O resto do domingo tinha sido "arco íris e unicórnios". Minha mãe estava feliz, o Ricardo estava feliz e eu também estava feliz com tudo o que estava acontecendo. E finalmente eu teria uma coisa a menos para me preocupar, a Operação Cupido estava concluída e agora eu poderia focar minha atenção na peça e em beijar o Lucas até o final do ano, já que era o seu último ano no Absoluto (e o do Carlos também).
- Tchau, mãe! - digo acenando.
- Tchau, Bia!
Entrei no carro do pai da Gabi e dessa vez ele não nos deu barrinhas de cereal. Eu me pergunto o que se passava na cabeça dele naquele dia, já que ele costumava ser bastante sério. Eu disse sério, não mal humorado.
- Tchau, meninas! Boa aula! - e foi-se.
Enquanto minha mãe era super moderna e doida com gostos para coisas coloridas e chamativas, os pais da Gabi eram mais tradicionais, do tipo que eram advogados e gostavam de tudo em ordem e de coisas sociais. Mas mesmo com tantas diferenças, nossos pais se davam super bem.
- Oi, meninas! - diz o Carlos vindo em nossa direção - Advinha quem demorou para dormir com dor na orelha?
- Eu! - nós três levantamos nossas mãos.
- Tenho que contar algo para vocês... - tentei dizer mas o sinal para o início das aulas tocara - Depois eu digo.
E fomos para nossas respectivas salas. Era difícil imaginar eu e a Gabi sem o Carlos no ano que vem, sem o ver praticamente todos os dias. Seria estranho não o encontrar no recreio e não ficar sabendo de alguma fofoca do terceiro ano ou de um menino que ele ficou no final de semana. Seria estranho não ver o Caíque também, por mais que a gente se conheça há poucos meses é como se eu o conhecesse há muito tempo, eu sentiria falta de o ver no Absoluto também.
- Bom dia, turma! - dizia o professor de Educação Física - Vamos para os vestiários?
Eu não gostava nem um pouco de ter aulas na piscina do colégio. Mesmo ela sendo coberta e aquecida, a ideia de ter vários adolescentes numa mesma piscina e que a qualquer momento algum deles poderiam fazer xixi para sacanear o restante me dava calafrios, mas infelizmente era obrigatório e eu fazia o possível para afastar aqueles pensamentos da minha mente.
- Turma, mais uma vez eu quero parabenizar os alunos que competiram nas regionais e que fizeram o Absoluto conquistar mais uma etapa. Palmas para todos! - e aplaudimos - Hoje iremos jogar com uma turma do terceiro, então todos já para a ducha para começarmos o jogo!
Era a turma do Carlos e do Caíque.
- Bia, olha o tanquinho do Vítor! - ela cochichava boquiaberta.
- Mas você não o viu sem camisa aquele dia no clube?
- Eu não me lembrava, isso foi há tanto tempo!
O apitou tocou e o jogo começou. Eu era a pior pessoa do mundo para jogar vôlei e toda vez que a bola vinha em minha direção, a Gabi entrava na minha frente e rebatia a bola - era algo que combinávamos - para que eu não prejudicasse o time. E isso sempre funcionava, enquanto a Gabi estivesse por perto eu não precisaria encostar naquela bola.
- Fim de jogo! - o professor apita - A turma do segundo ano ganhou de 22x20! Como ainda falta algum tempo, quem quiser continuar na piscina pode.Aproveitei minha chance e saí daquela piscina o mais rápido possível. E é óbvio que a Gabi continuaria jogando e o Carlos também, já que ele adorava mostrar seu corpo sarado para os outros. Pelo menos os meninos usavam uma sunga normal, já as meninas usavam um maiô horrível, não era como aqueles do Instagram. Era um azul marinho e uma touca da mesma cor.
Tirei aquela touca horrorosa bem rápido e me sentei nas cadeiras em frente à piscina.- Oi, garota do hospital! - o Caíque se senta ao meu lado.
Uau, que corpo!
O quê? Não, Beatriz! Mas ele realmente tinha o abdômen definido e músculos, no entanto não era nada muito "artificial". Aparentavam ser naturais, do tipo "já nasci assim".
- E aí? O que tem para me contar?
- É mesmo. - ele me olha dos pés à cabeça - Eu queria falar que...
Lembra da Beatriz do Azar? Não deu tempo de o Caíque terminar a frase, apenas senti minha cabeça indo para trás e um forte impacto no meu nariz, o que me fez cair ao chão.
- Você está bem? - ele diz me ajudando a levantar.
Meu nariz doía. Levar uma bolada não era nada agradável, até tonta eu me sentia. Eu já ia dizer que estava tudo bem, mas senti algo escorrer.
Era sangue.
|•|
Fui levada à enfermaria e uma gase teria de ficar em meu nariz, pelo menos enquanto ele não parasse de sangrar. Era horrível, era feio. Pelo menos não doía e eu teria de ficar aqui enquanto o recreio acontecia, aí ninguém me veria com o nariz vermelho.
- Senhorita Beatriz? - era um dos seguranças da escola - Por favor me acompanhe.
Por sorte eu já não estava mais com aquele maiô feio. Segui o segurança até a diretoria. O que eu tinha feito?
- Beatriz, temos que conversar. - diz a diretora com um olhar sério.
Ai, Deus!
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O Som do Coração
Roman pour Adolescents"O que você faria se um popstar se tornasse seu melhor amigo?" "E se você se apaixonasse por alguém que te vê apenas como uma garota que vive precisando ser salva?" Esta é a história de Beatriz, uma garota comum que vê sua vida mudar a partir do...