Aliados e Inimigos

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~~Na Yeon~~

É bom estar se sentindo bem. É bom estar pelo menos um pouco feliz. Eu estou feliz agora, estou confiante depois de tanto tempo, estou sorrindo depois de muito tempo. E os garotos também estão sorrindo, o que me deixa ainda melhor. A única coisa que eu precisava era que meu filho estivesse sorrindo como nós e tudo estaria perfeito. Enquanto Jungwoo, Jaemin, Na Reum e Mark estavam comigo, eu já sabia que os outros estavam bem, em suas respectivas casas – tinha recebido várias mensagens e fotografias que me avisavam sobre terem chegado bem ou estarem em segurança durante as viagens.

Mas, além de tudo isso, eu tinha tirado os meninos de casa por uma noite e eles puderam me acompanhar até o estádio para ver o SHINee. Nenhum deles sabia a verdadeira razão por eu estar ali, vestindo uma camiseta do grupo, segurando um lighstick e num lugar perto do palco, mas estavam alegres pela diversão e por poder sair do olhar de Ko Hyuk. Jaemin precisaria ficar em casa, mas obviamente ele não quis ficar sozinho e nos seguiu, dei um jeito pra que ficasse então sentado durante o show todo.

Eu observava o estádio e as pessoas ao nosso redor antes do concerto começar. Mentalmente agradeci a Minho por ter me dado a oportunidade de ver tudo tão perto e, acima de tudo, por ter me dado seu apoio. Por mais que eu estive tão pertinho do palco, eu não queria que Taemin me notasse ali, não queria que se distraísse ou mudasse seu comportamento por causa da minha presença, eu só queria vê-lo sendo o maknae do SHINee por uma noite.

As luzes ao nosso redor davam um ar meio mágico ao momento, me davam uma certa nostalgia. Nunca estive desse lado, do lado da plateia, eu sempre estive em cima do palco, como atração. É diferente (e bom) poder estar apenas como observadora hoje, mas me deixa imaginando que tipo de questões o meu filho está enfrentando nos bastidores – os mesmos que enfrentei por alguns anos. Eu encarava algumas garotas que estavam perto da gente e sorria, sem deixar de perceber a paixão que era clara só por seus olhares. Era emocionante ler o nome do meu garoto por todo lado, ele tem o apoio dessas pessoas, mesmo de longe.

Claro, eu sei que também tive uma relação fã-artista um dia, e que não durou muito, mas não posso negar que ganhei grande força das pessoas que me admiravam em vários momentos da minha carreira e da minha vida. E é muito mais interessante como mãe ver tanto amor sendo entregue ao meu filho que a mim. Essas garotas e garotos o acompanharam mais que eu, alguns deles devem saber mais sobre Taemin que eu, devo respeitá-los por isso também.

Mark, Jungwoo, Jaemin e Na Reum estão acostumados com este ambiente mais que eu (digamos que tantos anos fora dos holofotes me tiraram um pouco dos trilhos) e conversavam muito entre si, sobre seus shows e agendas futuras. Era bom ver o brilho nos olhos dos quatro, mesmo sem me intrometer nas conversas. Quando as luzes se apagaram, em sinal do início do concerto, minha atenção voltou-se inteiramente ao palco, comecei a suar, era uma sensação estranha.

Eu jamais pensaria em enviar meu filho para a mesma carreira que eu, e menos ainda na mesma empresa, se ele tivesse ficado comigo. Mas lá estava ele, cercado de milhares de pessoas, acompanhado por três de seus hyungs, aclamado, aplaudido, esperado. Ver a expressão no rosto daquelas meninas era impagável; não há bem que atinja mais a uma mãe que o bem feito para seu filho. E, por causa do sorriso daquelas fãs, eu não podia deixar de sorrir também. As pessoas amam o meu filho, ele recebe amor.

Taemin prendeu minha atenção pelo restante do concerto, eu me lembrava da presença dos outros meninos apenas quando ele não estava no palco. Sem que meus acompanhantes entendessem, eu chorei durante todas as quase três horas em que estivemos no estádio. Muita coisa se passava pela minha cabeça quando eu o via naquele palco, brilhante, muito mais do que já fui um dia. Me doía o fato de ter crescido tanto sozinho, me doía lembrar que Jong Ki não havia lhe dado escolha a não ser aquela carreira, me fazia torcer pra que ele realmente fosse feliz no meio. Me orgulhava ver o homem em que tinha se convertido, me aliviava ouvir um coro com seu nome.

