Capítulo 22: No Veneno Está o Antídoto

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- Isso corta o efeito de qualquer substância agressiva para o organismo. Foi algo que desenvolvi durante uma aula de química no segundo ano da Academia – explicou o engenheiro, levantando, à altura dos olhos de Jemma, um frasco com o líquido que ela havia acabado de ingerir – nem eu imaginava que seria tão eficiente. Fui aprimorando com o tempo. Claro que só funciona se for ingerido imediatamente. Tecnologia pode ser a minha especialidade, mas nada me impede de me aventurar por outras áreas...

Ainda desorientada, Jemma limitou-se a assentir.

- O que diabos tomou para ficar assim? – questionou.

- Ponche – disse ela, com sinceridade.

Uma risada debochada escapou da garganta do engenheiro.

- Ponche não faria tudo isso com você... A não ser que você seja muito fraca com relação ao álcool.

- Não sou! – tornou ela, prontamente – eu não costumo beber muito, mas nunca fiquei assim com um mísero copo de ponche. Havia algo diferente... Algo muito forte... – comentou, desviando o rosto, reflexiva, procurando entender o que havia acontecido.

- Outras pessoas beberam daquele ponche e não ficaram assim. Ophelia... – ele começou a falar, mas se deteve ao perceber que ela tornara o olhar bruscamente na direção dele diante da simples menção ao nome de Ophelia, uma expressão de contrariedade estampava seu rosto – enfim, outras pessoas beberam.

- Eu não entendo – tornou ela, encarando as mãos que se agitavam em seu colo. Foi só então que se deu conta de que estava sentada sobre uma mesa de vidro do laboratório em que costumavam estudar juntos.

- O que sentiu? – perguntou, entre curioso e preocupado.

- Uma sensação horrível. Como se toda a minha vida estivesse escapando de mim... Senti como se perdesse minhas forças – replicou, desatinada.

- Estranho – disse ele mais para si mesmo do que para ela. Ele a avaliou. O rosto próximo do seu. Jemma sentiu-se um tanto intimidada com aquele olhar perscrutador que parecia escanear cada centímetro da pele de seu rosto – sua cor está voltando também.

- Então... É isso que toma para se manter sóbrio? Foi o que tomou antes do jogo com o Ward esta noite?

Fitz assentiu, um tanto sem jeito.

- Isso não é trapaça? – ela indagou genuinamente, sem nenhum traço de hostilidade ou censura.

Fitz deu de ombros.

- Eu não posso deixar que Ward consiga o que quer. Ele quer me tirar dos trilhos. Me fazer perder o controle. Afrontar-me até que eu ceda às suas provocações. Não vai acontecer. Por isso é importante estar sempre um passo a frente.

- Engenhoso – disse ela, sem malícia.

Fitz anuiu com a cabeça.  Um silêncio constrangedor se abateu sobre eles.

- Bem... Eu já melhorei – afirmou a bioquímica – pode voltar para sua namorada. Ela deve estar preocupada que tenha desaparecido – disse Jemma, pouco a vontade com o próprio comentário.

O engenheiro pigarreou, desconfortável.

- Ela não é minha namorada... Eu não gosto dela. Não assim... – ele apressou-se em esclarecer.

Simmons ergueu o olhar para fitá-lo, surpresa que ele admitisse tão abertamente não gostar de Ophelia no sentido romântico da coisa.

- Para falar a verdade, sequer compreendo o que ela viu em mim... Não temos nada a ver – tornou ele, com seu típico ar depreciativo.

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