Capítulo Treze — Bolo de Chocolate
Adam Beaumont
— Olá.
Eu pensei que nunca fosse viver para ver Elena me cumprimentar com timidez, mas foi exatamente o que aconteceu.
— Como você está? — Pergunto, avaliando-a com o olhar.
Ela suspira, e vem se apoiar na minha mesa.
— Envergonhada, arrependida, culpada... A lista é grande. — Ela dá um sorriso triste e envergonhado.
Dou de ombros, como se dissesse "Acontece...".
— O que está fazendo aqui? — Eu finalmente quebro nosso silêncio tenso e pesado, mas ainda mantendo meus olhos nuns papéis que estava organizando.
Elena apenas responde quando eu termino de preencher as folhas, e volto a olhar em seus tristonhos olhos azuis.
— Eu vim me desculpar. Pessoalmente. — Ela respira a fundo, como que para tomar coragem. — Eu sei que passou muito tempo desde o jantar, e tudo o que aconteceu... Mas eu estava criando vergonha e me recuperando. Queria fazer direito com você e com a minha prima, sem ser por telefone.
Eu continuo olhando-a, esperando que prossiga.
— Adam, eu estou envergonhada de verdade! Completamente arrependida. Eu não sei por que eu fiz aquilo. Bom, na hora foi só impulso. Eu o vi lá, e eu queria fazer algo para magoá-lo, igual ele me magoou. — Elena meio que choraminga, mas vejo que está falando sério. E mesmo ela não tendo dito o nome, percebo que está bem explícito: Travis. — Adam, eu juro que não tinha visto a Alice! As últimas coisas que eu quero nesse mundo é prejudicar você, ou machucar minha prima. Eu não devia ter feito... Não devia ter colocado você no meio dos meus problemas. Você é meu amigo e se importa comigo, e eu fui descabeçada e infantil por ter feito tudo aquilo. Me desculpe!
Eu fico olhando-a por um longo momento, ainda pensando no que ela me fez passar durante essa semana, agoniado com a sua atitude e com o seu sumiço. E mesmo o episódio da última sexta-feira tendo me atrapalhado um bocado, eu não consigo ficar com raiva dessa menina. Seu jeito inconsequente e impulsivo me lembra do meu irmão.
— Precisava ter me beijado? — Me queixei, enfim. — E principalmente: Precisava ter me beijado daquele jeito?! Parecia um ataque à minha boca!
Ela me olha com os olhos arregalados, e as bochechas vermelhas.
— Me desculpa! — E então ela começa a rir, com o rosto escondido entre as mãos.
Quando nos acalmamos, puxo uma cadeira para ela se sentar.
— Sabe, Elena, você se parece muito com meu irmão. — Ela me olha com diversão. — Digo, não na aparência, mas sim no modo de agir, as atitudes, sabe? Vocês dois são inconsequentes, imprudentes, impulsivos; não pensam na hora de agir, e vocês têm tanta paixão por tudo o que fazem... Vocês fazem as coisas no calor do momento. Tomam decisões precipitadas. E mesmo tomando várias atitudes erradas, sabemos que não fazem por maldade. — Ela concorda com a cabeça, percebendo que estou tentando ajudá-la a melhorar. — Mas às vezes os danos podem ferir outras pessoas, Lena. A intenção pode ser inexistente, ou então pode ser a melhor possível, mas pode ferir sim, e tais danos podem ser irreversíveis.
— Me desculpe, Adam. — Ela pede, derramando as lágrimas que lutava para conter desde que chegou.
— Ei! Não precisa chorar... — Seguro suas mãos, tentando acalmá-la. — Eu não estou brigando com você.
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Efeito Alice
RomantizmDois mundos completamente diferentes. Dois sonhos que se igualam. Duas vidas que se entrelaçam. Ela: um ídolo para ele. Ele: um Garoto doce. Adam veio de muito longe, em busca de uma nova chance para dar à sua família uma vida melhor. Depois de vi...