Embora compreensíveis, dada a gravidade das sequelas de seu acidente, as paranoias que tiraram o sono de Fitz por várias noites, mostraram-se infundadas. O engenheiro conseguiu concluir a reabilitação ao lado de seus colegas. Não foi fácil e nem um curso desprovido de frustrações. Coulson e May procuraram ter paciência, levando em consideração o seu estado. Ele ainda fazia o tratamento com a fonoaudióloga e o comprometimento, cuidado e atenção de Jemma, ajudavam em sua recuperação.
Às vezes, ele ainda ficava aborrecido e melancólico ao constatar que já não conseguia atingir o mesmo potencial de antes... Mas, pelo menos, agora havia recuperado seu distintivo, seu posto como agente e garantido seu ingresso na equipe tática de Coulson. Em nenhum momento, o experiente membro da SHIELD considerou a possibilidade de não contar com ele em seu time. Ainda fez questão de assegurar o engenheiro de que não era piedade ou compaixão que o fazia insistir em ter Fitz integrando sua equipe. Ele confiava no talento do agente e, por mais que o dano cerebral houvesse limitado suas capacidades, Leopold Fitz ainda era o melhor em sua área de atuação e ninguém poderia questionar sua expertise.
A cerimônia de formatura dos agentes, agora reabilitados e reintegrados à SHIELD, tratou-se de algo bastante singelo. Mas os recrutas não conseguiam omitir sua flagrante ansiedade. Fitz mal podia acreditar que estava novamente com seu distintivo em mãos, mas ainda mais surpresos se mostravam Hunter, Lincoln e até mesmo Daisy.
Uma vez que a farsa como recruta infiltrada havia acabado, Bobbi não recebeu seu distintivo das mãos de Nick Fury e Victoria Hand. Foi Natasha Romanoff quem devolveu a insígnia a ela. Barbara o tomou em suas mãos lançando um sorriso enviesado na direção de sua colega.
- Achei que seria simbólico devolver apenas hoje o seu distintivo. Você é parte da equipe tanto quanto eles.
Bobbi suspirou tristemente, desviando o olhar.
- Vai mesmo me deixar?
- Você é dos Vingadores agora. Acho que eu também preciso de uma equipe.
- Boa sorte! – desejou Natasha, aproximando-se da colega e amiga para um abraço fraternal.
Alistair contemplou o filho por um momento. Fitz alisava com os dedos a insígnia, como se estivesse se certificando de que o ornamento era real. Enfim, tomou coragem para se aproximar, mas com passos vacilantes. O engenheiro sentiu a mão de seu pai pesar sobre seu ombro.
- Estou orgulhoso de você – ele foi sincero, ainda que portasse uma expressão insegura em seu rosto.
Fitz limitou-se a assentir com um gesto de cabeça, baixando o olhar.
- Olhe, Leopold... Eu queria dizer que...
- Eu te perdoo, pai – ele o interrompeu abruptamente, surpreendendo Alistair – Mas isso não significa que... Vamos ter o melhor dos... Bem, dos relacionamentos agora. Tampouco que... Vou deixar que participe ativ-ativamente de minha vida.
Alistair o encarou com um semblante tristonho, mas compreensivo. Dando-se por satisfeito com aquela declaração. Era o máximo que poderia conseguir agora. Tratava-se de uma segunda chance, afinal.
- Me deixe tentar – pediu ao filho, com um ar de determinação.
- A decisão é sua – respondeu, simplesmente.
O superintendente ainda o fitou por um momento antes de concordar, dando um tapa amistoso e firme no ombro esquerdo de seu filho.
Assim que Alistair se distanciou, Jemma aproximou-se de Fitz, lançando um olhar astuto na direção do namorado. O engenheiro suspirou, fatigado.
- Eu sei o que vai dizer... Que eu posso fazer melhor do que isso, mas... É difícil.
- Eu não ia dizer isso. É nobre dar uma segunda chance ao seu pai. E, apesar de tudo o que eu te falei, confesso que, em seu lugar, não sei se faria igual...
