Capítulo Sessenta - O tempo é curto

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Capítulo Sessenta - O tempo é curto

Adam Beaumont

- Olha, mamãe, ela dirige! - Marion está abismada ao ver pela janela a Alice saltar do banco do motorista do carro alugado.

- Estou vendo. - Mamãe sorri para a menina e torna a olhar para a TV.

Apesar de mais suave, nada ainda consegue ser surpreendente ou apenas legal para a minha mãe quando o assunto é a Alice. Não que seja da minha intenção reclamar ou supor que tudo o que Alice faça seja grandioso - o que não é -, pois estou um bocado satisfeito com esta evolução.

- Mas cadê os homens grandes? - Marion soa intrigada.

A menina, desde que ouviu o barulho diferente do carro, correu para a janela para ver quem era e se animou totalmente ao ver que era a Alice. Animou-se ao ponto de abandonar os preparativos apressados dos presentes da minha namorada.

- Eles voltaram para a Alemanha. - Eu respondo e tão logo eu digo, sou alvo de sete pares de olhos espantados.

Ok... Por que estão me olhando desta forma? O que foi que eu disse de ruim?

A batida na porta chega antes da minha capacidade de formular um questionamento decente em voz alta e sou o único racional o bastante para abri-la. Todos os outros continuam estáticos e só parecem reagir um pouco quando eu me mexo.

Assim que abro a porta e a vejo, séria e distraída com a neve, eu sou tomado pelo êxtase. Alice sempre será a melhor das visões para mim.

- Ei... - Eu digo para chamar a sua atenção.

Alice vira-se lentamente na minha direção e o seu rosto assume uma feição sorridente.

- Olá! - Ela deixa um suave beijo no canto da minha boca e se afasta.

Eu tenho forças apenas para olhar a minha namorada parada à minha frente. Apenas olho e admiro a mulher que eu amo e que sempre demonstra o quanto me ama, seja com um gesto, com um olhar, com uma carícia, com uma palavra...

Até mesmo o olhar intrigado dela me deixa maravilhado.

- Por que você está me olhando desse jeito? - Ela questiona. Seu rosto começa a corar em clara demonstração de desconforto.

De repente eu me dou conta de que fiquei calado por algum tempo a observando, sem fazer mais nada, nem mesmo a chamei para entrar.

Céus! Que desleixo da minha parte! Está frio e úmido, Alice pode pegar uma gripe. Preciso colocá-la para dentro de casa logo!

- Você é linda e eu a amo. - Eu seguro o seu rosto e a beijo brevemente nos lábios.

O sorriso de Alice se amplia em pura alegria, e isto causa a minha alegria.

- Agora trate de entrar logo, pois aqui fora está muito frio. - Eu não espero pela resposta dela, só pego a sua mão e a puxo para dentro da casa.

Alice ri um som bem baixo e divertido.

- Eu tentei entrar há muito tempo, mas você estava ocupado demais admirando a minha perfeição, Garoto. - Ela murmura um tanto sarcástica.

Apesar do tom dela me divertir, eu preciso concordar.

- Você não é nem um pouco convencida, senhora. - Eu aperto a mão dela e acaricio o dorso com o meu polegar.

Alice ri mais alto, desta vez, e, para a minha completa vergonha, diz:

Efeito AliceOnde histórias criam vida. Descubra agora