Ficamos a tarde inteira naquele café fofo. Com certeza lá seria nosso destino nos próximos encontros com o nosso trio.
- Ramires, o que acha de a gente ficar agarradinhos debaixo daquele meu edredom quentinho? - digo enquanto ele me olhava atentamente.
Ele dá um belo de um latido.
- Acho que isso foi um sim, não é mesmo?
Fomos para o quarto da dona Camila, já que ela tinha uma cama de casal bem grande e uma televisão - que não tinha canais, apenas dava para assistir filmes - que seria perfeita para:
• Beatriz e Ramires +
• Cama gigante e edredom +
• Um bom filme preto e branco =
• Era igual a um excelente momento para aproveitar aquele frio que fazia.Quando o nome do filme apareceu na tela, ouço minha mãe chegar da Galeria. Pauso o filme e ela leva um susto quando nos vê em seu quarto.
- Que bonito vocês! - diz tirando sua bota e deitando conosco.
- Mas gente... Que folga!
- Bia, eu... Eu tenho que te falar algo antes.
Ai, Deus...
Quando ela fazia aquela cara, coisa boa não era.
- Ontem seu pai veio aqui e disse que quer que você more com ele. - ela estava séria - Eu não sei o que você vai querer, mas independente de sua escolha eu vou te apoiar.
Ela deu um sorriso triste.
É sério que ela pensava isso?
- Mãe, eu não vou ir morar com ele! Aquele homem não é a mesma pessoa que eu conheci! Eu nunca vou te abandonar, dona Camila! - digo dando um apertado abraço nela - Eu te amo, general!
E ficamos abraçadas enquanto aquele filme antigo passava. A única coisa boa em toda a separação dos meus pais, foi que eu descobri que nós duas temos mais em comum do que imaginávamos. A verdade era que eu sempre fui mais apegada com meu pai, e depois de tudo isso é bom saber que a dona Camila é muito mais que uma amiga, que uma general, que uma mulher estilosa e louca. Ela é a minha mãe. E eu não quero dizer apenas laços de sangue ou um título, mas sabia que quando eu mai precisasse dela, ela estaria ali para me ajudar.
- Eu também te amo, filha. - e me deu um beijo no topo da cabeça.
Sei que não era meu aniversário e muito menos eu tinha visto uma estrela cadente, mas naquele momento desejei que situações como esta, acontecessem mais vezes. Eu, ela e o Ramires no nosso apartamento colorido, assistindo a um belo filme abraçados. Era pedir muito por isso? Seja lá quem for que realize os desejos, por favor, realize este meu. É coração.
|•|
Acordei naquela manhã sem ouvir o barulho irritante do despertador, isso significava que ou era final de semana, ou eu não teria aula ou estava de férias. Existe sensação melhor do que acordar e lembrar de que não precisa ir para o colégio? Na verdade existiam, mas naquele hora, essa era a melhor sensação.
Fiquei enrolando na cama por um bom tempo juntamente com o Ramires, estava muito frio e eu não tinha nada para fazer então a situação que nos encontrávamos era maravilhosamente boa.- O que acha da gente comer algo? - digo logo após ouvir meu estômago roncar.
Ele salta imediatamente da cama e corre em direção à saída do quarto.
- Isso com certeza foi um sim! - falo rindo.
Quando coloquei meus pés naquele cozinha ele já estava lá em frente à sua tigela esperando sua ração. Pelo jeito não era só eu que estava com fome.
- Aqui está!
Fiz meu café da manhã e comi enquanto ouvia uma música bem relaxante, "Why de lose". Sabe aquele tipo de música mais lenta mas que tem uma essência que te faz levantar da cadeira e começar a dançar? Foi assim comigo. Me levantei daquela cadeira e enquanto comia meu misto quente, dançava na sintonia da música sentindo cada vibração da mesma.
Gabi:
gnt
espero vcs no shopping ok?
Bia:
ok
depois do almoço então
Carlos:
aham
estarei lá girls
bjos :*
|•|
Cheguei um pouco atrasada do horário combinado. Eu sei... É horrível esperar pelo outros, mas é que eu perdi a hora.
Quando passei pela porta principal do shopping e entrei na praça de alimentação os avistei sentados conversando.- Que bonito, senhorita Beatriz! - o Carlos diz.
- Desculpa, gente. É que eu perdi a hora.
- Muito bonito, Beatriz Almeida! - a Gabi fingia estar brava.
Eles não ficaram bravos pelo meu atraso porque sempre um de nós esquecíamos do horário combinado e acabava chegando depois.
- Então vamos? - digo.
Era sempre assim. Em toda véspera do acampamento íamos ao shopping comprar algo que faltava: repelente, meias extras, garrafa de água térmica... Coisas do tipo. Às vezes nem precisávamos realmente de todas aquelas coisas, mas acho que dava uma empolgação a mais para a viagem.
Fomos em lojas e mais lojas, e na maioria delas, só ficamos olhando as mercadorias mesmo, quase não compramos coisas. Mas o legal mesmo era estarmos juntos e poder compartilhar o mesmo nível de empolgação.- Gente, já que estamos aqui - diz o Carlos - vamos já fazer o "dois ou um" para ver quem vai com quem no ônibus.
Eu tinha me esquecido disso, éramos três e o ônibus tinha dois lugares em cada fileira. E para não sermos injustos, sempre fazíamos o "dois ou um" para ver com quem nós sentaríamos.
- Dois ou um! - dissemos juntos.
- Eu e a Gabi dois, Bia um. - ele diz.
Neste ano os dois iriam juntos, ano passado foi eu e o Carlos. Mas tudo bem, eu não me importava de ir sem ele, e de todo jeito eu sentaria na fileira ao lado e daria para conversar normalmente.
- Você podia chamar o Caíque, Bia. - ele diz com um olhar malicioso.
- Não, ele vai com a Alice. Espera aí, vocês vão começar com este assunto de novo?!
- Relaxa, Bia. Mesmo que você não tenha se dado conta, a gente já sabe. Vai dar tudo certo. - a Gabi me implicava.
O que vai dar tudo certo?!
- Podem parar agora com este assunto, ouviram? - digo dando uma risada falsa.
- Logo, logo você irá dar conta de que gostas dele! Você vai ver só!
- Não irei ver nada, Carlos!
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O Som do Coração
Jugendliteratur"O que você faria se um popstar se tornasse seu melhor amigo?" "E se você se apaixonasse por alguém que te vê apenas como uma garota que vive precisando ser salva?" Esta é a história de Beatriz, uma garota comum que vê sua vida mudar a partir do...