No dia seguinte fui determinada em pedir desculpas para o Caíque por tudo o que eu tinha causado a ele, mas ele não foi à aula. E no outro, também não. Acabei descobrindo - pelo Carlos - que ele e o Lucas tinham sido suspensos e tudo por minha culpa. Eu não dava a mínima para o Lucas, podia ter acontecido coisas piores com ele e eu adoraria que isso acontecesse. Mas o Caíque era meu amigo e que não tinha nada haver com o que aconteceu.
Naquela manhã acordei mais cedo, fiz a dona Camila buscar a Gabi mais cedo e cheguei na escola antes do horário de costume. E tudo isso para que dessa vez o Caíque estivesse voltado da suspensão e que eu pudesse pedir desculpas por tudo o que eu havia lhe causado. Eu me sentia péssima por todas as coisas que haviam acontecido mas evitei contar para minha mãe." - Beatriz, por que você quer chegar tão cedo? Não me diga que você está aprontando? Por favor, diga que não!"
Quase contei quando ela ficou me questionando o porquê de tanta pressa para ir ao Absoluto. Mas se eu quisesse evitar mais confusões era melhor manter tudo isso em segredo.
- Bia, você vai me contar ou não o que tanto procura? - minha amiga dizia me seguindo por aqueles corredores vazios.
- Não tenho tempo agora, quando eu resolver te conto tudo.
- Então eu vou com você!
Eu não fazia ideia se o Caíque chegava mais cedo ou mais tarde, mas ficaria na porta de sua sala até ele aparecer, se ele vier hoje, é claro.
Esperei, esperei e esperei. E quando faltavam menos de cinco minutos para o sinal tocar, o vejo entrar na sala abraçado com a Alice. Ele não tinha me visto.- Você irá falar com ele? - a Gabi diz.
Contei tudo à ela. Tudo o que tinha acontecido, desde o beijo até eles serem suspensos. A Gabi podia não ser a melhor pessoa para guardar segredos mas, com certeza era a melhor para apoiar seus amigos.
- Bia, aproveita e fale com ele.
Ela tinha razão. Sabe-se lá quando eu teria uma oportunidade novamente. E fui em direção àquela sala.
Os alunos do terceiro ano eram tão diferentes, ao contrário do primeiro e segundo ano, eles quase nunca ficavam em sala até que o sinal tocasse. Percorri meus olhos por toda a classe e quase não haviam estudantes, os que estavam ou mexiam no celular ou beijavam alguém. E lá estava meu amigo na fila que encostava na parede, ele e sua "maravilhosa" namorada.- Caíque? - disse atraindo o olhar de deboche da Alice.
- O que você está fazendo aqui? Já não basta o que você fez?
- Eu não quero saber o que você acha, Alice. Eu vim falar com ele!
Mas ela tinha razão, já não bastava eu ter causado todo esse transtorno para ele, eu ainda queria conversar... Com certeza traria mais azar para o Caíque.
- Já deu dessas discussões, ouviram? - ele diz entediado.
E o sinal toca. Pelo jeito ele não queria falar mesmo comigo.
- O sinal tocou. Vá embora, Beatriz! - ela diz.
- Eu...
Eu iria dizer que ela também deveria ir embora porque a sala dela não era ali, mas preferi sair, não queria arrumar mais confusão para o meu amigo. Lembrando que eu disse que não diria nada, porém a Alice era uma nojenta e eu tinha que fazer algo, e fiz. Caminhei até a porta da sala, olhei para ela e apontei o dedo do meio em meio à um sorriso falso.
- Idiota! - ela gritou.
Olhei mais uma vez para trás e vi meu amigo fazer um sinal que depois falaria comigo. Era praticamente impossível conversarmos com a Alice por perto.
|•|
Naquela tarde, como o Carlos e a Gabi ficariam nos ensaios para a peça e eu estava liberada para ir para a minha casa após o término das aulas, fui a pé até aquele apartamento colorido, no caso somente o meu era, porque nossos vizinhos eram pessoas sérias, perfeccionistas e que andavam sempre com um alarme para não esquecer dos compromissos que eram tabelados em algum quadro-horário.
Eu já ia passar pela portaria quando ouço alguém gritar meu nome. Olho para atrás e vejo o Caíque - quase - correndo em minha direção. Pela primeira vez o observo como realmente é:1. Ele estava sempre usando tênis allstar ou aqueles usados por skatistas. Nunca sapatênis ou aqueles com amortecedores;
2. Pulseiras de couro e artesanais se amontoavam em seu pulso;
3. Seus polegares eram acompanhados por belos anéis.
4. Definitivamente ele malhava, porque seu corpo era estruturado. Mas nada muito artificial, o que combinava perfeitamente com sua altura. Acho que ele devia ter por volta de 1,70m mais ou menos;
5. E seu cabelo era do tipo "bagunçado estiloso".
O.k. Eu tinha acabado de fazer uma lista mental sobre o estilo do Caíque. Se isso era normal? Não sei. Mas ele não podia sonhar que isso algum dia aconteceu.
- Oi, garota do hospital! - ele diz tirando algumas mechas de cabelo que caíam sobre o olho.
- Você veio correndo do Absoluto até aqui só para me ver? Que sorte a minha! - digo brincando.
Ele ri mostrando seus dentes alinhados e brancos.
- O que você queria me dizer mais cedo?
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O Som do Coração
Teen Fiction"O que você faria se um popstar se tornasse seu melhor amigo?" "E se você se apaixonasse por alguém que te vê apenas como uma garota que vive precisando ser salva?" Esta é a história de Beatriz, uma garota comum que vê sua vida mudar a partir do...