Capítulo 22 - Uma silhueta surge na noite.

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   Naquela manhã de sábado eu estava deitada na cama ainda, minha preguiça era maior e a minha cama estava quentinha o suficiente para que nada me fizesse sair dali, até o Ramires ainda estava dormindo todo encolhido.
   Sabe aquele momento em que você deita com a barriga para cima e começa a observar o teto do seu quarto? O.k. Talvez ninguém faça isso, mas eu faço. E naqueles momentos eu gostava de observar aquele teto branco com um lustre cheio de pompons coloridos e pensar em algo que me viesse à mente. Lucas. Será que se ele não tivesse falado da minha altura eu ainda gostaria dele? Mesmo não tendo dado a mínima para mim? Acho que no final das contas, um garoto como ele não combinava comigo e vice e versa, acho que eu perdi todo o encanto que sentia até alguns dias atrás. Se ele for alguém do tipo "pego e não me apego" isso explica bastante coisa porque ele e a Amanda nunca se assumiram, todos sabem que eles ficam direto mas não estão juntos. Ou talvez foi uma opção dos dois. Mas o importante era que eu apenas tinha vontade de beijá-lo, e sumiu, não sinto mais nada.

Gabi:

Beatriz Almeida! Vamos nos arrumar na sua casa hoje!

Bia:

Quê?

Carlos:

Por volta das sete estamos aí.

Bia:

Claro que vocês não pediram minha opinião sobre isso mas tudo bem. Até mais tarde.

   Todos nós estávamos super empolgados com a ideia de ir ao show mas eu tinha me esquecido do principal: Minha mãe.

- Bom dia, mãezinha querida do meu coração! - disse dando um abraço nela que estava desenhando algo.

- Não vou te dar dinheiro, Beatriz! - ela dizia concentrada em seu desenho.

- Nossa, que visão você tem de mim, mãe! - disse fingindo estar decepcionada - Não vim lhe pedir nada.

- Então está bem.

- Não, espera! Eu tenho sim! - disse sorrindo - É que eu, o Carlos e a Gabi...

- Quando você fala isso é porque querem aprontar!

- Dessa vez não! É que os meninos da 5.1 irão tocar hoje e o menino que a Gabi gosta nos deu o ingresso.

- Então você quer ir?

- Por favor!

- Bia, você acabou de sair do hospital e tirou o gesso ontem!

- Por favor, mãe! É muito importante para nós!

- Que horas será?

- Nove. - disse juntando as mãos.

- Está bem, mas eu levo e busco! - disse sorrindo.

- Obrigada, mãe! - disse a abraçando.

- Tudo bem, mas você terá que fazer algo!

   O quê?

- Você vai ter que ir bem linda, porque esses dias você está bem acabadinha! - disse sorrindo.

   Valeu, mãe!

   Agora sim eu poderia comemorar e deixar minha empolgação ir a mil. Obrigada força superior por ter me dado uma mãe compreensiva.
   Só me restava esperar o dia passar e dar a hora dos meus amigos chegarem para que a gente pudesse se arrumar.

                        |•|

   Depois do que pareceu uma eternidade, finalmente deu a hora da Gabi e do Carlos vierem até minha casa. Como eu me sentia? Ansiosa, empolgada, nervosa, com a adrenalina super alta... Era assim que eu ficava em dias como esse.

- Bia, seus amigos chegaram! - disse minha mãe quase gritando.

   E lá estavam eles, com a mochila nas costas. O sorriso que estampavam seus rostos era o mesmo que o meu, todos estávamos empolgados demais por sair da rotina.

- Tia, a gente vai dormir aqui, né? - disse o Carlos.

- Vão sim, eu imaginei mesmo. - minha mãe falou rindo - Vão ficar parados aí ou vão começar a se arrumar, porque são sete horas e o show é às nove.

   E fomos em direção ao meu quarto. Todos estavam se ajudando, enquanto minha mãe fazia babyliss em meu cabelo, o Carlos maquiava a Gabi e assim ia... Um sempre ajudando o outro ao som de músicas e mais músicas que nos faziam parar o que estávamos fazendo e cantar em frente ao espelho com uma escova na mão.
   Depois de algum tempo, depois de ver minha penteadeira lilás cheia de todo os tipos de maquiagem possíveis - e desorganizados - e o meu quarto com roupas e mais roupas, e sapatos jogados naquele cômodo estávamos prontos.
   Me olhei no espelho e vi meu cabelo com leve ondas - obviamente por causa do babyliss - e eu usava um vestido justo - justo, não colado - sem manga que ia até o - quase - pescoço, era vinho e tinha alguns detalhes em dourado e usava uma botinha com saltinho grosso. A Gabi usava uma blusa ciganinha, uma saia jeans e sapatilhas. O Carlos estava com uma camisa estampada e calça jeans.

- Uau, vocês estão um arraso! - minha mãe dizia empolgada - Façam uma pose para eu tirar uma foto!

   E fizemos. Estava tudo tão bom, tão feliz... Essa com certeza era uma das melhores sensações da vida.

- Agora vamos porque ninguém quer perder o show, não é mesmo?

   Seguimos até o carro, entramos e colocamos uma música animada. Nós estávamos tão felizes, tão empolgados com a ideia de se divertir... Mas algo acontece.

- M-mãe? - digo confusa - Por que o carro parou?

- Acabou a bateria! Eu devo ter deixado o farol ligado ou o som, não sei! Como eu não reparei nisso? - ela dizia se culpando.

- Nós não vamos mais no show? - disse o Carlos.

- Vocês vão sim! Eu só preciso dar um jeito de encontrar um posto aqui perto.

- Encontrar? Mas mãe, até você ir de encontro ao posto e voltar o show já vai ter começado! - disse tentando ficar calma.

   Ela tentava não se desesperar mas era em vão. E o pior de tudo é que estávamos parados, de noite, em um lugar não muito seguro.
   Ela tentava pensar em algo quando uma silhueta surge na janela dela. Fizemos a única coisa que era possível. Gritamos.

- Socorro!

O Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora