Acordei com o barulho insuportável do despertador. Por que inventaram isso? Eu sei o porquê. Mas por quê?
Tomei um rápido banho e me lembrei do quanto meu cabelo estava macio.- Bom dia, Bia! - minha mãe diz colocando cereal em uma tigela.
- Bom dia, super mãe! - digo me sentando.
- Essa eu nunca tinha ouvido.
- Eu acabei de inventar. Esse cereal de bolinhas de chocolate lembram o cocô do Jubileu. - digo colocando uma colher cheia na boca.
Jubileu era o meu coelho de estimação que infelizmente morreu de velhice há dois anos.
- Você não tem respeito pelos que já morreram não, Bia? - ela diz se sentando.
- Eu não estou desrespeitando o Jubileu! Mas que parece, isso eu tenho razão, não tenho? - digo rindo.
- Tem sim. - ela ri também e olha para o seu relógio - Bia do céu! Faltam cinco minutos para a sua aula começar!
- O quê?! - digo me levantando. Eu não podia chegar atrasada justo no primeiro dia de aula - Vamos então!
Até que ela começa a rir, não, dar gargalhadas, isso sim.
- Qual é a graça? - digo desconfiada.
- Foi ótima a sua reação. - diz enxugando as lágrimas que escorriam pelo canto do olho - Ainda faltam vinte minutos, Bia.
- Eu não acredito que você fez isso! - digo me sentando - Eu quase morri do coração, dona Camila!
- Foi ótimo! Mas se você não comer isso logo, a minha brincadeira vai virar verdade. - ela diz colocando a tigela na pia.
Nos dias que tínhamos aula, um dia era a minha mãe que levava eu e a Gabi para a escola, e no outro era o pai dela que nos levava. E hoje era a minha mãe.
Era sempre assim, minha mãe passava na casa da Gabi e a cada dia uma de nós escolhia uma música e íamos cantando até a escola.- Bom dia, pessoas! - a Gabi diz entrando no carro.
- Como hoje é o primeiro dia de aula de vocês, é claro que eu que irei escolher a música. - minha mãe diz se gabando.
- Mas é humilde esta pessoa, não é mesmo? - digo.
E de repente o som das nossas vozes é interrompido com o som da música "Mulher de Fases". E cantamos a letra inteira até chegarmos em nosso destino.
Eu acabara de fechar a porta do carro e ia me virar quando minha mãe assovia.- Bia, hoje eu vou ficar até tarde na galeria, está bem? - ela diz pegando algo em sua bolsa - Aqui. - ela joga um pacote com balas - Para dar boa sorte!
- Tchau, mãe!
Gabi e eu ficamos frente a frente com a entrada do colégio, era um novo ano e eu esperava de verdade que coisas boas acontecessem.
- E lá vamos nós para o segundo ano do ensino médio, Bia. - ela diz sorrindo.
- Esse ano vai ser maravilhoso, eu tenho certeza! - sorri de volta e entramos com o pé direito dentro do prédio.
Olhamos as listas das salas e Gabi e eu estávamos na mesma sala - como sempre. Os corredores estavam lotados de alunos se abraçando, rindo é tinha gente até se beijando.
- A escola está mais tumultuada do que o normal, reparou? - a Gabi diz colocando sua mochila na terceira mesa e eu na sua frente.
- Também reparei nisso. Venha, vamos lá para o pátio enquanto o sinal não toca. - digo indo em direção a porta quando o sinal toca - É, pelo jeito o destino não está a meu favor.
E logo entrou na sala um professor ruivo com olhar sério.
- Bom dia, turma! Espero que tenham aproveitado as férias porque para este ano vocês precisarão estar bem descansados. - ele ri - Eu sou o Leonardo, professor de Física. Sejam bem vindos ao segundo colegial!
A aula foi interrompida com alguém batendo na porta.
- Com licença professor Leonardo. - disse a diretora - Posso ter cinco minutos da sua aula, por favor?
Por que ela pergunta isso? É óbvio que ninguém vai ser tão corajoso ao ponto de dizer: "Não, você não pode! E vá embora daqui!"
- Claro!
- Sejam bem vindos a mais um ano letivo, alunos! O inspetor irá entregar a agenda de vocês e todas as apostilas que usarão neste semestre. Assim como todo ano eu digo, este ano não será diferente: Perdeu a apostila a mensalidade do mês aumentará mais R$ 150,00, estamos combinados? Eu acho que sim! - ela diz sorrindo falsamente - Beatriz Almeida? Eu espero que não tenhamos problemas este ano. - e saiu.
É sério que ela ainda lembra disso? Ano passado eu deixei meu despertador ligado sem querer e ele tocou uma música de Heavy Metal no último volume exatamente quando a própria estava na sala. Depois disso ela vive pegando no meu pé.
Depois de alguns horários o sinal tocou: era o intervalo.- Carlos! - digo dando um super abraço no meu amigo.
- Que saudade que eu estava de vocês, meninas! - ele diz nos levando para a fila do barzinho.
- E as novidades? - Gabi diz dando um gole de água.
- Adivinha quem passou o réveillon na praia e aos beijos com um cara super maromba? - ele diz pagando seu lanche para a mulher - Eu mesmo! Foi maravilhoso! A partir de agora decidi que só fico com caras mais velhos.
Gabi e eu pegamos uma barra de cereal e o acompanhamos até uma mesa.- Sabe quem está na minha sala? - ele diz.
- Quem?
- O gostoso do Lucas Giviolli! - ele diz fazendo uma cara de prazer - É uma pena que é o nosso último ano aqui.
- Falando nele... - e contei o que aconteceu.
- Você vai devolver a blusa dele, não é?
- Ei, eu não sou ladra!
- Ô toupeira! Eu estou falando para você ir conversar com ele!
- Ele tem razão, Bia! Aproveita e vai agora - ela diz olhando para a blusa dele amarrada em minha cintura e desvia o olhar para algo atrás de mim - Essa é a sua chance, ele está logo ali.
Virei minha cabeça e olhei para aquele garoto incrivelmente gato.
Essa era a minha chance.
|•|
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Som do Coração
Novela Juvenil"O que você faria se um popstar se tornasse seu melhor amigo?" "E se você se apaixonasse por alguém que te vê apenas como uma garota que vive precisando ser salva?" Esta é a história de Beatriz, uma garota comum que vê sua vida mudar a partir do...