Surpresa - Parte II

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24.08.2018

[Narrador]

As ruas estavam quase completamente vazias, silenciosas. Só se ouviam os passos lentos dos dois meninos, sem nenhuma conversa como distração. Na Reum ia alguns passos a frente, sendo seguido por Taeyong e Na Yeon – no entanto, a ex manager tinha se permitido exagerar na quantidade de álcool ingerido e estava voltando pra casa pendurada nas costas do líder do grupo, basicamente apagada, resmungando coisas sem sentido de vez em quando.

A voz embargada tão próxima de seu ouvido e a respiração quente de Yeon que se chocava contra seu pescoço, dispersavam Taeyong entre um passo e outro. Ele evitava desviar o olhar para o lado e encontrar o rosto da mulher em seu ombro, e embriagava-se sem querer com seu perfume. Às vezes ria sozinho, sem poder evitar em fazer uma comparação mental entre aquela cena e as que sempre veem nos dramas da televisão.

Inicialmente, Taeyong nem iria à festa que os outros planejavam para Na Yeon, afinal, as lembranças do dia anterior não eram as mais agradáveis. Ele tinha em sua memória o olhar de reprovação óbvio dela e talvez não pudesse esquecê-lo tão rápido. Mas, sem poder dizer aos membros o que tinha acontecido do lado de fora da lanchonete e pressionado por todos os pedidos, teve que ceder e ir até a casa da mulher que atormentava seus pensamentos nas últimas semanas. E, claro, não estava em seus planos se apaixonar por ela, na verdade nem por nenhuma garota, muito menos mais velha. Apenas aconteceu, ele diria.

Enquanto caminhava pelo silêncio dos quarteirões que levariam à casa de Na Yeon, Taeyong pensava em quais eram as reais possibilidades entre os dois. Ainda tinha alguma chance ou o fato de ser vinte anos mais novo seria decisivo? Era apenas por uma questão de idade ou ela realmente não gostava dele? Foi patético se declarar daquela forma tão apressada, não foi? O garoto se arrependia por ter agido pelo impulso, ao mesmo tempo em que se crucificava por nunca ter assumido seus sentimentos em momentos mais apropriados, antes.

Na Reum os observava às vezes, era óbvio que já havia percebido o que seu colega nutria pela cantora e, de verdade, torcia para que as coisas entre eles dessem certo, achava que formariam um belo casal. Olhando de fora, ninguém imaginaria que ela era tão mais velha que o menino que a carregava, seu rosto não dedurava em nada sua idade. E, na cabeça do próprio Taeyong, ele era mais maduro que os garotos de sua idade (e tinha aprendido isso tomando conta de seus membros), então não precisava ser tratado como uma criança.

Não estava confuso, não precisava de tempo pra pensar, ele tinha plena certeza de cada uma de suas palavras quando disse que gostava daquela mulher. E tinha pensado muito antes de não poder mais esconder tudo aquilo; tinha tentado negar, mas foi em vão. Se Na Yeon tivesse reparado antes, teria notado os sinais dele por ali, os olhares diferentes, as ações mudando de uma estranheza a um carinho mais que natural ou amigável – mas ela não percebeu absolutamente nada, foi pega de surpresa.

Taeyong andava tão distraído seguindo Na Reum que estava menos cansado do que deveria. Os resmungos de Na Yeon tinham cessado depois dos primeiros minutos, quando o sono a bateu – e a forma como ela se deixava ser levada, envolvendo seus braços no pescoço do mais novo, deixava a situação ainda mais confusa para o garoto. Ela provavelmente não se lembraria de nada na manhã seguinte, mas ele não se esqueceria daquela proximidade.

Depois de todos os minutos silenciosos de caminhada, chegaram até a casa de Na Yeon. Reum ainda a frente abriu todas as portas e acendeu as luzes, facilitando o trabalho do amigo que vinha logo atrás. Sentindo-se meio deslocado, o trainee foi até o quarto que era ocupado por Ten (e que estava vazio) e deixou que seu líder terminasse o que fosse que precisava fazer. Os dois não tinham trocado nenhuma palavra até então, apenas se comunicado com olhares e gestos, em partes porque, ingênua e inconscientemente, o mais novo achava que muito barulho poderia talvez acordar e atrapalhar sua manager.

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