Lee Taemin! Lee Taemin! Lee Taemin!

Você brilha bem mais que eu, Lee Taemin. Eu espero que saibam cuidar de seu brilho, que saibam lhe dar o valor que eu mesma deveria ter dado e não dei. Continue sendo o Taeminnie de suas fãs e de seus irmãos mais velhos. Talvez você não possa se orgulhar de mim, mas eu tenho motivos mais que suficientes para me orgulhar de você. Podem dizer que todas as mães falam isso, mas eu sei que sou a verdadeira mãe do ser mais precioso do mundo.

"Noona, o que foi?" – Jungwoo berrou do meu lado, percebendo minhas lágrimas. Ele sorria, feito uma criança que acabou de ganhar um presente esperado, o que me fazia sorrir junto. Pela primeira vez, quando encarei os quatro meninos do NCT em minha volta, senti como se tivesse mais filhos além de Taemin. Pensamento bobo, não?

"Felicidade" – respondi, sem dar muitos detalhes dos porquês das minhas lágrimas.

Sequei o rosto e, arrastada pelos quatro meninos, terminei de assistir ao concerto pulando feito as fãs atrás de mim. Agindo feito uma delas, na verdade. Pulei, gritei, cantei. Por um breve momento, senti falta da energia de estar no palco e de cantar, não posso dizer que deixei de gostar da música ou do canto, isso nunca aconteceu. Naquele momento eu era uma fã também, podia me dar a esses luxos, afinal, quem seria uma fã maior que eu do meu garoto?

A euforia era tanta que eu queria me virar e gritar para todas aquelas pessoas "esse é meu filho! Esse é meu garoto!". Será que minha mãe soube algum dia qual a sensação desse tipo de orgulho ou ela realmente nunca se permitiu a aproveitar algo que eu fiz? Pouco antes do final, Minho notou a presença de seus hoobaes e nos cumprimentou com um sorriso. Agradeci e ele me enviou alguns corações, me fazendo rir.

Depois comecei a notar que Minho empurrava Taemin pro nosso lado toda hora, tentando fazê-lo me encontrar ali embaixo – e não demorou pra que acontecesse, mas sua expressão não foi das melhores (não que eu esperasse um sorriso) e ele logo saiu dali. No entanto, mesmo que Taemin não parecesse confortável com a minha presença, eu estava feliz por ter visto seu desempenho e por ter demonstrado meu apoio. Talvez ele não entenda agora, mas no futuro.

Enfim, eu poderia resumir a experiência em lágrimas, orgulho e agradecimentos. Eu estava feliz por estar compartilhando o momento com alguns dos meninos, e ainda mais por poder acompanhar um show do meu filho pela primeira vez. Cada vez que eu ouvia seu nome ser pronunciado pelo público meu coração palpitava. Era algo tão importante na vida dele e só agora eu estava começando a fazer parte daquele mundo, do mundo do SHINee.

Obrigada Shawols, por darem seu amor ao meu filho e por me fazerem sentir a intensidade desse sentimento. Obrigada Minho pelo convite e pelas emoções. Obrigada também Key e Onew, por serem brilhantes e por estarem ao lado do Taemin. Obrigada Jonghyun, onde quer que esteja, por ter crescido junto do meu garoto e feito parte de sua vida como alguém especial. Obrigada Taemin por me fazer mãe, por me trazer a uma nova gama de sensações, por me dar uma vida nova.

(...)

1 semana depois...

"Não é possível que tantos problemas aconteçam em só dois dias" – me joguei em uma das cadeiras, enfiando os dedos por entre meu cabelo, tentando ordenar meus pensamentos. Pensei alto, suspirando – "Eu vou acabar matando esses desgraçados"

"O que houve?" – a médica, calmamente se sentou em minha frente. Não éramos amigas próximas, mas eu não tinha mais ninguém com quem desabafar naquela hora

"Ontem aquele tailandês miserável apareceu aqui" – respondi, com pausas enormes entre uma fala e outra por conta do nervosismo. Eu não estava conseguindo reagir bem a assuntos tão sérios, talvez os piores que enfrentei até agora – "E hoje, aquele palhaço... Ko Hyuk" – parei, sentindo minha cabeça prestes a explodir (de dor, de raiva, de remorso e até mesmo um pouco de culpa) – "Ele tramou tudo isso, ele quer me ferrar atingindo os garotos, ele me avisou"

"O que ele fez dessa vez?"

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