Capítulo 54: Último Fôlego

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Ela acordou atordoada, sem a mínima ideia de onde estava. Abriu os olhos gradativamente, sentindo a lateral da sua cabeça latejar. Mas estava com ela recostada em uma superfície não necessariamente macia, mas que, por algum motivo, lhe trazia uma sensação de alento e tranquilidade. Olhou ligeiramente ao redor, tentando recobrar a consciência e identificar onde estava. Percebeu, então, que havia alguém sentado ao seu lado. Descobriu que sua cabeça repousava sobre o ombro de Fitz e sentiu um súbito alívio. Ao menos estava com ele.

- Você estava dormindo tão tranquilamente. Não quis acordá-la. Mas fico feliz que acordou.

- O que está acontecendo? Onde estamos? – perguntou, tocando o lado da cabeça que doía.

- No fundo do oceano – ele respondeu simples e firmemente.

Jemma esgazeou os olhos, chocada, e levantou a cabeça de maneira tão abrupta a fim de olhar para ele, que foi assaltada por uma vertigem que a aturdiu. Agradeceu por estar sentada, do contrário, teria ido ao chão.

- Ai...

- Cuidado... Você se feriu...

- Eu já percebi... – ela gemeu de dor, novamente tocando aquele ponto dolorido ao lado do rosto – no fundo do oceano? – perguntou, não conseguindo acreditar. Mas então, os fatos que antecederam aquela inacreditável situação retornaram à sua mente e ela se deu conta de que haviam tido sorte – estamos vivos – disse enquanto um sorriso resplandecente surgia em seu rosto – estamos vivos, Fitz! Isso é inacreditável.

O engenheiro tentou sorrir em retribuição, pois a expressão exultante no rosto da bioquímica lhe trazia uma pontada, ainda que mínima, de contentamento, porém, tudo o que ele conseguiu foi dar um meio sorriso melancólico. Aquele gesto a confundiu.

- O que foi?

Fitz não respondeu, limitou-se a fitá-la, esperando que a compreensão a assaltasse. Não queria ser ele o portador das más notícias. Mas não havia mais ninguém ali...

- Espera... Estamos vivos... Mas como vamos sair daqui? Há uma maneira, não há?

Já irritada com o silêncio e a expressão de angústia no rosto do namorado, Jemma levou as mãos aos ombros dele, chacoalhando Fitz como se quisesse arrancar dele uma reação.

- Diga alguma coisa, Fitz! Eu estou aflita.

- Ai... – ele fez uma careta de dor, sua face ganhou uma coloração indistinta de repente – eu... quebrei meu braço.

- Oh, me desculpe... – Jemma se sentiu mal em lhe infligir dor, ainda que sem querer, e tocou suave e inutilmente o local onde o engenheiro apontara que havia fraturado.

- Passei a última hora tentando entender por que afundamos. Essas cápsulas são construídas para serem compatíveis com todas as aeronaves e submarinos da SHIELD. Com o impacto, a adaptação atmosférica tentou compensar. Fomos naufragando lentamente já que a densidade das paredes aumentou. Eu medi a taxa pela qual a água sobe pelo vidro da janela. Fiz as contas. Pelo menos trinta metros de profundidade. Nem dá pra ver a superfície.

- Como sobrevivemos à queda?

- O avião devia estar em voo vertical e baixo. Consegui nos prender antes de batermos. E foi assim que quebrei meu braço. Nos mesmos dois lugares que quebrei quando era criança. Estranho – comentou de maneira sombria. Ele havia improvisado uma tipoia com sua própria blusa a fim de imobilizar seu braço.

- Pensei que morreríamos, com certeza, Fitz. Tivemos tanta sorte. Agora só precisamos achar um meio de sair daqui. Vamos encontrar um jeito, não é? – indagou, animada e esperançosa.

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