Fitz esgazeou os olhos, realmente admirado perante às palavras da bioquímica. Ele se aproximou ainda mais dela, seus rostos a centímetros de distância.
- Claro que faria... Você é... Você é perfeita.
Jemma sorriu para ele, pensando que deveria ter feito algo de muito bom em sua vida para merecer alguém com ele. Pensou novamente em sua irmã e as palavras de Daisy ecoaram em sua mente. Ela não a culpava, ela iria querer que você fosse feliz. Enfim, sentia-se dia após dia, fazendo as pazes com seus demônios internos. Fitz dizia que ela o estava auxiliando em seu processo de cura, mas a verdade é que o inverso também acontecia. Seu namorado a ajudava a cicatrizar suas feridas emocionais. E ela estava grata por isso. Além de visivelmente apaixonada.
- Atenção, todos vocês – anunciou Coulson. Ele deu uma boa olhada nos recrutas que haviam acabado de concluir a reabilitação – quero dizer que estou orgulhoso.
- Estamos! – observou May.
- Sim, estamos... – Coulson limpou a garganta, meio sem jeito.
- De qualquer modo – Melinda prosseguiu – não achem que vamos pegar leve. Não seremos chefes fáceis de agradar e quero que saibam que vamos, sim, exigir sempre o melhor de vocês porque sabemos do que são capazes. Não queremos agentes medianos ou regulares. Priorizamos excelência.
Hunter engoliu em seco, um tanto aflito. Bobbi segurou sua mão em um gesto de alento.
- Alguém quer fazer alguma colocação? – perguntou Fury, ladeado por Coulson e Hand.
Timidamente, Lance ergueu a mão.
- Por que nossa formatura é na garagem da SHIELD e não em um salão de festas? Estamos valendo tão pouco assim? Ouch... – Barbara havia acabado de lhe desferir uma leve cotovelada na costela.
Com um ar debochado, Coulson respondeu ao agente reintegrado.
- Também. Mas não se subestime. Estamos aqui, pois gostaríamos de lhes apresentar... – ele indicou com uma mão. Os olhos dos agentes seguiram curiosos para a direção em que seu novo chefe apontava. No espaço da garagem que, até então, parecia vazio, materializou-se uma aeronave superior ao Ônibus em termos de estrutura e sofisticação.
Os agentes encararam o veículo com intensa admiração, totalmente estupefatos.
- Lhes apresento o Zephyr. Parabéns, Fitz. Seu projeto está concretizado.
Maravilhado, o engenheiro não evitou o sorriso que brotou em seus lábios ao ver que seu projeto havia saído do papel. Era um sonho que se realizava. Até mesmo a função invisível funcionava perfeitamente – e eles haviam acabado de ter uma demonstração.
- Fantástico... Melhor do que eu esperava – disse com sinceridade.
Coulson permitiu-se ostentar um ar orgulhoso diante do arrebatamento e entusiasmo de seu, agora, pupilo.
Eles mereciam. Sabia, no fundo, que iriam cumprir com competência os protocolos de suas futuras missões.
- Parabéns, agentes da SHIELD! Bem-vindos à sua primeira missão.
F I M
_________________________________________________________
E é isso! Quase dois anos depois, finalmente essa fanfic foi concluída.
Gostaria de agradecer a todos que acompanharam. Antigos leitores, novos leitores... Sei que ela ficou longa (60 capítulos!), mas agradeço de coração a todos que resistiram bravamente até aqui, inclusive suportando meus lapsos e ritmo irregular de postagens.
Espero que aprovem o resultado ;)
Não sei se volto... Quem sabe? Talvez, eu ainda poste alguma one-shot para a coletânea FitzSimmons Tales ou um adendo de Cinco Sentidos.
Por enquanto é isso. Muito, muito, muito obrigada mesmo <3
VOCÊ ESTÁ LENDO
ACADEMIA SHIELD: Renegados
FanfictionApós cometerem falhas graves em missões como agentes efetivos da SHIELD, eles são obrigados a passar pelo temido e execrado Curso de Reciclagem se quiserem recuperar seus distintivos, suas posições na agência e, principalmente, seu crédito e sua hon...