Eu estou aqui

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[Narrador]

"Bom dia, gatinho" – Yeon sorriu ao atender a chamada de vídeo em seu celular logo de manhã. Do outro lado, Taemin sorriu de volta e acenou para a câmera – "Acordou mais cedo hoje?"

"Tenho que viajar" – ele respondeu, enfiando a cara na câmera com uma expressão de desânimo e fazendo sua mãe rir

Nada poderia ser um motivo mais convincente pra que Na Yeon saísse da cama de manhã que o fato de seu filho estar adquirindo o hábito de ligar ou fazer uma chamada de vídeo quase todos os dias durante sua estadia no Japão. E, por mais que sua casa estivesse vazia e que ela se sentisse sozinha na maior parte do dia, os curtos minutos que passava conversando com Taemin eram suficientes para manter a cantora alegre.

E, depois de toda a introdução conturbada que tiveram um do outro, o clima agora era completamente diferente. Ela podia agir como sempre quis, sendo a mãe que sempre quis, e ele a aceitava, mesmo que mudasse seu comportamento aos poucos. Às vezes Taemin ainda tratava a mulher como uma amiga, às vezes como irmã, até que se permitia lembrar que tinha uma mãe real e podia trata-la como uma. Desde o aniversário dela, por meio daquela mensagem, ele vinha juntando coragem para usar a palavra "mãe" ao vivo, mas o sucesso parecia ser mais difícil do que imaginara.

A cada dia era como se ele tivesse que enfrentar a si mesmo, ao medo de perder tudo, à sensação de que tudo poderia ser apenas um sonho que sumiria na manhã seguinte. Então, em cada manhã, ele tinha que ligar, tinha que ver – era quase como uma comprovação necessária para acalmar seus nervos, para afastar seu pensamento cotidiano de que era provável que a mãe o abandonaria outra vez. Mas, todos os dias, ela estava lá, sorrindo pra ele e curando algumas de suas feridas do passado.

Antes de viajar para o Japão, os dois tiveram um momento juntos, uma conversa sincera final, talvez a mais verdadeira e decisiva que haviam tido desde o dia em que se encontraram. Abriram o coração um para o outro, contaram seus medos mais bobos e suas esperanças, prometeram ser uma família em um futuro não tão distante. Entenderam os sofrimentos que eram consequências de seu afastamento por todos esses anos e tomaram a decisão conjunta de acabar com todos eles. Pelo apoio que teve de seus hyungs, pelas conversas que teve com Na Reum, pelas saudades que sentiu durante toda a vida, foi que Taemin decidiu deixar o passado para trás e se concentrar no presente, ao lado de sua mãe.

Com o entendimento, veio o perdão. E, por mais que a frase 'eu te perdoo' não tenha surgido no meio das conversas, os atos do maknae do SHINee eram mais concretos que qualquer palavra. Na Yeon sentia-se a pessoa mais agraciada da Terra, a pessoa mais realizada por ter conseguido completar seu maior sonho e estar finalmente dividindo sua vida com seu filho, mas ela não sabia o quanto o garoto estava feliz também. Taemin era outra pessoa. Ele não via a hora de voltar ao seu país, porque seu maior desejo era passar horas recebendo os mimos de sua mãe.

Nada poderia expressar precisamente o sentimento de mãe e filho que se encontraram depois de mais de vinte anos. Tanto que nem mesmo eles conseguiam expressar aquilo tudo em palavras. Na Yeon pegava seu caderno de anotações a toda hora, colocava uma frase nova ali todo dia, em tentativas de externar todos os sentimentos que a preenchiam. Taemin entregava sua energia nos concertos, sorria mais que o normal e tinha retomado um espírito brilhante que perdera por alguns meses. Sua equipe percebera a mudança, seus hyungs (e mesmo a teimosia de Key caíra por terra) e até suas fãs notavam a diferença de Taemin antes e depois do meio do ano.

"Quando vai voltar?" – Yeon fez um bico, em uma mistura de aegyo e cara de tristeza. Taemin continuou sorrindo

"Amanhã" – ele respondeu, rindo de como ela desfez o bico e festejou sua resposta – "Vai visitar meu irmão hoje?" – Taemin já sabia sobre as intenções de sua mãe em adotar Na Reum, ela tinha contado na manhã anterior, depois de muito receio por achar que ele não receberia bem sua decisão

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