Capítulo Setenta e Sete - Quebrado

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Capítulo Setenta e Sete - Quebrado

Adam Beaumont

Há alguns dias, Alice e eu tentamos combinar de ir à tal chácara no fim de semana, mas tudo conspirava contra nós.

Aaron começou a pegar pesado no trabalho, e, como se não fosse o bastante para mim, a entrega de trabalhos da faculdade estavam chegando como um furacão - as minhas notas muito provavelmente seriam arrasadas por ele -, e algumas provas começavam a querer das as caras; Alice, não tão diferente de mim, estava mergulhada em trabalhos; o processo ridículo lhe ocupava bastante tempo nesses últimos cinco dias, pois, além de organizar a sua própria defesa com os seus advogados, ela passou a preparar as suas armas para atacar o "cretino mal comido"; ela também precisou fazer algumas curtas viagens a trabalho, que havia um tempo considerável ela não fazia.

Quando finalmente Alice conseguiu um tempo livre, eu precisei usar um pouco dele para ela me ajudar com trabalhos da faculdade. Em matérias que envolvem cálculo, estruturas e afins, Aaron costuma ajudar bem e poupa Alice de ser perturbada por mim, mas quando o assunto é softwares e maquetes, Alice é a melhor opção, e não vê problema em sacrificar o final de semana inteiro para ajudar a mim e aos meus amigos, como é o caso de hoje, um sábado com cara de preguiça investido totalmente em trabalhos na biblioteca da faculdade.

Terminadas as suas partes, David e August aproveitam para brincar com o software para desenhos em 3D enquanto Alice não chega, mas, aparentemente, o negócio é um pouco difícil demais para a capacidade intelectual dos dois. Eu tentava passar para o papel algumas ideias para o projeto de uma escola, mas nada de pertinente me vinha à mente. Organizar um espaço para agrupar crianças, adolescentes e jovens é mais difícil do que parece... Nenhuma forma parece satisfatória, e eu já rabisquei tanto!

Há cerca de uma hora e meia meus amigos e eu tentamos organizar ideias e fazemos esboços em papéis enquanto esperamos pela chegada de Alice, pois não podemos perder tempo. Ela disse que se juntaria a nós depois que a reunião acabasse e que pegasse os óculos novos na ótica. Nós pensávamos que não demoraria muito, mas não podíamos confiar nestas previsões. Apesar de ser muito pontual, Alice não consegue controlar totalmente o tempo dessas reuniões.

Ao menos Alice começou a entender as minhas preocupações e passou a se cuidar mais e a trabalhar um pouco menos, apesar desta última semana atípica em comparação aos últimos meses. Ela parou de levar trabalho para casa com tanta frequência quanto antes, e, se antes facilmente ela ficava mais de doze horas seguidas na empresa, hoje ela mal chega a dez. Uma evolução e tanto para ela.

O barulho alto do celular vibrando em cima da mesa da biblioteca da faculdade me faz estremecer e começar a temer alguma represália dos bibliotecários que repudiam o menor dos ruídos no local, ao mesmo tempo em que me faz agradecer por ter uma forma de distração por um momento, por mais breve que seja. Apesar da rápida dispersão ao pensar nos últimos dias, meu cérebro estava fritando!

Eu imagino que possa ser Alice me ligando para avisar que irá demorar mais um pouco...

Eu alcanço o aparelho e antes mesmo de me levantar eu deslizo o dedo pela tela e atendo à ligação um tanto inesperada.

- Vince? Está tudo bem? - Eu digo em um sussurro conforme corro pelo corredor em direção ao exterior da biblioteca.

O fato de o meu irmão me ligar no meio da tarde de um sábado me deixa confuso, afinal, as ligações da minha família costumam ocorrer nas sextas-feiras ou nos domingos, sempre à noite.

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⏰ Última atualização: Aug 08, 2018 ⏰

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