ACADEMIA SHIELD: Renegados

Capítulo 15: Aquela Noite

* Um ano e meio antes*

- A coisa que eu mais gosto nesse lugar é que está repleto de britânicos – comentou Daisy em um tom que combinava animação e deleite.

Jemma, que se encontrava visivelmente desconfortável ao seu lado e ainda com seu drink intocado sobre o balcão, lançou um olhar irônico para sua amiga.

- Decerto porque estamos em um pub inglês? – retrucou como se fosse óbvio.

- Que seja! – Daisy agitou uma mão no ar como se espantasse um inseto que voava defronte ao seu rosto, ignorando o fato de que Jemma parecia subestimar sua inteligência.

A bioquímica deu uma boa olhada para seu copo abandonado no balcão.

- Não se preocupe. Aquele cara com quem você ficou não é mais o barman daqui. E mesmo que ainda fosse, ele não iria colocar nada em sua bebida só porque você não quis mais nada com ele.

O comentário estapafúrdio de Daisy fez com Jemma revirasse os olhos.

- Eu sei que ele não trabalha mais aqui. Não é por isso que não estou bebendo.

A inumana deu um grave suspiro.

- Ora, vamos! Eu te trouxe aqui para que esfriasse a cabeça e limpasse a mente. Tente relaxar e se esquecer dos seus problemas ao menos por uma noite.

Esquecer os problemas não era tão fácil como Daisy pressupunha.

Jemma vinha se sentindo inadequada. Segundo algumas de suas pesquisas feitas durante às madrugadas insones na internet, era uma fase comum pela qual todos aqueles que chegam à fase adulta, atravessam. Não se sentir bom o suficiente, não encontrar paz nem no trabalho, nem com a família, acreditar que está se distanciando cada vez mais de seus sonhos... O grande problema é que aquela fase vinha perdurando. Somava-se a isso um fato de um passado recente que vinha lhe assombrando e o término de um segundo relacionamento frustrado que nem sequer havia começado.

Ela se sentia simplesmente incapaz. Inútil. Como se não fizesse a menor diferença na vida de ninguém. Sem forças para travar uma batalha contra a inércia em que se encontrava sua vida.

- Ah, Jemma! Eu só queria ver um sorriso no seu rosto... – Confessou Daisy com um semblante preocupado – eu quis te tirar de casa porque achei que isso te ajudaria.

- Eu sei que você teve a melhor das intenções. Não coloco isso em dúvida – tornou Jemma, tocando a mão de Daisy sobre o balcão do bar, grata por sua amiga tentar lhe animar, mesmo que se tratasse de uma tentativa vã e infrutífera.

- Sabe, sei que anda bem desacreditada com relação os homens... Mas, de repente, seria legal dar uma chance... E conhecer alguém por aqui.

Jemma lançou um olhar de censura à sua amiga.

- Não. Eu quero mesmo ficar sozinha.

- Mas isso não te impede de aproveitar uma boa noite de sexo quente e descompromissado para aliviar a tensão e fazê-la esquecer momentaneamente dos problemas – replicou a inumana com malícia.

- Ah, Daisy – a outra revirou novamente os olhos – nem sempre sexo é o melhor remédio.

- Não, não é – ela concordou enquanto levava seu copo com vodka à boca – mas você já experimentou essa solução? Se não funcionar, paciência. Tenta outra coisa... Mas com todas essas alternativas deliciosas à solta por aqui, é até um desperdício não fazer uma tentativa.

- Se forem como o último, não quero nem saber.

Jemma se referia a Tad, o antigo barman do local e sua mais recente decepção com o sexo oposto. Ela não se culpava por não ter dado certo. E nem estava desesperada para mergulhar em uma nova aventura. Mas não conseguia evitar se sentir aborrecida com relação à sua vida amorosa. Após desperdiçar seu tempo com um homem que não supriu suas expectativas e necessidades justamente em uma época em que ela se encontrava vulnerável e fragilizada, tinha receio de que nunca fosse ser feliz naquele departamento de sua vida. Não era exigente, só achava que, sim, merecia ser amada e apreciada como qualquer outra mulher. Estava farta de se decepcionar com os homens e acreditando que estava destinada a cruzar, em seu caminho, somente com os egoístas e indiferentes. O que compreendia uma porcentagem bem alta da ala masculina.