Capítulo Sessenta e Quatro - Ano novo, brigas novas

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Capítulo Sessenta e Quatro - Ano novo, brigas novas

Alice K. Hildebrand

O ano novo chegou com a promessa de boas mudanças.

E também com o desejo de mais amor, Vitória enfatizou.

Além de dinheiro, como a Fleur fez questão de pontuar com bastante carinho.

E, conforme assinalado muitas e muitas vezes pelos gêmeos: com o desejo de todos se mudarem para a Alemanha junto com o Adam.

E "que a mamãe pare de ser amiga do moço de cara brava que vai sempre no bar que ela trabalha", exigiu a Marion.

Se o Adam ficou surpreendido e com ciúmes? Muito! Ele inclusive pediu explicações sobre a história.

Se a Jacqueline ficou envergonhada? Totalmente! E se recusou a dizer uma palavra sequer sobre o assunto, alegando que "dos meus assuntos pessoais cuido eu!" e encerrou o assunto com um olhar severo.

Dois minutos depois todos já estavam comemorando a virada do ano juntos de novo, como se nada tivesse acontecido. Mas o Adam não se esqueceu de nada e tentava o tempo todo descobrir algo vindo de alguém. Sem sucesso.

Quando chegamos ao hotel, Adam confessou não ter gostado de descobrir que a sua mãe está lhe escondendo algo, mas acabou por deixar o assunto de lado quando ele próprio percebeu ter feito o mesmo com ela no que se referia a mim, e ainda disse que a Jacqueline é uma mulher experiente e sabe o que faz. Não acreditei na sua falsa segurança com o assunto, pois sei que o Adam tem um pé atrás com os relacionamentos da mãe, vide o próprio pai e o do Vincent e da Fleur, mas não é um assunto que caiba a mim discutir.

Os dois dias seguintes foram comuns para os padrões da família Beaumont, até mesmo um pouco calmo demais. Adam e eu tentamos trazer à tona entre Jacqueline e os dois irmãos mais velhos um assunto que possibilitasse a ida da sua família à Alemanha, nem que fosse para nos visitar, mas, por algum motivo curioso e desconhecido, Jacqueline desconversou. Ela não se irritou, não se zangou, e nem se alegrou. Apenas ignorou. Não ouviu, ou fingiu não ter ouvido.

E foi como se nada de mais tivesse acontecido ou estivesse a acontecer, até chegar o dia em que eu anunciei a minha partida para a Alemanha no dia seguinte. Eu já havia conversado com o Adam sobre eu precisar voltar antes para a Alemanha, pois fiquei muito tempo afastada do trabalho e dos meus pais, com quem eu preciso conversar. Ele relutou bastante, mas concordamos sobre ele ficar uns dias a mais com a sua família, pelo menos até o seu aniversário, no dia 18 de janeiro. Eu não poderia comemorar com ele no dia exato, mas ao menos eu teria o ano inteiro junto dele; por outro lado, a sua família estará sempre longe, portanto, neste momento, a prioridade fica com eles.

A despedida foi um pouco triste, admito. De certa forma eu me apeguei à sensação de lar desta família, me apeguei a cada bom gesto, a cada sorriso, a cada um. Eu me despedi já mal podendo esperar pelo reencontro. Mas despedidas são inevitáveis, e eu tenho a minha própria vida para tocar, o meu próprio trabalho para me empenhar.

No dia sete de janeiro eu já estava a todo o vapor comparecendo a reuniões e marcando presença em obras, assinadas por mim ou por outros funcionários. Tudo permaneceu perfeitamente bem em minha ausência, tanto é que quando retornei não precisei lidar com nenhum problema ou dor de cabeça. Pude, durante toda a semana, me dedicar às vistorias em obras tanto quanto eu amo. O bom humor causado pelas férias me deu inspiração e disposição para aceitar alguns novos projetos residenciais, algo que eu faço com relativa raridade, pois estes são os de menor retorno para mim, tanto financeira quanto profissionalmente. No entanto, estes mesmos são alguns com os quais eu mais gosto de trabalhar, tamanho é o prazer por fazer algo para uma família se sentir bem, confortável e se encontrar no lugar onde vive.

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