Capítulo 47: Uma Nova Chance

60 8 9
                                    

Por um momento, ela quase acreditou que fosse se perder pelos corredores da mansão dos Fitz. Aquela casa era mesmo imensa. Sua pretensão era encontrá-lo para poder se despedir. Seria deselegante partir sem trocar uma palavra com ele, sendo que fora o próprio que a convidou para almoçar. No entanto, ela já estava bufando, frustrada, por não conseguir achá-lo em lugar nenhum. Quase pensou em sair à francesa. Alistair permanecia na sala de estar conversando com seus pais. Mas Leopold e Lynda haviam desaparecido enquanto Deke a levara para dar uma volta na propriedade de Alistair.

Jemma já estava quase desistindo quando ouviu o timbre familiar. Caminhou a passos lentos e cautelosos tentando identificar sua procedência. Parou a poucos metros de onde se encontrava o cômodo em que Fitz conversava com a mãe. Aproximou-se gradativamente, estacionando na parede próxima à porta do que parecia ser uma modesta biblioteca.

- Este costumava ser o seu cômodo favorito.

Leopold suspirou.

- Sim. Foi aqui que li O Único e Futuro Rei pela primeira vez.

- E nem este lugar é capaz de lhe fazer reconsiderar sua decisão? – Lynda perguntou de maneira compreensiva.

- Não. Eu não quero esta casa. No mais, eu tenho um espaço na minha casa em Perthshire – ele deu ênfase às palavras – que serve tanto de escritório quanto de biblioteca. É bem aconchegante.

Lynda riu.

- Tem que deixar o ressentimento para trás, meu amor.

- É ridículo como ele tenta comprar o meu afeto – Fitz bufou.

- Filho, eu sei que é difícil perdoá-lo e não é o que estou te pedindo. Mas toda essa mágoa e rancor que carrega só fazem mal a você mesmo. Não a ele...

Fitz calou-se por um breve instante.

- Talvez fosse mais fácil me livrar desses sentimentos se eu tivesse ido embora com vocês daquela vez.

- Filho...

- Eu deveria ter ido com você, mãe.

Lynda suspirou pesadamente.

- Eu me arrependo de tê-lo deixado...

- Mas você foi forçada a isso.

- Sim, mas admito que também pensei em você e no seu bem-estar... Eu não poderia te oferecer nada do que Alistair podia na época. Nenhum conforto, nenhuma oportunidade de um futuro próspero e seguro...

- Eu não ligava para nada disso.

- Mas, permanecendo aqui, você teve mais chances.

- Graças às minhas habilidades, não ao meu pai. Eu conseguiria mesmo sem ele me abrindo essas portas... Assim só foi mais fácil, mas... Eu poderia ter conseguido pelo meu próprio esforço e mérito. E sei que sobreviveria ao lado de vocês. O Deke e você sobreviveram! Eu também poderia.

Leopold estava sentado ao lado da mãe em um móvel estofado de design clássico situado em meio ao cômodo. Lynda ergueu as mãos de modo a segurar o rosto do filho e olhar dentro de seus olhos.

- Eu sei que sim, meu amor. E eu sinto muito... Deveria ter lutado mais por você... Mas Alistair foi implacável.

- Eu sei – ele sibilou em resposta.

Lynda fez uma pausa antes de prosseguir.

- Pode parecer difícil de acreditar, mas, no fundo, seu pai ama você. Ele só tem meios tortos de expressar isso.

O engenheiro sacudiu a cabeça de um lado para o outro, descrente. As mãos de sua mãe soltaram seu rosto.

- É quase impossível de acreditar – tornou ele, frisando as palavras – e mesmo que fosse... Já é tarde demais – salientou.

ACADEMIA SHIELD: RenegadosOnde histórias criam vida. Descubra agora