Capítulo 62 - A excursão para o acampamento.

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   Era hoje. O dia em que iríamos para o Acampamento Raio de Luz. Sim, era o acampamento do meu pai. Desde sempre nas férias de Julho nosso colégio vai para lá e aproveita alguns dias naquele belo lugar.
   Eu estava muito animada porque sempre, sempre era muito bom, e mesmo que o meu próprio pai fosse dono de lá e provavelmente estaria lá também e com toda essa confusão eu não ligava. Queria ir para me divertir com meus amigos e aproveitar as férias em algum lugar em contato com a natureza. Eram esses os meus planos, me divertir, fazer trilha, fazer um luau à noite, contar histórias de terror em volta da fogueira e as gincanas que sempre tinham também.

- Podemos ir, Bia? - minha mãe dizia encostada na porta do meu quarto.

   Levantei cedo naquele dia e arrumei minha mala. A dona Camila podia ser meio doida, mas desde sempre ela fazia uma lista com tudo o que eu precisaria para usar lá. Ela morria de medo que eu me esquecesse de algo.
   Antes que ela abrisse minha mala - que eu tinha acabado de fechar com muito custo - e fosse conferir tudo, eu já me adiantei:

- Sim, mãe. - falo colocando a mala no chão - Conferi tudo e não estou esquecendo de nada!

- Certeza?

- Sim, general.

- Qualquer coisa você vai até o escritório do seu pai e me liga.

   Outro fato importante: não podíamos levar telefone. Mas para o caso de fotos, o uso de máquinas de fotografia eram permitidas.

- Mãe...

- O.k. O.k. Não vou insistir. Agora vamos antes que você se atrase.

- Tchau, meu bebê. - digo abraçando o Ramires.

                          |•|

   Quando cheguei vários alunos já tinham chegado. E como sempre também, todos deviam ir para suas respectivas sala esperar que fôssemos chamados para ir ao ônibus, tudo isso para evitar bagunça e tumulto. O.k. Eu tinha que concordar, era muito funcional.
   Eu estava sentada na minha sala compartilhando minha empolgação com a Gabi quando vejo um belo garoto do cabelo claro que fazia as meninas o acompanharem com o olhar.

- E aí? - digo dando uma piscadela.

- Oi, Gabriela. - o Caíque acena.

- Você viu o Vítor?

- Ele ainda não chegou. Se você quiser eu peço para ele vir aqui.

- Não precisa, obrigada. - ela sorri.

- Gabizinha sempre tão fofa! - digo imitando sua fofura.

- E a amiga dela é tão ao contrário! - ele diz rindo.

- Engraçadinho!

- Deixa eu te falar antes que me esqueça. - ele fala mexendo nos meus inúmeros anéis que preenchiam meus dedos - Você quer ir comigo no ônibus? Vai, por favor.

- Deixa eu ver... Preciso olhar minha agenda. - digo rindo - Vou sim! Mas e a Alice?

- Não estou nem um pouco afim de ouvi-la falar sobre o quão difícil foi escolher suas inúmeras roupas em apenas uma mala. - ele fala sorrindo.

- Se é assim, então vamos! - e damos um toque com as mãos.

- Valeu, você é a melhor! - o popstar fala com um enorme sorriso e sai da sala.

   Eu o acompanho sair da sala de aula e vejo a professora de Literatura entrar.

- Gente, vocês que forem juntos com alunos de outra sala esperem do lado de fora do ônibus. - ela dizia - Organizadamente, entenderam?

   Finalmente iríamos...

- Agora se levantem com calma e me sigam!

   Nos levantamos e seguimos aquela mulher fofa em direção aos ônibus.

- Você é a melhor, Bia! - a Gabi cochichava imitando o Caíque.

- Para, ele nem sabe que eu gosto dele.

   O QUÊ?! EU NÃO DISSE NADA!

- O quê?

- Eu... Eu não sei como aquelas palavras surgiram aqui.

- Bia, já era! Você falou que gosta dele!

- Eu não disse isso.

- Disse sim! O Carlos vai saber disso! - ela ria muito de toda aquela situação.

- Chata!

   Paramos em frente aos vários ônibus super modernos que nos levariam para São Paulo enquanto o motorista colocava nossas malas no bagageiro. Sim, íamos para São Paulo.
   O sala do Carlos logo apareceu e eu já avistei o Caíque que vinha conversando com o Vítor. Com certeza ele era um menino muito estiloso. E mais uma vez eu estava fazendo uma análise sobre o estilo dele.

- Vamos, Bia? - ele dizia colocando as mãos no bolso do moletom, já que o frio de Porto Alegre era bem rigoroso.

- Oi, gente! - era o Carlos - Vamos Gabizinha?

- Tchau, Gabi. - o Vítor dá um baita de um beijo nela e se afasta.
- Que beijasso! - eu e o Carlos batemos palmas.

- Vamos, Beatriz Almeida! - o Caíque fala segurando minha mão e me puxando.

   Me pego olhando para sua mão segurando a minha e um leve sorriso surge em meu rosto.
   Olho para trás e vejo a Gabi cochichar algo no ouvido do Carlos, e ele imediatamente me olha erguendo uma das sobrancelhas. Era óbvio que ela tinha contado sobre o que eu disse - e não disse - agora há pouco. Ele faz um coração com as mãos e os dois riem. Olho com desdém para eles e mostro a língua, zoando.
   Eu e o Caíque entramos no ônibus e nos sentamos nas poltronas que ficavam no meio. Era horrível sentar na frente e tanto quanto sentar no fundo, que sempre iam os que adoravam colocar pasta de dente no rosto de um que dormia.

- Pode sentar na janela. - digo - Eu sei que você quer.

   Ele se senta e eu tiro a minha mini mochila das costas e tento colocar naquela prateleira que fica em cima. O que foi em vão, eu não alcançava.

- Deixa que eu coloco. - ele dizia rindo.

- Não precisa! - digo dando pulinhos para colocar a mochila.

- Deixa de ser orgulhosa, Beatriz!

- Não, eu consigo.

   Tentei jogar mas eu não dava conta, realmente para alguém com 1,47 m de altura era bem difícil. Aquele ônibus era super moderno e alto, era quase tão bom quanto viajar de avião. E mesmo com meus inúmeros esforços, não consegui colocar a bendita mochila.

- Está bem, você pode colocar, por favor? - digo.

   Ele começa a rir.

- Não tem graça, Caíque!

- É claro que não!

   Ele coloca minha mochila e se senta.

- Alunos, todos sentados e coloquem os cintos porque iremos sair agora! - dizia a professora.

   E lá vamos nós.

O Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora