Capítulo 65 - Um acidente acontece em meio à gincana.

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   E pela primeira vez todos concordaram com o plano. Eu e o Caíque ficaríamos responsáveis por pegar a bandeira - já que ele corria rápido e eu conhecia o acampamento - o Lucas estaria com uma das armas de paintball para nos proteger, a Alice e o Breno iriam distrair e dois meninos ficariam com as armas na base da nossa bandeira para proteger a mesma.

- Então vamos logo! - diz o Lucas se levantando - Cada um segue o que foi planejado, pelo amor de Deus!

   Começamos a correr em direção a bandeira mas ao mesmo tempo tomávamos cuidado para não sermos vistos.
   Mesmo que eu tivesse minhas diferenças com eles, todos estavam seguindo o plano, o que era ótimo. Nada de imprevistos. O Breno e a Alice iriam distrair o pessoal que estivesse com armas, eu e o Caíque iríamos pegar a bandeira enquanto o Lucas nos protegeria de qualquer um que ousasse se aproximar.
   E depois de muito correr, vimos um menino e uma menina com armas olhando para todos os lados.

- Vão. - o Caíque cochicha e a Alice e o Breno saem correndo atraindo a atenção dos que estavam de vigia.

- Vamos agora! - o Lucas diz e começamos a correr.

   A adrenalina estava a todo vapor. É como se tudo aquilo fosse de verdade.
  Corri em direção ao monte que ficava a bandeira e ninguém havia nos visto. Mas nem tudo dura para sempre. Quando atravessamos o córrego - que dava para o rio - nossas pisadas na água fizeram barulho e um dos vigias nos viram e por pouco não fui acertada.

- Se escondam! - grito.

   Me jogo atrás de uma grande pedra e fico quietinha até que seja seguro voltar a correr.
   Os meninos também conseguiram se salvar e estão atrás das árvores. Olho para o Lucas que dá um sinal para que a gente espere. O mesmo sai detrás da árvore gritando e atira no menino em cima do monte, só que ele também é atingido e os dois estão fora da gincana.

- Vamos. - o Caíque diz.

   A gente corre em direção ao monte que ficava ao lado do grande rio e por incrível que pareça não tinha ninguém para nos impedir. É isso, vamos ganhar!
   Quando vou pegar a bandeira e tocar a buzina sinto um empurrão nas minhas costas e me vejo caindo no rio.

- Eu quem vou pegar a bandeira, Beatriz!

- Bia! - o Caíque tenta me segurar mas acaba caindo também.

   Tinha sido a Alice.

- Você está bem? - ele diz tirando tirando alguns fios que caíam sobre meu rosto.

- Pegue a bandeira, Alice! - grito.

- Solte meu namorado agora, Beatriz! Se não eu vou te bater!

- Alice aperte a buzina! - nós gritamos.

   Ela pula no rio com a intenção de fazer o quê eu não sabia. O que ela tinha feito? Para quê tudo aquilo?
   Olhamos para cima e vejo o Breno correndo em direção à bandeira, mas foi em vão.

   A buzina é tocada. E nós perdemos.

   Alice...

- É tudo culpa sua, garota! - grito com ela que surge após o pulo.

- Meu tornozelo! - ela grita.

- O quê? - digo.

- Caíque, me ajude! Meu tornozelo está doendo muito!

   Ele a pega no colo tirando-na da água.

- Acho que eu quebrei! - ela chorava.

   Que fresca!

- É melhor levá-la para a enfermaria. - digo impaciente.

   Eu não acreditava que ela tinha feito tudo aquilo. Perdemos por causa dela e agora a louca da menina provavelmente torceu o tornozelo por causa da sua imaturidade.
   Ficamos o caminho inteiro em silêncio, no entanto, foi o prazo de chegarmos na linha de partida - onde todos estavam - que a Alice começou a gritar de dor. Deus, tudo isso era para chamar a atenção?!

- O que aconteceu? - diz a Gabi e o Carlos.

- Nem te conto. - digo.

                           |•|

   Depois do jantar fomos para a fogueira comer marshmallows e ouvir histórias de terror. Sempre fazíamos isso e era muito bom. É óbvio que sempre tinham aquelas que adoravam chamar atenção e fingiam estar morrendo de medo só para surgir algum menino e "protegê-las". Como se fosse surgir algum monstro e nos atacar.
   O resto do dia a Alice ficou com o tornozelo enfaixado e descobrimos que foi apenas uma torção, ou seja, não precisava daquele escândalo todo. E mais uma vez a Alice provou que adora ser o centro das atenções. Que tolice. O Caíque tinha passado o dia com ela enquanto a ouvia se queixar sobre o quão injusta era a vida por tê-la feito se machucar. Eu tinha dó dele por ter que ouvi-la falar.
   E naquele momento comecei a pensar em como o Caíque era uma boa pessoa: mesmo com todas as frescuras da Alice, ele ficou ao lado dela para ajudá-la; ele me defendeu do machismo do Lucas e ainda levou uma suspensão por minha culpa; ele enfrentou o professor de Física e provou que a minha nota estava errada; ele me visitou no hospital quando caí da escada sem nem me conhecer direito e ainda pediu desculpas sem nem ter culpa de nada. Ele era alguém incrível e que estava sempre disposto a ajudar os outros mesmo que não fosse tão favorável para ele. E a partir daquele momento percebi que sim, eu gostava dele mais do que amigos. Eu queria poder beijá-lo outra vez e dizer que queria repetir mais outras vezes. Queria poder observá-lo jogar o cabelo para trás quando algumas mechas caíam sobre uma parte do olho e queria vê-lo sorrir e mostrar seus belos dentes.

   Caíque, eu gostava mesmo de você.

  

O Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora