Capítulo Sessenta e Três - Boas novas

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Capítulo Sessenta e Três - Boas novas


Alice K. Hildebrand

- Aqui está o seu presente de Natal. - Eu murmuro atrás do Adam.

Pego de surpresa, ele se vira ansioso para saber do que eu falo e sorri com carinho por me ver tão perto. Antes de ver o presente, ele passa um braço ao redor do meu ombro e beija a minha testa. O Garoto olha nos meus olhos apenas para ver o meu sorriso perverso e animado. Sua feição muda de divertida para receosa.

- Eu não sei se eu quero abrir isso aqui agora. - O Adam confessa bastante desajeitado, e o meu sorriso amplia.

- Vai se desfazer do meu presente, Garoto? - Eu questiono. Qualquer tentativa de me passar por magoada se esvai com a ansiedade que eu sinto por imaginá-lo abrindo a caixinha de presente.

Longe de perceber o meu real estado de espírito, Adam cora até as orelhas e estica a mão para pegar a caixa, não maior do que a palma da sua mão.

- Lógico que não. Obrigado, meu amor. - Ele exclama em voz baixa e alterna o olhar entre o meu rosto e o presente. - Sabe, você, com este olhar maldoso, não me engana. Não é a toa que eu estou com um pé atrás. - Ele gesticula com a mão para a caixinha, demonstrando que, mesmo sabendo que algo o espera, irá abri-la por causa da minha insistência.

- Não é nada de grandioso, Adam. - Eu garanto e puxo seu rosto para deixar um casto beijo nos seus lábios. - E sei que você irá gostar muito.

Seus olhos estreitam sobre mim, mas nada mais diz. Suas mãos erguem a tampa da caixinha e a deixa erguida por uns breves segundos para ter certeza do que ele vê lá dentro. Assisto, com atenção, à compreensão tomar suas feições, ao rubor se espalhar pelo seu rosto e às suas mãos se apressarem em fechar a caixa.

Adam olha para mim um olhar que diz "Eu não acredito que você fez isso!".

Eu dou de ombros em total inocência, afinal, foi uma decisão nossa - em conjunto, mútua, com unanimidade - que me fez ter a ideia deste presente.

- Não me olhe assim, amor da minha vida. - Eu murmuro com intensidade e lentidão, dependurada no pescoço dele. Seu olhar suaviza sobre mim. - Carinhosamente você nos lembrou da nossa falta de proteção na hora de fazermos amor, lembra?

Se possível, Adam cora ainda mais.

- Então agora não iremos mais pecar nisso. - Eu ergo as minhas sobrancelhas repetidas vezes para brincar com ele, e nós dois rimos.

- Mas me dar de presente de Natal uma caixa com vários preservativos é meio... - Ele pestaneja baixinho, ainda muito envergonhado, mas deixa escapar uma breve risada. - Se antes eu não sabia, agora eu sei por que você e o Aaron são amigos.

- Ei, Adam, o que a Alice te deu de presente? - Marion questiona aos gritos, do lado oposto ao que estamos.

Eu deito a cabeça no peito do Adam para esconder a minha risada de quem foi pego fazendo coisa errada. A posição me permite sentir as batidas aceleradas do coração do Adam e o calor que percorre o seu corpo. Seus braços tensionam ao meu redor, denunciando a sua timidez.

Adam abre a boca algumas vezes e gagueja alguns sons quase inaudíveis, sem saber o que responder, afinal, não seria de bom tom falar à família dele, majoritariamente de crianças, que o presente é uma caixa cheia de camisinhas.

E céus! Nem eu mesma sei o que dizer para salvá-lo desta enrascada. Agora eu começo a me arrepender de ter optado por dar o presente dele aqui, agora, com a sua família toda por perto.

Efeito AliceOnde histórias criam vida. Descubra agora