Capítulo 2: Alfa, Beta e Gama

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Depois da cena que havia se desenrolado entre ele e seu pai na sala de treinamento poucos momentos antes, não foi nenhuma surpresa para Fitz ver a palavra BETA bem em frente ao seu nome.

Ele era um dos únicos de Ciência e Tecnologia a integrar o módulo de Reciclagem. De fato, só havia mais um recruta daquela divisão fazendo parte da turma, portanto, logicamente a Alfa só poderia ser...

- Jemma Simmons. Óbvio! – proferiu Daisy com uma pontada de orgulho por sua amiga.

A bioquímica suspirou com algum alívio.

- Eu temi que fosse Gama, mas sou Beta.

- Ah, Daisy. Está exagerando. Um súbito descontrole de seus poderes não te faria cair tão drasticamente.

- Mas nunca se sabe...

A poucos metros de onde elas se encontravam, outro recruta não teve melhor sorte.

- Eu sinto muito, cara – disse Hunter, tocando o ombro de Fitz em sinal de amparo – Mas Beta não é tão ruim quanto Gama – completou, desconsolado.

Fitz tornou o rosto na direção do amigo, sentindo-se tão chateado com a situação dele quanto estava com a sua própria.

- Eu é que sinto muito, Hunter.

- Nah, eu já sabia. Ninguém é responsável pela morte de todos os seus companheiros de equipe e sai ileso. É óbvio que a culpa irá sempre repousar em meus ombros – disse, parecendo conformado, mas o peso daquela constatação ainda o violava profundamente em seu íntimo.

- Foi um acidente. Você só estava despreparado. Não pode acreditar que seja totalmente culpado – Fitz tratou de tentar remediar.

- Uma enorme parcela de culpa é atribuída a mim. E é justo, Fitz. Não adianta tapar o sol com a peneira. Mas, pensando pelo lado positivo, poderia ser pior. Eu poderia ser Delta.

Fitz franziu a testa diante daquele comentário.

- Não existe nível Delta.

- É por isso que estou falando. Seria ainda mais vergonhoso, não? – acrescentou, bem humorado.

O engenheiro apenas sacudiu a cabeça, sem energia para corrigir seu amigo. Em algum lugar da mente insana de Lance Hunter, aquilo deveria fazer algum sentido.

- Gama. Se ferrou Super Choque! – Um operativo Alfa zombou, dando um tapa nada amistoso no ombro de Lincoln Campbell, fazendo com que ele perdesse vagamente o equilíbrio. Não fosse por isso, poderia se dizer que Lincoln permaneceu imóvel diante do resultado. Não havia pior derrota do que ser Gama.

- Tá de sacanagem! – vociferou um cético Grant Ward ao ler Beta diante de seu nome – quem foi o imbecil que nos conferiu essas classificações?

Do seu lado, procurando disfarçar o riso e o súbito contentamento ao ler Alfa sucedendo seu nome, Will Daniels procurou acalmá-lo.

- Não ganha nada ficando nervoso, meu chapa. Foi o próprio corpo docente que chegou a um consenso e estabeleceu o nível de cada um de nós.

Ward o fitou com um semblante amargo, a mandíbula rígida como se estivesse se contendo para não soltar uma imprecação contra seus mentores.

- É fácil para você dizer isso quando é Alfa.

- Parece que eu vou ter que te supervisionar, colega – Will comentou, divertido.

Ward bufou em resposta.

- Se é pra alguém me supervisionar – admitiu, conformado – então que seja você.

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