Capítulo 33 - Uma prova perdida.

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   Azar. Era esse o meu sobrenome. Acho que não existe alguém mais azarada do que eu em toda a Via Láctea, não, em todo o universo.
  E dessa vez eu estava sentada no chão do meu quarto me descabelando com inúmeras folhas jogadas ao chão, tinha de todas as matérias, menos a que eu queria. A avaliação de recuperação era amanhã e eu não tinha a prova. Beatriz, por que você é assim?

Bia:

Gabi

vc viu minha prova de física?

Gabi:

não.

sumiu?

Bia:

se eu to perguntando

Gabi:

e a Gabriela leva um coice de Beatriz

Carlos:

Bia voltando a suas origens

Kkk

Bia:

desculpa

é que eu preciso estudar e perdi a minha

Gabi:

Vou tirar uma foto e te mando

Levo a minha pra vc amanhã de todo jeito

Bia:

Valeu :)

   Eu era a pessoa mais distraída também, como fui perder aquela bendita prova? Se não fosse a Gabi para me ajudar, não sei o que faria.

- Bia, você vai querer jantar o quê? - a dona Camila diz encostada na porta.

- Nada, não estou com fome.

- Eu ouvi direito? Beatriz não está com fome?

- Mãe, eu preciso estudar! Tenho uma prova super importante amanhã!

- Está bem. O.k. Vou deixar você estudar! Se ficar com fome tem comida na geladeira.

- Aonde você vai? - digo ajeitando meu óculos.

- Na academia aqui do prédio. Beijo! Não vai dormir tarde!

   A dona Camila era uma daquelas pessoas que comiam muito mas não engordavam. E a minha pergunta sempre foi: Para aonde vai tanta comida? Ela era magra mas comia todos os tipos de comidas não saudáveis e saudáveis. Não que magra seja um elogio, mas ela não engordava de forma alguma.

                         |•|

   Eu precisava estudar só mais um pouco e eu logo terminaria. Não podia reprovar nessa matéria ou então seria muito difícil de conseguir passar de ano. Eu tinha que passar nessa recuperação e me livrar daquele professor.

- Bia! - disse minha mãe.

- Só mais cinco minutos e eu já vou dormir, mãe! - disse fazendo algumas anotações.

- O quê? Mas está de manhã! Não me diga que você não dormiu!

   E somente naquele momento olhei através da janela e vi que o sol já estava no céu. A verdade é que eu estou tão preocupada com hoje que não vi o tempo passar.

- Como você não dormiu, tome um banho rápido e venha tomar um café da manhã reforçado.

- Sim, mãe.

   Fui até ao banheiro e me olhei no espelho. Haviam enormes olheiras arroxeadas e o cansaço era evidente em meu rosto. Mas isso não importava, eu precisava muito ser aprovada naquela prova.

- Você dormiu bem, Bia? - dizia a Gabi a caminho da escola.

   Naquele dia íamos a pé para o colégio, o que em parte era bom, já que estava frio e no outono mas a luz do sol era suficiente para nos aquecer, por enquanto.

- Não dormi. Passei a noite inteira estudando, você não tem noção do quanto eu preciso passar.

- Ei, fique calma. Você estudou muito, e também é a primeira vez que esse tipo de coisa acontece contigo.

- Eu espero. - tentei colocar este pensamento na minha cabeça para afastar qualquer nervosismo.

   Enquanto não começavam as aulas, sentei-me em um dos bancos que ficavam naquele imenso gramado na porta do colégio. Pelo jeito todos decidiram ficar ali também para aproveitar o sol.

   Você tem que ficar acima da média, Bia. Você realmente precisa.

- Que menina mais estudiosa! - disse a Alice ironicamente.

- Bem mais que você eu tenho certeza!

- Tem mesmo certeza disso?

- Olha, se você veio até aqui apenas para perder seu tempo, pode ir saindo. Porque eu preciso muito estudar!

   Ela fica em silêncio e desvia o olhar para meu caderno.

- Uau! Além de você ser toda colorida até seu caderno é colorido! - ela diz fazendo cara de desprezo - Quem, na face da Terra usa canetinhas coloridas, marca texto e post-it na mesmo folha em pleno Ensino Médio?

- Eu, óbvio! - digo rindo - Quem mais seria?

   A verdade era que eu usava tudo aquilo mesmo. Minhas apostilas e os cadernos eram todos coloridos por marca texto das mais variadas cores, canetas em gel com glitter, post-it de cores neon e adesivos de lembretes. É óbvio que eu gostava daquilo tudo, e de tudo que fosse colorido.
   No final ela acabou indo embora e eu finalmente poderia voltar aos meus estudos. Mas o sinal toca.

   Droga, Alice.

- Conseguiu estudar? - a Gabi diz.
- Mais ou menos, a Alice aparaceu para me implicar. - digo nervosa.

- Calma, Bia. Você estudou muito! Tenho certeza de que vai tirar uma nota excelente!

- Bom dia, turma! - disse o professor de Física - Espero que tenham estudado para a recuperação.

   Ai meu coração!

   Eu estava muito nervosa e com frio na barriga. Do jeito que aquele homem me detestava era bem capaz de aplicar uma prova super difícil só para me prejudicar. Respire fundo, Beatriz. Vai dar tudo certo, eu espero.

- Quem for fazer a prova, sentem-se nestas fileiras e para os demais, silêncio absoluto! - ele dizia entregando aquelas duas folhas na mesa de cada um.

   E colocou na minha.

- Vamos ver se você estudou, senhorita Beatriz. - cochichou e saiu - Podem começar!

   Olhei para aquelas folhas com quinze questões.

   Você vai conseguir, Bia.

   Enquanto eu lia cada uma das questões abertas e explicava o porquê de cada conta que eu tinha feito, percebi que existiam duas alternativas para o quê estava acontecendo:

1. Eu estava acertando todas as perguntas;

2. Eu estava errando todas as perguntas.

   Ou eu estava dando conta de fazer todas elas ou estava tudo errado e eu tiraria um zero bem redondo naquela avaliação. Eu só precisava manter a calma e continuar fazendo o restante. É isso aí, Bia! Continue fazendo!

   Você consegue, Bia.

   E continuei resolvendo cada uma das questões pensando que eu tinha que ficar acima da média.
  

O Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora