O começo do fim

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~~Na Yeon~~

Han Sol havia aparecido de surpresa, sem que esperássemos, e com um sorriso enorme no rosto por poder exibir na tela do celular uma nova manchete: "Polícia manda prender manager do caso SM". Parecia o começo do fim. Consegui devolver-lhe um sorriso leve, depois de secar o choro que havia derramado por conta de cada palavra da mãe de Ten. Embora eu estivesse apreensiva com o desenrolar que a justiça teria, aquela era uma notícia ótima pra um começo, representava muito – principalmente uma instantânea felicidade para os pais que se debulhavam em lágrimas na nossa frente.

É o começo do fim.

Suspirei, tentando me recompor depois da sobrecarga de emoções diferentes. Eu e Taeyong estávamos prontos pra entrar no quarto em que Ten estava, mas agora tínhamos também uma terceira visita: Han Sol. Eu não poderia deixa-lo de fora sabendo que foi ele quem contou tudo à polícia, quem se arriscou e criou coragem pra expor um caso desse tamanho e que teve como principal interesse a proteção de seu antigo parceiro e amigo. Sorri em sua direção, sinalizando pra que seguíssemos por aquele corredor.

Por minhas visitas constantes eu já sabia o caminho até o quarto com certa facilidade. Na prática andar por aqueles corredores e salas não era nada confortável ou interessante, então eu não prestava muita atenção em seus detalhes, no entanto, naquele dia em especial, resolvi encarar as poucas molduras e imagens que se espalhavam pelas paredes brancas. Era claramente um hospital católico, dava pra comprovar pelas pinturas de santos que eu desconhecia penduradas em grandes molduras. Pela escolha do lugar supus que a família de Chittaphon fosse então religiosa e mentalmente pedi que, quem quer que fosse o deus em que acreditavam, ouvissem suas súplicas.

Encarei a porta de madeira clara em nossa frente, estávamos finalmente na ala VIP, no melhor dos quartos. Até a aura daquela parte do hospital era diferente do restante, tudo era mais sofisticado, como se quisessem esconder que continuava sendo uma droga de hospital. De que adianta na verdade estar num quarto VIP, se ainda se está nesse lugar? Respirei fundo, com os dois garotos parados em minhas costas. Seria tão fácil entrar naquele cômodo se eu soubesse que tudo estava bem. Mas eu sabia que não estava.

O que os pais de Ten relataram foi que ele não quer conversar, não consegue dormir e tem pesadelos quando tenta, não quer comer e não sai da cama. Ninguém contou qual foi a verdadeira raiz de seu acidente, mas é como se ele já soubesse. Sua mãe me disse que ele chorou durante a noite toda, sem dizer uma palavra, até que ela chegou ao ponto de pedir que o medicassem porque não aguentava mais assistir ao seu sofrimento. Nas palavras dos médicos: "não existe nenhum dano biológico, são consequências de danos psicológicos", ou seja, além do braço e da costela quebrados, alguns arranhões e cicatrizes de cirurgias; não existia nenhum grande problema físico. Problemas psicológicos são mais difíceis de curar, no entanto.

Agarrei a maçaneta, com um total branco em minha mente, não queria imaginar nenhum tipo de reação vinda de dentro daquele quarto. Confesso que, embora eu tentasse me manter positiva, eu tinha medo. Eu não queria que Ten sofresse muito por culpa daquele homem, não queria que seu sofrimento perdurasse, mas também não tinha muitas ideias do que fazer pra ajuda-lo caso precise. Encarei Taeyong e Han Sol atrás de mim antes de abrir a porta, ambos pareciam animados, ansiosos, seria como um reencontro depois de tantos perigos. Previ que seria algo, no mínimo, emocionante. Forcei um sorriso e criei coragem para virar a maçaneta.

Entrei no quarto devagar, sendo seguida pelos dois garotos apressados e nervosos. Han Sol tinha um brilho no olhar que dedurava suas lágrimas entaladas e sua felicidade ao mesmo tempo, ele estava anestesiado por poder rever alguém importante depois de anos. Os dois teriam muito o que conversar, muito o que perdoar e dizer. Quando entramos, foi fácil ver a silhueta de Ten sentado no canto de sua cama, encarando uma grande janela que dava visão ao lado de fora do hospital. Ele não percebeu nossa presença ou talvez não estivesse preparado para nos encarar.

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