Capítulo Quarenta - Caça ao Presente

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Capítulo Quarenta — Caça ao Presente


Adam Beaumont

Quando acordo, fico olhando para Alice ainda adormecida com o corpo enrolado ao meu.

Uma vez ela me contou que eu dormi com o meu corpo totalmente em cima do seu. Não que fosse minha culpa, mas eu sempre tive a tendência a me mexer durante o sono; meu sono sempre foi muito agitado e, pelo visto, nesta noite não foi diferente. Alice, deitada de bruços, tem sobre o seu corpo a metade do meu, e tenho medo de me mexer e acabar acordando-a, mas também não posso continuar deitado em cima dela...

O jeito é arriscar...

Remexo-me e saio de cima dela; fico de lado, ainda a olhando. Ela remexe, também, e parece querer despertar. Seus olhos se abrem e piscam três vezes, antes de se fecharem totalmente. Sua respiração volta a ficar pesada.

Tão linda e tão minha!

Fico por incontáveis minutos apenas a observando enquanto dorme, até que tomo coragem e decido me levantar.

Hoje o dia precisa ser mais do que especial, para ela. Planejo ir ao mercado para comprar coisas diferentes para fazer, e sem falar que preciso sair para comprar o presente para Alice... A semana se passou, eu fiquei alguns dias sem ela e, mesmo assim, não consegui encontrar nada de especial que eu pudesse dar a ela.

"O que se pode fazer e dar para uma pessoa que, querendo ou não, já tem de tudo, né?"

A retórica do Anthony, pouco mais de um mês atrás, ficou martelando na minha cabeça durante esta semana inteira e me limitou a pensar em opções de presentes. Pensei em dar algo simples a ela, que mostrasse que eu tinha me lembrado dela e que a faça se lembrar de mim, mas o quê?

Agora, em cima da hora, não penso em nada!

O jeito será aproveitar esta última saída...

Quando saio do banheiro, devidamente limpo e vestido, me deparo com Alice sentada no meio da cama. Ela passa as mãos pelo rosto inchado, tentando espantar o sono.

Hesito. Agora será mais difícil pensar racionalmente e fazer alguma coisa...

— Hei! Bom dia. — Ignoro os meus pensamentos e vou para perto dela. Debruço-me na cama e beijo sua boca antes que ela possa virar o rosto. — Feliz aniversário. — Digo com a boca ainda grudada à dela.

Alice arregala os olhos e seu rosto fica avermelhado.

— C-como...? Você...? Mas quem? Ahn? — Ela gagueja e sua face não mostra nada além de confusão perante o meu conhecimento do seu dia, e, para tentar entender o que eu realmente disse, ela se afasta de mim, para me olhar com mais clareza.

Eu rio baixinho e explico:

— Seu pai me contou, na semana passada. Eu queria ter sido o primeiro a parabenizá-la, mas você estava dormindo; e aí os seus pais falaram com você antes, então eu esperei.

Alice pisca aturdida. Mexe nos cabelos e os joga para trás, para tirá-los do rosto.

— Oh! Mas não era para ninguém saber. — Ela resmunga.

— Um "obrigada" já estaria de ótimo tamanho, sabe? — Eu a encaro nos olhos. Seu rosto cora, mas ela não diz nada. — E falando nisso, posso saber por que você não queria me contar sobre o seu dia? Por que não me contou?

Efeito AliceOnde histórias criam vida. Descubra agora