Capítulo 23: O Dia Seguinte

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- Por onde andou, mocinha? Eu fiquei preocupada! – bradou Daisy, levantando-se de um salto de sua cama uma vez que Simmons adentrou o alojamento que dividiam.

Jemma ergueu um dedo em riste em direção à amiga.

- Você não está em posição de me interrogar! E se estivesse mesmo preocupada comigo, não teria me deixado sozinha para dançar com seu novo amigo. Estou decepcionada com você, Daisy. E agradeceria se não me dirigisse a palavra pelos próximos dez anos! – vociferou, tirando o casaco e jogando sobre a cama – agora, apresse-se! Temos uma aula para comparecer. Eu só vim trocar de roupa.

- Jemma... – tornou Daisy, aborrecida.

A outra levantou uma mão no ar, sem olhar para ela, indicando que ficasse quieta.

- Não está falando sério... Jemma, me desculpe! Eu achei que não fosse grave... Pensei que estivesse exagerando porque não está acostumada a beber.

Simmons ignorou suas tentativas de se retratar, abrindo o armário em busca de novas roupas e de seu jaleco para comparecer à aula de ciência e tecnologia, evitando pensar no fato de que dividiria sua mesa com Fitz naquela manhã. Justamente após dividir a cama com ele na noite anterior.

- Jemma, não pode ficar dez anos sem falar comigo. É loucura!

A bioquímica continuou fazendo pouco caso das palavras de sua amiga. Apenas tratou de trocar de roupa, pegar seu material e abandonar o quarto fingindo não ouvir os apelos e protestos de Daisy.

A inumana deu um profundo suspiro após sua amiga bater a porta.

Jemma era muito compreensiva e amável. Mas Daisy tinha total ciência de que tinha vacilado feio com ela desta vez.

*

Ela deu um longo suspiro e sussurrou consigo mesma: “só pode ser meu dia de sorte”.

Na entrada do laboratório, Ophelia e Kara conversavam. Ambas com cara de poucos amigos. Suas expressões se tornaram ainda mais sombrias quando avistaram Jemma. Ophelia colocou-se bem diante da porta, de maneira a interditar a entrada.

- Ora, ora! Olha só quem está aqui...

Simmons olhou para cima, com um ar deveras afetado, zombando da recruta.

- Jenna, Jenny, Emma... Escolha – tornou, irônica, esbarrando em Ophelia a fim de entrar no laboratório, porém, Ophelia a segurou pelo braço, em um aperto firme e doloroso. Jemma procurou disfarçar a dor.

- Deixe-me passar. E respeite-me enquanto líder! – ordenou com altivez e determinação.

A outra lançou um sorriso cáustico em sua direção.

- Não é porque é a líder que tem o direito de roubar o que é meu – proferiu as palavras entredentes, com puro veneno no olhar.

- De que está falando? – Jemma franziu o cenho, genuinamente confusa.

- Mas é muito abusada – comentou Kara, ao lado de Ophelia. Simmons já havia até mesmo se esquecido da presença da operativa por ali.

- Não se faça de sonsa. Sabe do que estou falando.

- Não, não sei! – tornou Jemma, alteando o tom de voz e livrando-se do aperto da outra. Conteve a vontade de massagear o ponto onde Ophelia a havia machucado – agradeceria se explanasse – completou em um tom irônico.

- Pois vou te refrescar a memória, queridinha. Leopold Fitz está comigo! Então pense duas vezes antes de se aproximar!

A bioquímica arqueou as sobrancelhas, um sorriso de zombaria curvou os cantos de seus lábios. A resposta perfeita surgiu em sua mente e ameaçou escapar de sua garganta: “se ele está com você, o que estava fazendo na cama comigo na noite passada”.  Porém, Jemma reprimiu aquele desejo. Era algo que ela queria manter para si a qualquer custo; que não ousaria revelar para ninguém. Mal conseguia admitir para si mesma que aquela noite com Fitz havia acontecido, quando não deveria.

ACADEMIA SHIELD: RenegadosOnde histórias criam vida. Descubra agora