Capítulo 57: Convalescença

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Enquanto a doutora Jenkins procurava elucidar de maneira minuciosa a condição de Fitz, o olhar de Jemma se deteve em Deke que, a uma relativa distância de onde estava, ajeitava o travesseiro atrás de seu primo, garantindo que ele estivesse confortável naquele leito de hospital.

Subitamente, as explicações da doutora foram interrompidas por Alistair que lhe falou com a aspereza e o tom rude que lhe eram inatos:

- Afasia?

A doutora, que mantinha as mãos enterradas no bolso do jaleco, não se intimidou diante do tom do superintendente da SHIELD.

- Quer dizer o quê? Meu filho não irá voltar a falar? Isso é permanente?

- Como eu ia dizendo, essa condição pode ser temporária. No entanto, alguns danos causados pelo período em que ficou sem oxigenação no cérebro podem ser irreversíveis...

- Que danos? – ele a cortou novamente, de modo ríspido.

- Por favor, Alistair! – Lynda interveio.

- Eu só estou preocupado com meu filho...

- Todos estamos e nem por isso baixamos o nível ou perdemos a educação com as pessoas. Deixe que ela explique – tornou a mãe de Fitz com impaciência.

Por sua vez, Alistair calou-se, sentindo-se ligeiramente encabulado. Jemma também ficou um tanto constrangida ao testemunhar aquela cena.

- Me desculpe... – Alistair murmurou, dirigindo-se à Dra. Jenkins – por favor, doutora, prossiga.

- Creio que o quadro dele seja de afasia expressiva, já que ele não consegue falar, mas está bem responsivo. Trata-se de um transtorno neurológico caracterizado pela dificuldade em se expressar verbalmente. A compreensão, contudo, é preservada. Não há presença de um dano estrutural que justifique a perda da capacidade motora de se expressar, que é apenas presente na apraxia de fala. Os quadros de afasia se instalam abruptamente, como consequência de lesões no cérebro, como é o caso de seu filho. Geralmente, o paciente com afasia, mesmo com a dificuldade de expressão, consegue articular as palavras, mas irrita-se quando não se faz entender. A perda da capacidade de falar pode ser temporária ou permanente, dependendo da causa da afasia. É imperativo que ela seja identificada e tratada por um fonoaudiólogo com o objetivo de estimular as áreas do cérebro afetadas e, desse modo, torne-se possível adotar estratégias para facilitar a comunicação no cotidiano. Apesar de muitas vezes ser considerado difícil se comunicar com uma pessoa com afasia, é importante fazer uso de estratégias que possam facilitar a convivência e assim diminuir a frustração e promover melhora da qualidade de vida da pessoa. O ideal é que além do acompanhamento com o fonoaudiólogo, a pessoa tenha apoio de amigos e familiares para que a comunicação se torne mais fácil. Assim, é importante que sejam implementadas medidas que estimulem e facilitem a comunicação com a pessoa que tem afasia, como por exemplo: utilizar frases simples e falar vagarosa e pausadamente; permitir que a pessoa fale sem pressa, dentro de seu próprio tempo; não tentar completar as frases da pessoa; evitar barulhos de fundo ao redor; fazer perguntas simples cujas respostas limitem-se a sim ou não; e evitar exclui-los das conversas. Provavelmente, após iniciar o tratamento com fonoaudiólogo, ele será capaz de uma linguagem expressiva fluente, com normal articulação e estrutura, mas com dificuldade na evocação de palavras.

Alistair olhou na direção do filho e suspirou pesadamente. Fitz sempre fora um garoto constantemente frustrado e deprimido. Muito por conta de seu pai, uma vez que, desde criança, sentia que não correspondia às suas expectativas. Alistair também sempre fez questão de expressar verbalmente o quanto Fitz não era suficientemente bom em nada... Agora, por conta de sua condição, essas características se agravariam...

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