Marquei o último "x" naquela última questão da última prova. Eram tantos últimos naquele dia, e lá vai mais um: era o último dia de aula do primeiro semestre.
Todos nós trabalhamos tanto nestes seis meses que se passaram, eram apresentações, provas, a peça... Nem acredito que finalmente passou, que cada um cumpriu a sua parte e que todo esforço e horas e mais horas depois do horário de aulas, foram recompensados. Agora iríamos para o acampamento descansar e ainda teríamos mais uma semana para aproveitarmos longe do pessoal do Absoluto. Realmente precisávamos daquilo.
Entreguei a minha prova e meus olhos foram direto para aquele relógio no centro da classe. Faltavam um minuto, apenas um minuto para eu poder ir para casa e não precisar acordar cedo no dia seguinte."... Senhores alunos, escutem com atenção o seguinte recado. E não, o sinal não irá tocar enquanto a sua querida diretora não terminar de dar o recado..."
Era bom demais para ser verdade. Aquele um minuto que restava demoraria alguns minutos a mais.
"... O professor que estiver na sua sala irá recolher os formulários para o acampamento e depois de amanhã nos encontraremos aqui no colégio para iniciarmos nosso passeio. E mais uma vez quero parabenizar cada um de vocês pela belíssima apresentação da peça. Agora sim vocês estão liberados. Boas férias!..."
Entregamos nosso formulário com a autorização e no instante em que o sinal tocou, todo nós gritamos de alegria e seguimos em direção à saída. Como era boa a sensação de não precisar se preocupar com escola nas semanas que viriam.
- Corram, meninas! - o Carlos dizia puxando nossos braços em direção à saída.
- Finalmente férias! - gritei enquanto corríamos por aqueles corredores.
Todos nós esbajávamos felicidade, era nítido na expressão de todos aqueles alunos que comemoravam as férias que começavam naquele instante. Se tivesse música e coreografia, viraria um musical no estilo High School Musical.
- Bia, você vai para o acampamento? - era o Caíque.
Pelo jeito ele tinha corrido também, pois sua respiração estava - quase - ofegante.
- Com certeza não perco um!
- Nos vemos lá então! - ele joga algumas mechas de cabelo que caíam sobre o olho para trás e sorri.
- Tchau.
O encarei até vê-lo se encontrar com os outros meninos da 5.1 e entrarem em um carro. Que bom que nos encontraríamos no acampamento.
- Já deu, Bia. - dizia o Carlos - Ele já está seco.
- Quê?
- Você estava secando ele.
- Eu não estava!
- Estava sim, Beatriz! - era a vez da Gabi me implicar - Assuma logo que você está começando a gostar dele.
Eu não sabia o que dizer naquele momento. Eu nem mesmo sabia se eu realmente gostava dele ou se de tanto eles falarem sobre isso, estava confundindo as coisas.
- Viu só? Não disse nada. - ele diz.
- Vocês... Vocês não tem mais nada para fazer não? - digo caminhando - Nós ainda vamos naquele café?- Vamos logo então, mas este assunto não acabou senhorita! - ela dizia com uma das sobrancelhas erguida.
Caminhamos naquele dia frio em Porto Alegre, até dava para ver o ar que saía da nossa boca. O dia estava nublado e ventava muito.
Desde sempre é assim. No último dia de aula do primeiro e do segundo semestre nós três sempre comemoramos o início das férias em algum restaurante. Comemos uma boa comida e ficamos conversando por horas e horas seguidas.- Gente, aqui é uma gracinha. - a Gabi diz.
Era um típico café estadunidense, um cômodo nada muito grande, com sofás e cadeiras e perto de várias estantes com livros nas paredes. Na verdade, não se via as paredes porque elas eram cobertas pelas inúmeras prateleiras de livros. E dava para ver a rua pois na entrada existiam grandes janelas.
Escolhemos um belo sofá retrô no canto daquele café e cada um fez seu pedido desejando que ele chegasse o mais rápido possível, pois o cheiro de pães era bem explícito ali.- Gente, não me deixe esquecer deste lugar. - digo bebendo meu café com leite - É maravilhoso!
- Concordo! - nosso amigo diz.
- Gente, nós vamos comprar algumas coisas para o acampamento amanhã?
- É óbvio que sim, Gabriela Sampaio!
- Bia... Bia... Sempre tão educada, não é mesmo? - ela fingia estar magoada.
- Sempre. - digo rindo.
- Mas falando sério, nós vamos, não é? Preciso comprar repelente.
- E que seja depois do almoço, porque eu não sou obrigada a acordar cedo em plena férias!
- A Bia fala isso aí amanhã ela acorda às sete da manhã! - ele diz rindo.
- Engraçadinho!
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O Som do Coração
Novela Juvenil"O que você faria se um popstar se tornasse seu melhor amigo?" "E se você se apaixonasse por alguém que te vê apenas como uma garota que vive precisando ser salva?" Esta é a história de Beatriz, uma garota comum que vê sua vida mudar a partir do...