Capítulo 45: Almoço em Família

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O almoço com os Fitz não foi menos embaraçoso. Era nítida a troca de farpas entre Leopold e seu pai. Deke, o primo de Leo tentava a todo custo amenizar o clima, fazendo as vezes do integrante boa praça e bem-humorado da família. A mãe de Fitz, Lynda, parecia extremamente protetora com relação ao filho, expressando esse traço por meio de gestos sutis, como tocar brevemente em seu ombro para ampará-lo sempre que Alistair fazia algum comentário infeliz. Jemma notava como o semblante e a respiração de Fitz se alteravam ante alguma observação irônica ou áspera do pai, então bastava a mãe tocar seu braço para que sua agitação se aplacasse e sua respiração voltasse ao normal. Leopold respondia o pai com igual ironia, mas em um tom de voz mais controlado. Lynda fazia possível para impedir que ele perdesse a calma diante da passivo-agressividade de Alistair.

O patriarca ocupava a cadeira da ponta da mesa, como um notável chefe de família – algo que não passava de aparência, visto que sua família havia se desestruturado há muito tempo. De um lado da mesa, encontravam-se Deke, a mãe de Fitz e o próprio que fez questão de sentar-se o mais distante possível de seu progenitor. Coube ao primo ocupar a cadeira mais próxima de Alistair, de modo a evitar conflitos e mais tensões. Do outro lado da mesa, estava a família de Jemma. Sua mãe sentou-se diante de Fitz, lançando sorrisos amistosos ao engenheiro vez ou outra. Leopold retribuía o gesto, encantado com a gentileza e amabilidade da jovial senhora. Em contrapartida, o pai de Simmons, o mais próximo de Alistair daquele lado da mesa, lançava olhares de desagrado tanto ao Fitz pai quanto ao Fitz filho. Jemma, sentada em meio aos seus pais, sentia-se tensa, pisando em ovos.

- Como vai a propriedade em Perthshire, Leopold? – Alistair tentou após minutos degustando seu prato imerso em um silêncio reflexivo, enquanto avaliava o filho.

- Como sempre esteve – tornou Fitz com aspereza, sem se preocupar em desviar os olhos de seu prato.

Alistair esforçou-se para não dar uma bronca em Leopold diante de seus convidados. Não que isso já não houvesse ocorrido no passado. Pigarreou.

- Aquele lugar não te dá agonia? É tão solitário.

- Quase tão solitário quanto aqui – respondeu, afiado – mas, prefiro a solidão de lá. Às vezes é preferível um lugar solitário a uma companhia hostil.

O patriarca soltou uma risada baixa e debochada, como se estivesse levando na boa os comentários abrasivos do filho.

- É bastante modesto o seu chalé – continuou o pai em um tom de desprezo – Stark lhe pagava bem, poderia ter conseguido uma propriedade melhor.

- Está brincando? É encantadora. Estivemos lá antes de seu filho nos trazer para Glasgow – comentou Claire.

- É mesmo, não é? É uma casa de sonho – completou a mãe de Fitz.

- Sim. Pessoalmente, eu prefiro algo mais modesto e elegante a algo expansivamente caro e chamativo. 

Fitz sorriu novamente para a mãe de Jemma. A bioquímica analisou a expressão que se desenhou no rosto de Alistair. Parecia derrotado.

- Quando esteve lá, afinal? – Fitz questionou o pai.

Alistair deu de ombros.

- Passei em frente. Pedi que Davis me levasse a Perthshire para que pudesse caminhar um pouco e ele me mostrou a sua singela residência.

Fitz riu sem humor. Seu pai queria mesmo que ele acreditasse nisso? Que ele decidira passear casualmente por lá e, assim, sem querer, passou em frente ao seu chalé? 

- Davis é o piloto da família? – perguntou Claire, assaltada pela curiosidade.

- Sim, está conosco há quase quinze anos – tornou Alistair. Então, dirigiu-se novamente ao filho – achei que fosse ficar por lá.

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