Capítulo Sessenta e Seis - Soa tão bem...

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Capítulo Sessenta e Seis — Soa tão bem...

Adam Beaumont

— Você tem certeza de que não quer levar nada para comer na viagem? Tem certeza de que não vai ficar com fome? — Mamãe questiona ao me assistir fechar a mala.

— Não preciso de nada, mamãe, obrigado. — Eu ajusto o tamanho da alça da mochila, uma ótima distração para me impedir de ver os olhos chorosos e preocupados dela. — Eles oferecem comida lá no avião; não corro o risco de passar fome. — Eu a tranquilizo, já com todas as três malas organizadas.

— Ainda mais na primeira classe. — Vincent comenta com enorme animação. — Deve ser muito legal... Um pessoal lá no hotel sempre fala que tomou champanhe e vinho no avião, e que comeu um tanto de comida de gente fresca.

— É, eles oferecem um tanto de coisa. — Eu confirmo, tentando não parecer deslumbrado, e vejo com atenção os olhos da Fleur brilharem.

— Você bem que podia levar a gente pra andar de avião um dia desses... A Alice convidou a gente pra ir lá na casa dela. Vamos? — Ela pede, ansiedade transbordando dos seus poros.

Como se andar de avião fosse simples assim... Como se uma viagem fosse simples assim.

E sem falar que a passagem de primeira classe é graças à Alice e às suas milhas acumuladas, suficientes para a troca de algumas passagens.

De relance eu vejo minha mãe ficar tensa e o seu sorriso vacila.

— Nós não temos condições para uma viagem dessas, querida. — Diz ela, a voz denunciando o seu desconforto.

Para nós seria quase fácil organizar a ida de todos para a Alemanha, nas férias. Nada que umas passagens da classe econômica parceladas não resolvessem, afinal, a Alemanha não fica tão distante, e eles todos poderiam ficar na minha casa, ou no imenso apartamento de Alice, já que ela, certamente, convidaria todos eles para ficarem lá. Eu só não sei o motivo de mamãe se portar tão resistente quando o assunto "ida à Alemanha" é abordado.

— A gente pode ficar na casa do Adam. — Phillipe insiste, e todos nós concordamos com a cabeça, verdadeiramente ansiosos para que ela ceda e concorde com a ida deles para lá, nem que seja algo breve no próximo feriado ou férias.

Mamãe balança a cabeça.

— A casa dele é pequena; não irá caber todo mundo. — Ela rebate, tentando manter a postura tranquila.

— Ai, mamãe, a nossa casa também é pequena e cabe todo mundo. — Fleur bufa.

— É verdade. — Allain pontua. — E a casa da Alice é bem grande, ela disse; disse também que a gente pode ficar lá.

— Parece um castelo! — Marion acrescenta, animada como nunca antes.

Há dias, todos se juntaram para tentar convencer a matriarca dos Beaumont a aceitar a viagem. Ela ainda se mostra impassível.

— A casa dela tem um quarto para cada um daqui e ainda sobra. — Eu confirmo, com tanta vontade quanto eles. — Alice iria adorar receber todo mundo lá, já até fez o convite para vocês.

Mamãe cora dos pés à cabeça, seu desconforto aumentando a cada palavra dita pelos seus filhos. Ao que parece, cada palavra é um duro golpe na barreira que a impede de ceder.

— A gente já aceitou... Todo mundo já aceitou, menos a mamãe. — Marion rosna, irritada ao se dar conta do ocorrido.

— A maioria vence! — Vincent grita, os braços erguidos acima da cabeça funcionando combustível para os gritos de guerra das crianças.

Efeito AliceOnde histórias criam vida. Descubra agora