Capítulo Vinte e Oito - Não pense demais

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Capítulo Vinte e Oito - Não pense demais

Alice K. Hildebrand


Depois de tanto pensar e remoer sobre o Adam, e sobre mim, também, eu decidi escrever o que tanto me atormenta. Peguei um caderno, e comecei a listar tudo. É algo bobo, mas que Elena fazia quando era mais nova, a pedido do seu psicólogo. Ela sempre disse que funcionava e tentava me persuadir a fazê-lo, também...

E para não ser injusta, comecei a escrever também o que me agrada, o que me faz bem...

Surpreendi-me ao perceber ter escrito quase cinco folhas em menos de uma hora. E só parei de fazê-lo por estar tarde, e eu precisar acordar cedo.

Fui para o meu quarto e passei direto para o banheiro, dando de cara com meus olhos inchados e avermelhados.

Inspiro. Expiro. Inspiro. Expiro. Inspiro. Expiro.

Passo água fria no rosto e respiro fundo diversas vezes antes de sair do banheiro e ir para a cama, onde o Adam está adormecido com a barriga para cima.

Suspiro, exausta.

Apenas não pense demais, Alice.

Atendo ao pedido do meu subconsciente. Quando deito meu corpo no colchão, é como se o peso do dia tomasse o seu preço. E só então, à beira do sono, eu percebo que sequer pensei sobre o meu primo; sobre como vou lidar com a sua volta, e os problemas que ele certamente me trará.

Meus olhos pesam, e não consigo impedi-los de se fecharem.

A última coisa da qual tenho consciência é de sentir braços fortes ao meu redor.

- Me desculpe... Eu amo você.

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Adam Beaumont


Acordo me sentindo exausto, e sentindo o vazio e frio da cama enorme.

Olho para os lados, procurando por Alice, mas não há um sinal dela.

Alcanço meu celular na mesa de cabeceira, e vejo que ainda é cedo: seis e dez da manhã.

Levanto me sentindo pouco à vontade para sair e andar pelo apartamento dela. Separo minhas roupas e tomo meu banho, na esperança de que ela apareça quando eu terminar.

Sem sorte.

Lembro-me dela deitando-se tarde da noite. Acabei pegando no sono enquanto a esperava e pensava no que dizer. Quando ela voltou, eu acordei em um reflexo, mas ela dormiu rapidamente e não pude me desculpar...

Eu realmente me senti mal por ter desprezado a sua vontade; por ter desprezado a sua intenção... Senti-me mal e envergonhado por ter escondido da minha família sobre nós, e mais ainda por Alice ter se sentido daquela forma.

E agora eu me sinto como se tudo o que eu fizesse fosse errado; como se eu só errasse com ela. Conosco.

E agora, mais uma vez, me vejo na posição de ir até Alice e me desculpar.

Pensar que Alice pretende mudar a rota da sua viagem apenas para conhecer a minha família me pegou de surpresa. Assustou-me demais, na hora, e me deixei levar. Mas agora, após pensar bastante sobre tudo, eu percebo que a ideia me agrada; deixa-me nervoso, muito nervoso, mas me agrada.

Efeito AliceOnde histórias criam vida. Descubra agora