. Por que ela estava fazendo tanto suspense? Gabriela Sampaio, se você não contar todos os detalhes eu juro que te dou um murro!
   Como eu olhei aquele relógio que ficava acima do quadro branco. Olhava, olhava de novo e tinham se passado dois minutos no máximo. Eu estava tão inquieta que até meus pés ficavam batendo no chão em ritmo cronometrado. A paciência naquele momento para esperar que as aulas de Biologia, Literatura e Matemática acabassem e o sinal do recreio tocasse, para aí sim a Gabi me contar os detalhes do seu encontro, era quase impossível ter, eu estava a ponto de gritar e obrigar minha amiga a dizer naquele instante.

   Triiim...

   Finalmente.

- Você não me escapa, Gabriela! - digo me virando para a carteira atrás.

- Está bem, vou contar! - ela dizia passando gloss.

- Isso tudo é para o Vítor?

   A Gabi estava mais arrumada naquele dia. Seu longo cabelo castanho estava ondulado, o que acabava dando alguns pontos extras de beleza. O que era graças ao babyliss ou provavelmente dormiu com o cabelo molhado. Se ela não tivesse tido o encontro, eu diria que dormiu com o cabelo molhado, mas naquela situação era evidente que ela tinha se arrumado mais.

- Cheguei! - disse o Carlos com a respiração acelerada - Você não vai fugir dessa vez, Gabriela Sampaio!

- Vocês são tão curiosos! - diz dando a última olhada naquele espelho vermelho.

   Sentamo-nos no local de costume. Aquela mesa mais afastada do banheiro, da lanchonete e do "Canto dos Populares". Ali não teríamos que nos preocupar em algum curioso ouvir nossa conversa, o quase desespero dos alunos de comprar algo para comer ou as provocações da Amanda para com o nosso trio. Naquela mesa éramos só nós três preocupados em colocar a fofoca em dia, o Carlos que sempre tinha uma notícia bombástica, eu com as minhas ironias e a Gabi com sua inocência, o trio mais diferente que você verá.

- O.k. Vou contar o que aconteceu, está bem? - ela dizia - Quando minha mãe me deixou na porta de sua casa, ele...

   E no mesmo instante, o próprio Vítor chega e dá um beijo nas costas da mão dela. É fofo? É. Mas estranho.

- Mas... - tentamos dizer.

   Ela olha para trás e mexe os lábios dizendo que depois contaria. Sim, o Vítor a levou daqui. O que estava acontecendo?! Depois de tanta enrolação ela finalmente começa a contar e... E somos interrompidos!
   Eu e o Carlos nos entreolhamos sem saber o que dizer, na verdade, queríamos gritar e puxá-la dele, mas jamais faríamos isso.

- Que merda está acontecendo? - ele diz.

- Digo o mesmo. Precisamos amarrá-la em algum poste até que ela conte tudo até o final.

   Ele começa a dar gargalhadas.

- Eu falei sério. - digo fazendo um coque em toda aquela cabeleira loura.

                          |•|

   Estava eu em minha casa deitada naquele chão ouvindo "Já sei namorar" quando a campainha toca. Como o seu Ademar não tinha interfonado, provavelmente eram um dos meus amigos ou algum vizinho, o que seria um milagre, já eles são bem reservados.

- Entra! - gritei ainda deitada.

   Eram meus amigos.

- O que é isso, Beatriz? - o Carlos diz vendo a cena.

- Agora você vai nos contar? - digo não me movendo - É relaxante isso, sabia?

- Então, quando cheguei na casa dele, fomos até um lugar de jogos eletrônicos. Ele me desafiou naquele de dança, sabe? E eu ganhei! - ela dizia suspirando - Quando demos uma pausa, fomos comer na lanchonete de lá mesmo, nisso conversamos sobre tantas coisas e ele me falou que adorava meu jeito meigo e doce e...

- E o quê? - dissemos.

- E ele colocou a mão no meu rosto e nos beijamos! - ela dizia dando pulinhos.

- Só isso? - digo.

- Bia! - o Carlos fala.

- Parabéns pelo seu encontro, de verdade. Mas você enrolou tanto para contar só isso?!

- Desculpa, gente. É que eu fiquei me beliscando para ver se não era um sonho.

- É sério? - eu e meu amigo dissemos juntos.

- A parte de beliscar não! - e ri.

   Mas a verdade era que eu estava muito feliz pela Gabi. Ter um encontro com um menino da sua banda favorita não é para qualquer um! E eu desejava que entre aqueles dois desse tudo certo, porque a minha amiga era uma garota muito especial.
   E fiquei olhando o brilho que emanava do seu olhar e o seu enorme sorriso enquanto dizia que eles tinham ficado no recreio. Ela estava...

   Feliz.
  

O Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora