Arthur
Chegamos na casa da vó e um guri estranho estava lá, abraçou minha vó e ela deu sua benção, então ele colocou uma mochila nas costas e caminhou em direção a porta, acenou com a cabeça pra mim e se foi.
—Bah vó, quem era esse loco?
—Ah esse é o luca, tá parando aqui em casa. –A olhei incrédulo e ela me abraçou. —Bem-vindo meu guri. –Ela beijou meu rosto e abraçou Diana. —Que saudade minha linda.
—Ah, de mim não tava com saudade né? –Disse sentindo-me um tanto incomodado pelo fato de minha vó dar mais atenção a Diana.
—Bah, guri tu pare de reinar. –Minha vó disse sentando com Diana, me sentei no sofá da frente e encarei a senhorinha de cabelos alvos como a neve em minha frente.
—Vó porque esse loco tá parando aqui? Quem é ele? O que faz? Quem são sua família?
—Bah doutor Ceccato, isso é uma investigação? –Minha vó disse bem-humorada e gritou para a marta que estava na cozinha. —Martinha, prepare aquele chimarrão. –Olhei pra Diana e ela estava com aquela cara desesperada, ela odeia chimarrão, já tentei colocar na cabeça dela que é a melhor coisa da vida, mas ela não gosta diz que é amargo, só que ela não quer dar desfeita pra vó e acaba tomando.
—Não dona Elsa isso não é uma investigação. Mas bah, tu conhece ele pra ir colocando dentro de casa?
—Arthur, ele é um guri bom, é paulista, tem canal no Youtube sobre a cultura do Brasil e está aqui para gravar para o canal dele sobre os festejos farroupilhas.
—Ah e tu colocou ele dentro da tua casa? Vó tu nem conhece o guri, tchê. Mas me caiu os butiá do bolso, pior né até benção tu tá dando pra ele, qual foi o dia que tu me deu a benção e fez sinalzinho de cruz na minha testa? –Estava muito indignado com isso e Talita brotou do chão para me infernizar.
—Claro tu era um capeta, como que a vó ia te dar a benção. –Ela gargalhou e eu a fulminei com o olhar. —DIANAAAAA. –Ela gritou e abraçou Diana e começaram a pular.
—CARALHO DIANA, PARA DE PULAR PORRA, TU SABE QUE NÃO PODE. –Minha vó fez cara feia.
—Mas que coisa feia guri, olha essa boca suja. –Ela disse levantando e me batendo.
—Aieeeee vó, bah tá me machucando. –Ela continuou a me dar tapas na cabeça e a me dar puxões de orelha. Tá vendo? Para o vivente Paulista ela dá sua benção e pra mim só pancada. Fico abichornado¹ com um caralho desse.
—Bah, mas espera só um pouquinho aí, porque a Diana não pode pular? –Talita disse com os zóio² arregalado. Diana procurou meu olhar e eu sorri pra ela, então segurou as mãos de vovó e Talita e abriu um sorriso lindo.
—Descobrimos que estou esperando mais um filho. –Talita lagrimou os zóio e deu um pulo.
—Bah Diana que coisa mais linda, tchê. Arthur, mas tu gosta de fazer filho, né jaguara.
—To seguindo o que a bíblia diz, sede, pois, fecundos e multiplicai-vos, e espalhai-vos sobre a terra abundantemente.
—Bah, um pregador assim, vivente. –Talita disse arrancando gargalhadas de minha vó e de Diana.
—Arthur agora é homem de Deus, não perde missa.
—Por causa das guria Diana, quantas vezes tenho que te falar isso?
—Vó, ele não admite, mas daqui uns dias vai estar ministrando a hóstia. –Diana me zoou, Talita gargalhou e eu inflei as bochechas de raiva e mudei o assunto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
UNIÃO PERIGOSA
RomanceArthur Ceccato, 34 anos, Gaúcho, com endereço em São Paulo, solteiro, PhD em direito, atua como delegado Civil na Grande São Paulo. Conhecido por sua supremacia em investigações em todo Brasil, vem sido observado a tempos pelo chefe da secretaria de...