Sim

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~Na Yeon~~

 Não demorou pra que a ligação caísse. Ótimo.

 Levantei da cama correndo, tentei retornar algumas vezes e nada. Ten não me atendia, nem Taeyong. Era pouco mais de cinco da manhã, eu levantaria antes da sete – e bem provavelmente não conseguiria mais dormir até lá. Minhas duas últimas noites já tinham sido desafios pra meu sono e eu já não estava conseguindo dormir hoje também antes mesmo de qualquer ligação (insônia, uma velha conhecida minha).

 Esperando que o tailandês me retornasse, passei pelos quartos para observar os garotos. Felizmente, todos dormiam feito anjinhos, incluindo Jaemin que voltara pra casa fazia poucas horas – chequei se ele tinha a temperatura normal, me aliviei por não ter nenhum sinal de infecção pós-cirúrgica e agradeci ao céus por termos conseguido uma equipe médica bem sucedida. As duas camas vazias, que eram de Ten e Taeyong, estavam servindo de guarda-roupas, cheias de peças jogadas pelos outros. Na Reum, que até agora não teve lugar fixo, estava na cama de Jungwoo; que, por sua vez, estava se encolhendo entre os braços de Lucas. Ah, o amor...

 Voltei à sala, ainda com o celular em mãos, ansiosa por outra chamada. Encarei a tela e nada, mais nenhuma ligação. Tomei um copo de água, andei pela cozinha, gastei mais meia hora passeando de um lado pra outro e esperando que um dos dois me dessem notícias, mas não tive nenhum retorno. Enviei mensagens, liguei mais algumas vezes, em vão. Pensei em contatar o CEO, mas duvidei que ele me atenderia àquela hora. Eu estava preocupada, por que o menino me ligaria chorando daquele jeito e suplicando pra voltar? Pela barulheira, deveriam estar em algum bastidor ou festa, o que fazia tudo parecer ainda mais estranho.

 Sentei no balcão da cozinha, vasculhei as redes sociais. Taeyong tinha atualizado a conta do grupo com algumas fotos horas atrás, como eu havia instruído, mas sem nenhuma pista. Procurei por informações em fanbases locais, mas era como se ninguém soubesse nada sobre os dois além do óbvio. Em só dois dias fora do país eles já conseguiram se meter em encrenca? E parte da culpa é minha de novo... Eu deveria ter me atentado e pedido à empresa pelos contatos das pessoas que estariam responsáveis pelos dois na Tailândia.

 Quanto mais o tempo passava, mais eu me preocupava. Podia ser algo realmente sério. Pensei em acordar os outros, mas eles dificilmente saberiam alguma coisa. Comecei a juntar possibilidades na minha cabeça. Ele podia estar bêbado me falando asneiras; alguém podia estar me passando um trote e não percebi por conta do sono; talvez estivessem pregando algum tipo de peça assustadora nele que terminaria com risadas do típico de brincadeiras idiotas praticadas por homens. Descartei todas, tinha a sensação de que algo estava errado. E torcia pra que minha intuição estivesse errada.

 Do que ele teria medo? De quem?

 Assustei quando meu celular vibrou com uma única mensagem, um áudio de Ten. Respirei fundo antes de ouvi-la, por alguma razão eu sentia que aquele problema poderia ser maior do que eu imaginava. Coloquei o fone de ouvido, na intenção de manter o assunto longe dos outros garotos, e apertei o play como todo o receio possível.

 Que não seja nada grave, pelo amor de Deus, não é como se eu pudesse me teletransportar pra Tailândia agora.

“Noona, os outros staffs sumiram...” – no mesmo ambiente barulhento, com a mesma voz trêmula, Ten parecia gravar sussurrando, provavelmente escondido – “Eles nos trouxeram pra essa boate e sumiram no meio de todo mundo” – ele falava com pausas, recuperando o próprio fôlego entre uma frase e outra. E eu já imaginei que tipo de boate deveria ser a que ele se referia – “Taeyong hyung não tá bem, fizeram ele beber de tudo aqui” – e o desespero quase palpável dele se unia ao meu. Era como se eu pudesse sentir seu coração acelerado apenas pela forma como falava e se embolava entre o choro e a discrição da gravação – “E tem esse cara atrás de mim, eu não sei o que ele vai fazer. Eu não consigo sair do banheiro e o Tae hyung ficou sozinho” – Deus, eu sei que já fiz muita cagada na minha vida, mas será que é mesmo necessário descontar isso nas pessoas que estão em minha volta? Não é possível que tanta desgraça seguida seja só coincidência – “A gente não pediu pra vir pra cá, eu juro” – Ten estava preocupado com os termos da empresa, além de tudo. Estavam em um lugar proibido para os idols em dias de compromisso e mais ainda no exterior. Eu obviamente sabia que não tinha sido ideia dos dois serem embriagados e perseguidos por estranhos numa casa noturna da Tailândia, ele não precisaria me dizer – “Nós só fizemos a apresentação pros fãs e íamos pro hotel... Mas eu suspeitei desde que vi que ele estava aqui. Eu me lembro dele, do rosto dele”

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