Capítulo 43 - Uma troca de socos por minha culpa.

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- Você enlouqueceu? - ele dizia muito bravo.

   Ele estava muito bravo. Era como se eu tivesse chutado suas partes íntimas. Não gostou do beijo? O.k. Mas para que tanto escândalo?

- Ei, calma! Foi só um beijo!

- Não foi só um beijo! Vou deixar uma coisa muito clara por aqui: eu não gosto nem um pouco de você, Beatriz! Quer que eu diga de novo? Eu não gosto de você! - gritou.

   O.k. O beijo foi uma péssima ideia. Mas precisava de tanta gritaria? Ele podia ter dito para eu não fazer isso mais e pronto. Sem escândalos, por favor.

- Para mim você não passa de uma garotinha mimada que adora se fingir de coitada!

   Ele não querer que eu o beije é uma coisa e eu posso perfeitamente entender mas começar a me ofender já era demais. Quem ele pensa que é?

- Você ficou louco de falar assim comigo? - digo o empurrando.

- Acho que foi você quem ficou! Beatriz meio palmo me empurrando? Não faz nem cócegas! - ele ri.

- Seu idiota! - grito.

   Eu já ia começar a esmurrar cada parte do rosto daquele cretino quando o Caíque me segura pela cintura.

- O que está acontecendo aqui? - ele diz.

- A sua amiguinha não consegue aceitar que alguém como eu nunca fica com gente como ela.

- Mentiroso! - grito.

- Ei, calma!

- Me solte Caíque! - digo me debatendo - Quando eu me soltar daqui você nunca mais vai me chamar de Beatriz meio palmo de novo, seu verme!

- Aceite que dói menos, Beatriz! Você nunca terá chances comigo! Para ser sincero, a única coisa que não é tão ruim e que serve para o gasto, é essa sua bunda. Não é grande coisa mas te comer não seria nada mau!

   Vai para o inferno!

   Eu já ia juntar todas as minhas forças para me soltar dos braços fortes do Caíque e espancar o Lucas quando vejo que estou livre. Ou eu era muito forte ou eu não sabia o que estava acontecendo.
   De repente, olho para o chão e vejo o Caíque em cima do Lucas, o esmurrando.

- Ei, espera! - digo tentando afastar aqueles dois - Caíque, saia daí agora! Caíque, pare!

    Muitas meninas - principalmente - devem ter o desejo de ver dois meninos brigando por sua causa e imaginam ser o máximo. Mas a verdade é que é a pior sensação, ver duas pessoas se machucando por sua culpa é deprimente.

- O que é isso?! - diz um segurança do Absoluto - Todos para diretoria!

   Eu já ia para a diretoria juntamente com os garotos quando o segurança me interrompe.

- A senhorita não! - ele coloca o braço em minha frente.

- Mas isso tudo é culpa minha!

- Eu sei que você quer ajudá-los, mas quem estava brigando eram eles!

- Mas... - eu tentava dizer.

- Mas nada! Agora vá para casa!

- Eu não posso deixá-lo ir!

- Senhorita, vá para casa agora! - ele diz aumentando o tom de voz.

   Caíque, eu sinto muito.

   Tentei ir em direção ao Caíque e pedir desculpas por tudo isso mas foi em vão, o segurança me proibiu. Será que o meu amigo pensaria mal de mim? Olhei mais uma vez para aqueles três e o vi sorrir em minha direção. Eu espero que ele me perdoe.

                        |•|

   Eu estava deprimida. Ver aqueles dois lutando por minha culpa era uma sensação horrível. Desejo do fundo do meu coração que este tipo de situação nunca mais aconteça comigo. Era minha culpa. Eu beijei o idiota do Lucas. Eu que pedi para o Caíque me soltar. Eu que não fui persistente o bastante para convencer o segurança. Eu quem fiz o Caíque ir para a diretoria. Tudo culpa minha. Parabéns, Beatriz. Agora a Beatriz do Azar não era somente eu me machucando ou caindo em algum lugar público, mas a minha presença afetava aos outros também.
   Será que o Lucas tinha razão? Será que eu era uma garota mimada que fazia de tudo para chamar a atenção de todos? Será que eu era uma garotinha que precisava ser salva a todo instante? Dizem que um olhar de fora é melhor, que quem está assistindo consegue ver mais do que aquele que está vivendo... Será que eu era tudo isso que ele disse? Se eu realmente fosse, por que meus amigos nunca me disseram nada? Eram tantos pensamentos confusos que multiplicavam minhas dúvidas, que quando vi, uma lágrima escorreu de um dos olhos.

   Uou, Beatriz chorando?

   Deitei minha cabeça naquele travesseiro e fechei os olhos, era o melhor que eu poderia fazer naquele momento. Fechar os olhos e esvaziar a mente de todas aquelas perguntas sem respostas para aquele instante.

O Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora