CAPT 50 - A medalhinha e a tatuagem

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Alguém disse que " A pior dor do mundo é obrigar a cabeça a esquecer aquilo que o coração lembra a todo instante". Bom era a mais pura verdade, as horas, os dias e os meses passaram e eu em momento algum parei de sentir dor ou sofrer com a ausência dele, a única diferença é que na frente de muita gente eu fingia, fingia ser a forte, e estar conseguindo tocar minha vida, mas isso estava longe de ser a verdade.

Depois do enterro de Rick Vives e seus colegas, os rapazes foram para ao hotel e tiveram um longa conversa comigo, sobre como eles não conseguiam entender o que tinha acontecido, que voltaram por ele, mas não havia mas ninguém la, de como eles estavam arrasados e como cada um deles daria a vida pelo meu Matt , para ele poder ta comigo e com nosso filho.. Escutei o desabafo emocionado da equipe dele e agradeci a cada um deles pela lealdade, carinho e irmandade com o Matt. Os mesmos fizeram um promessa para mim, que apesar de terem sido liberados para um break que voltariam dentro de dois dias para o outro lado do mundo e só voltariam de la com Matt e Brian e eu me apeguei a promessa feita por cada um deles, de que eles fariam o impossível para trazê-lo para casa , vivo ou o seu corpo, pq era obvio que assim como os demais eles acreditavam que as chances dos dois e os demais soldados estarem vivos era mínima.

Retornei para o Coronado no dia seguinte com os SEALS, José e Jack, e ao chegar a primeira coisa que fiz foi ir ao encontro da Jenny para pedir desculpa pela minha covardia em sumir por uma semana, quando eu deveria estar aqui por ela e pelos gêmeos assim como o Marido dela o Brian estava la pelo Matt e vice versa.

Foi sem sombra de dúvidas a conversa mais difícil da minha vida, fui acompanhada dos rapazes, Jenny e eu nos abraçamos e ficamos assim nos braços uma da outra chorando por sei la quanto tempo, até que finalmente Javi e Josh vieram e tentaram nos acalmar. Jenny estava vivendo com a tia do Brian e os gêmeos Alice e Edward também. Eles eram a imagem xerocada do Brian,e imagino o quanto devia ser uma mega barra duas crianças na casa de outra pessoa e passando por tudo isso. Conversamos durante horas e a mesma promessa feita a mim foi feita a ela de que os rapazes fariam tudo para trazer Brian pra casa, e a ela e eu, só nos restou acreditar que o milagre era possível e que eles viriam pra casa.

Porém o tempo, bem, "O tempo deixa perguntas, mostra respostas, esclarece duvidas... Mas acima de tudo, o tempo traz verdade" Não sei a quem pertence a frase sei que a escutei varias vezes sendo falada na casa dos meus avós quando era criança e era absurdamente real e verdadeira a frase... O tempo Passou e com ela veio a mais seca e pura verdade, de que , ele o homem com quem sonhei construir uma vida, para quem me entreguei de corpo, alma e coração, o homem que me deu o presente mais lindo dessa vida, o nosso filho, não voltaria para mim... Já haviam se passado, quase 3 meses desde que recebi a noticia e nenhum noticia diferente recebi do alto comando, Josh já não consegui me encarar nas chamadas de vídeos e bem, mais cedo ou mais tarde eles dariam o caso como encerrado.

Nesse período todo que passou, voltei a minha rotina de trabalho pois precisava desesperadamente ocupar a minha mente e assim o fiz, comecei a frequentar um terapeuta por recomendação medica , pois segundo meus médicos eu precisava aprender a lidar com a dor luto e assim o fiz, apesar que, as sessões não aliviaram a minha dor, ou me fizeram entender de forma alguma que ele não retornaria. Jenny de todos acho que foi a pessoa com a melhor ideia e por sugestão dela, começamos a frequentar um grupo de auto ajuda como o AA (Alcoolicos Anônimos) porem para família de militares. O grupo era composto de viúvas e namoradas ou simplesmente de filhos que tinham dificuldade de lidar com a perda de seus entes queridos. O primeiro dia só observei e escutei estórias, na segunda vez Jenny finalmente se abriu e fez um relato emocionante de como não sabia lidar com a falta de informação e a certeza do que realmente tinha acontecido com ele, por razoes obvias ela escondeu as circunstancias, detalhes da missão e tudo que obviamente não podia ser mencionado por Brian ser um membro do time 6 dos SEALS, e foi doloroso vê-la se desfazer em choro e desespero na minha frente. Durante varias reuniões seguintes eu ia e simplesmente escutava as varias estórias incríveis de como essas mulheres lidavam com a perda, como tocaram sua vida a diante, como tentavam buscar conforto na fé, ou simplesmente se tornaram fortes por conta de seus filhos, assim como Jenny, até que finalmente um dia resolvi compartilhar a minha estória, não tenho ideia de por quanto tempo eu falei, so sei que consegui colocar tudo para fora na frente de alguém, tudo que sentia, as noites sem dormir, os pesadelos, a vontade de desistir de tudo, ou o fato que estava cansada de interpretar na frente das pessoas, usando uma mascara para que as pessoas não se preocupassem comigo e dizendo que estava conseguindo tocar minha vida, quando na verdade quando chegava em casa e me trancava no banheiro a noite sempre desabava no choro e desespero.. Foi algo muito intimo e bem emocional, mas foi importante, pq finalmente eu me abri e fui consolada por todas, a realidade era ali naquelas reuniões semanais era o momento que eu consegui me abrir com o mundo sobre a dor profunda da perda, e de não tê-lo mais comigo.

E se ? (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora