A campainha toca. Quem deveria ser? Ou era um dos meus melhores amigos ou alguém do próprio prédio, já que o interfone não tinha tocado para anunciar a pessoa. Desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha para ouvir quem era. Sim, eu ouvia atrás da porta. E pela primeira vez agradeci pelo meu banheiro não ser no meu quarto.
- Camila.
Eu conhecia aquela voz. Não podia ser... O que ele veio fazer aqui? Sim, era o meu pai.
Coloquei o ouvido na porta para ouvir com mais facilidade.- P-paulo? O que você está fazendo aqui? - era a minha mãe.
- E você... Como se chama mesmo?Quem ele pensava que era para destratar o Ricardo?
- Se você veio aqui para falar do Ricardo pode ir embora agora!
- Não, eu não vim falar dele. Vim falar da Beatriz.
De mim?!
- Eu quero que ela venha morar comigo.
O QUÊ?!
Ouço minha mãe rir.
- Você está brincando, não é mesmo? Você nem se importa mais com ela!
- Mas eu posso dar uma vida melhor! O que ela vai ter vivendo nesse apartamento... Colorido. A mãe é uma pintora que fica o dia inteiro fora e nem cozinha e o namorado é um entregador de comida. - ele continou - Eu pesquisei sobre você!
- Já chega Paulo! Você não vir na minha casa para nos humilhar! E é melhor ser eu do que você, porque tu não passas de um rico metido a besta! - ela gritava - Saia daqui agora!
Gente, o que acabou de acontecer aqui? Ele não me amava mais mas queria que eu fosse morar com ele, e ainda por cima humilhava minha mãe e o Ricardo. Realmente ele era alguém que eu não conseguia reconhecer.
Coloquei a roupa o mais rápido possível e encontrei minha mãe sentada no sofá bastante desanimada enquanto o seu namorado a consoloava.Eu fingia ou não que sabia da conversa?
Eu sinceramente não fazia ideia se dizia à ela que ouvi a conversa dela com o Paulo ou fingia que não ouvi nada e perguntaria o que ela tinha.
- Mãe?
- Bia! - ela tentou disfarçar - Venha, vamos comer antes que esfrie.
Decidi não tocar no assunto naquele momento, mas eu também não mentiria para fingir que não sabia de nada. É só que aquele não era a melhor hora para relembrar de coisas ruins. Sim, com toda a certeza a vinda do Paulo - eu não queria mais chamá-lo de pai - foi uma péssima ideia da parte dele. Ele apenas causou tristeza naquele apartamento colorido.
- Eu vou querer dois pedaços! - o Ricardo diz.
- É isso aí! - digo rindo - Pode se soltar porque a casa é sua.
E pela primeira vez depois daquela visita nada agradável, a dona Camila riu.
- Eu estou feliz que tu estejas aqui conosco. - ela diz o encarando fixamente, segurando uma de suas mãos.
- Eu também. - e deram um celinho.
- Que coisa mais romantiquinha, não é mesmo? - digo sarcástica.
E por um momento, todos nós esquecemos dos problemas do dia a dia e nos concentramos apenas em aproveitar aquela ocasião. Podíamos não estar em um restaurante cinco estrelas, com trajes de gala e bebendo vinho de 1867, mas com certeza aquele era um dos momentos que menor que fosse, era especial. E para mim, aquilo era muito especial.
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O Som do Coração
Teen Fiction"O que você faria se um popstar se tornasse seu melhor amigo?" "E se você se apaixonasse por alguém que te vê apenas como uma garota que vive precisando ser salva?" Esta é a história de Beatriz, uma garota comum que vê sua vida mudar a partir do...