O Som do Coração

Capítulo 41 - Uma proposta irrecusável.

   Ficamos andando por aquelas calçadas enquanto conversávamos sobre tudo, menos o que tínhamos de contar. Durante aqueles minutos percebi que eu e o Caíque tínhamos mais assunto do que eu imaginava, poderíamos ficar conversando por horas e horas que o assunto nunca acabaria. A conversa estava tão divertida que quando percebi estávamos em frente ao meu condomínio.

- A gente conversou tanto sobre outras coisas que chegamos na minha casa! - digo apontando.

- Então me conta agora, Beatriz!

- Não! Você vai entrar lá em casa e aí eu te conto.

- O quê?! Não! Me conta logo!

- Anda, Caíque!

   Passamos pela portaria que tinha o senhor Ademar lá.

- Bia, seu namorado nunca veio aqui não, não é mesmo?

   O quê?!

- Não somos namorados! - digo enquanto o Caíque dava gargalhadas.

   Que vergonha. Por que esse tipo de coisa acontece? Senti meu rosto queimar naquela hora.
   Entramos no apartamento mais colorido do condomínio e fomos recebidos pelo Ramires bastante agitado.

- Esse é o Ramires! - digo enquanto o Caíque o acariciava - Sente-se aí!

- Uau, sua casa é bem estilosa!

- Você quis dizer colorida? É isso que dá ter uma mãe pintora. Mas chega de enrolação, deixa eu te falar!

   E contei. Contei sobre o professor ter errado minha nota propositalmente e sobre eu ter pedido que não o demitissem. No final da conversa ele estava assim como o Carlos e a Gabi, como se isso tudo fosse óbvio demais para não ser notado.

- Era bem óbvio! Mas olha, se você não quer a demissão dele é porque tu tens um bom coração, guria!

- Pode ser. E obrigada de novo por ter me ajudado!

- Agora sou eu quem tenho que te perguntar algo. Tu gostas do Lucas?

- Se eu gosto dele? Por que está perguntando isso?

- Fala aí, Bia! Você não é uma menina tímida! Eu vi como tu olhas ele! E é por isso que eu quero te ajudar.

   An?

- Eu quero te ajudar a ficar com o Lucas.

                           |•|

   Meus pensamentos estavam divididos.

     Situação constrangedora
                         X
       Uma Proposta (quase)      
                Irrecusável

   Era como se metade do meu cérebro pensasse apenas na proposta que ele tinha me feito. Era irrecusável - ou quase - mas eu não tinha certeza se iria aceitar, talvez naquele momento eu não fosse confiante o bastante para aceitar o acordo que o Caíque tinha me feito. E a outra parte pensava na situação constrangedora que eu tinha vivido há algumas horas atrás. Mais uma vez fechei meus olhos e relembrei aquela cena novamente.

"... É sério que ele tinha me perguntado isso? Por que ele queria me ajudar? Eu ainda não tinha respondido, apenas encarava aquele par de olhos caramelo.

- E então? - ele dizia acenando.

- Eu... Eu não sei. - digo coçando a cabeça - É que eu não gosto do Lucas, apenas tenho vontade de beijá-lo!

- Então eu te ajudo a ficar com ele. O que acha? - ele dizia sorrindo com a cabeça inclinada para o lado.

   Eu não sabia se diria sim ou não mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, a porta do apartamento se abre revelando um belo par de botas vermelho.

- Bia? - minha mãe dizia nos encarando.

- Mãe, esse é o Caíque! Vocês se viram no shopping há algum tempo.

- Oi! - ele diz.

- Oi, Caíque! Você e a Bia estão ficando?

   MÃE!

   Eu não disse nada, era muita informação para digerir naquele momento. Por que todos estavam perguntando se éramos namorados? Era mais fácil que virássemos inimigos do que namorados.

- Eu namoro a Alice. - diz rindo.

- Sim, mãe. Aquela Alice.

- Entendi... - ela dizia pensativa.

- Bom, eu preciso ir antes que a minha mãe brigue comigo. Tchau para vocês! - e foi-se.

   Foi o prazo de ele fechar a porta e acho que ela contou até dez que ela veio correndo e sentou-se ao meu lado.

- É sério que ele namora a Alice?

- Mãe, o que foi isso?! Quer me matar de vergonha?

- O.k. Desculpa, está bem? É que vocês são tão fofos juntos!

- Mãe! - e saí de lá..."

   Por que aquela situação mais que constrangedora tinha acontecido? A dona Camila nunca foi de fazer isso, ela sempre esperava a pessoa ir embora para, somente depois perguntar o que estava acontecendo. E o pior de tudo foi que aconteceram duas vezes no mesmo dia e praticamente seguidas. Que situação!