Capítulo 59 - Uma visita nada agradável.

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   A campainha toca. Quem deveria ser? Ou era um dos meus melhores amigos ou alguém do próprio prédio, já que o interfone não tinha tocado para anunciar a pessoa. Desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha para ouvir quem era. Sim, eu ouvia atrás da porta. E pela primeira vez agradeci pelo meu banheiro não ser no meu quarto.

- Camila.

   Eu conhecia aquela voz. Não podia ser... O que ele veio fazer aqui? Sim, era o meu pai.
   Coloquei o ouvido na porta para ouvir com mais facilidade.

- P-paulo? O que você está fazendo aqui? - era a minha mãe.
- E você... Como se chama mesmo?

   Quem ele pensava que era para destratar o Ricardo?

- Se você veio aqui para falar do Ricardo pode ir embora agora!

- Não, eu não vim falar dele. Vim falar da Beatriz.

   De mim?!

- Eu quero que ela venha morar comigo.

   O QUÊ?!

   Ouço minha mãe rir.

- Você está brincando, não é mesmo? Você nem se importa mais com ela!

- Mas eu posso dar uma vida melhor! O que ela vai ter vivendo nesse apartamento... Colorido. A mãe é uma pintora que fica o dia inteiro fora e nem cozinha e o namorado é um entregador de comida. - ele continou - Eu pesquisei sobre você!

- Já chega Paulo! Você não vir na minha casa para nos humilhar! E é melhor ser eu do que você, porque tu não passas de um rico metido a besta! - ela gritava - Saia daqui agora!

   Gente, o que acabou de acontecer aqui? Ele não me amava mais mas queria que eu fosse morar com ele, e ainda por cima humilhava minha mãe e o Ricardo. Realmente ele era alguém que eu não conseguia reconhecer. 
   Coloquei a roupa o mais rápido possível e encontrei minha mãe sentada no sofá bastante desanimada enquanto o seu namorado a consoloava.

   Eu fingia ou não que sabia da conversa?

   Eu sinceramente não fazia ideia se dizia à ela que ouvi a conversa dela com o Paulo ou fingia que não ouvi nada e perguntaria o que ela tinha.

- Mãe?

- Bia! - ela tentou disfarçar - Venha, vamos comer antes que esfrie.

   Decidi não tocar no assunto naquele momento, mas eu também não mentiria para fingir que não sabia de nada. É só que aquele não era a melhor hora para relembrar de coisas ruins. Sim, com toda a certeza a vinda do Paulo - eu não queria mais chamá-lo de pai - foi uma péssima ideia da parte dele. Ele apenas causou tristeza naquele apartamento colorido.

- Eu vou querer dois pedaços! - o Ricardo diz.

- É isso aí! - digo rindo - Pode se soltar porque a casa é sua.

   E pela primeira vez depois daquela visita nada agradável, a dona Camila riu.

- Eu estou feliz que tu estejas aqui conosco. - ela diz o encarando fixamente, segurando uma de suas mãos.

- Eu também. - e deram um celinho.

- Que coisa mais romantiquinha, não é mesmo? - digo sarcástica.

   E por um momento, todos nós esquecemos dos problemas do dia a dia e nos concentramos apenas em aproveitar aquela ocasião. Podíamos não estar em um restaurante cinco estrelas, com trajes de gala e bebendo vinho de 1867, mas com certeza aquele era um dos momentos que menor que fosse, era especial. E para mim, aquilo era muito especial.

                         

  

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