Capítulo 24: Estepe Emocional

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Ele não compareceu ao treinamento físico. Mais tarde, quando ela o confrontou, ele alegou, sem olhar em seus olhos, que havia distendido o tornozelo e, portanto, não poderia treinar com ela.

- Para alguém que distendeu o tornozelo, você está andando normalmente – comentou, irônica, enquanto caminhavam até à biblioteca.

- Que observadora – rebateu, no mesmo tom, apressando o passo para andar na frente dela.

- Temos um trabalho de biotecnologia!

- Que pena! Eu estou indo pesquisar sobre engenharia nuclear.

- Sabe tudo sobre isso. Por que precisa pesquisar? – ela gritou, parando no meio do caminho.

- Porque sim – respondeu, sem interromper seus passos, caminhando confiante até à biblioteca.

Jemma suspirou, vendo-o sumir dentro do prédio. Então, uma ideia lampejou em sua mente. Deu meia volta, seguindo novamente para o prédio que abrigava os alojamentos.

*

- Eu juro que nunca mais farei algo do tipo, Jemma. Me desculpe, mesmo!

Com os braços cruzados em frente ao corpo, a bioquímica analisou a amiga com um ar impassível. Porém, sabia que ela estava sendo sincera e que se encontrava arrependida pela noite anterior.

- Ok, eu posso te desculpar.

- Sério? – os olhos da inumana brilharam devido à surpresa – não vai mais ficar dez anos sem falar comigo?

- Eu não ficaria dez anos sem falar com você – a outra revirou os olhos – foi apenas força de expressão motivada pela raiva que eu estava sentindo no momento. Mas, agora, eu preciso de um favor. Se você estiver disposta a colaborar, eu te perdoarei.

- Hmmm... Isso não é chantagem? – avaliou.

- Do contrário, eu ficarei dez anos sem falar com você.

- Está bem! – tornou Daisy, espalmando as mãos em frente ao corpo em um gesto de defesa – de que se trata?

- Preciso que utilize seus poderes... Para algo bem banal.

*

O corredor dos armários da Academia se assemelhava àqueles de colegial americano. E estava apinhado de pessoas. Jemma e Daisy esperaram até que os recrutas se dispersassem para agirem. A maioria seguia rumo à sala de aula. Mas um grupo de quatro rapazes, todos perfeitamente trajados com ternos escuros, permanecia no corredor, conversando tranquilamente.

As duas estavam escondidas em uma das curvas do corredor, esquivando-se na lateral de um dos armários. Já estavam devidamente trajadas para a aula de Comunicações de Phil Coulson, com seus tailleurs e os cabelos presos em coques no alto da cabeça. Toda a seriedade de sua aparência se esvanecia ao lembrarem-se do plano que tinham em mente para atrasar um de seus colegas.

- Desde quando o Lincoln faz parte do grupo? – perguntou Jemma, ligeiramente curiosa ao avistar o inumano junto a Fitz, Hunter e Joey, conversando em frente ao armário do primeiro no corredor.

- Ao que parece, o Joey quis ajudar o Lincoln... Sabe, por ele estar se sentindo inseguro quanto aos seus poderes. Como o Joey virou amigo do Hunter e o Hunter é o fiel escudeiro do Fitz... O resto é história – explicou Daisy em um sussurro.

- O Lincoln que te contou? – indagou, ainda confusa. Fitz andando com inumanos... Will lhe dissera, afinal, que ele os odiava.

- Sim, enquanto dançávamos ontem... – a inumana comentou com um sorriso e um ar de quem devaneava.

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