Ainda Não

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~~Na Yeon~~

 Eu aprendi a cuidar de machucados depois de muito brigar com Sue durante meus primeiros anos de empresa. Sim, uma das minhas antigas companheiras. Pensar nisso agora chega a ser ridículo, mas nós duas brigávamos feio muitas vezes, por motivos fúteis que costumávamos aumentar. Éramos adolescentes idiotas e precipitadas, então não posso dizer nada sobre o descontrole dos também adolescentes com quem convivo. No entanto, parece que aprender a esconder marcas rochas e aliviar dores tornou-se útil na minha vida nos últimos tempos.

 Chae Ri não estava na empresa (estava na minha casa), então eu tinha que ser a médica do grupo e evitar que mais problemas chegassem aos ouvidos do CEO. Na Reum me olhava com a expressão de cachorro sem dono mais convincente que já vi, sem dizer uma palavra, sem nem reclamar com a ardência dos remédios que eu espalhava por seu rosto – e eu sei como essas coisas doem por conta de toda experiência passada. Eu ainda não tinha entendido bem o que acontecera na minha ausência, mas tinha boas suspeitas.

 Por mais que ele não me dissesse tão claramente, eu sabia que tinha o corpo dolorido, além do rosto todo inchado e machucado. Ele não reagiu aos ataques e digamos que Mark perdeu um pouco a noção da própria fúria e força. Mas, se o que imagino que aconteceu realmente aconteceu, eu entendo o porquê de o outro ter se exaltado tanto mesmo quando o outro é mais novo e claramente mais frágil. Talvez eu deva dizer depois que ele não pode sair por aí socando pessoas a ponto de machuca-las tanto, mas não sei se é a hora certa para sermões.

 Estávamos apenas eu e Reum na sala da enfermaria usada pela Dra. Kang e, por mais que eu o encarasse, ele continuava calado. Juntando o que os outros disseram e o que presenciei na sala de prática, eu suponho que temos um problema bem grande em mãos. Se o CEO realmente descobriu sobre o namoro escondido de Lucas e Jung Woo eu suponho que a mínima punição vai ser a separação dos dois – e isso me faz temer pelo futuro dos garotos e do grupo. Tudo que está acontecendo vai afetar diretamente todas as units e nem a entrada de outros trainees seria suficiente pra esconder os buracos deixados. E pior, eu ainda tinha medo do que soltariam para as fãs no caso de um afastamento dos dois meninos, porque é óbvio que ninguém vai contar a verdade.

“Pronto, isso é tudo que podemos fazer por agora” – quebrei o silêncio, assim que terminei de colar o último curativo em um pequeno corte que ganhara no meio da briga – “Quer me contar a verdade ou terei que ouvir por outras pessoas?”

 Como sempre digo, anda sendo fácil decifrar algumas pessoas. Reum é uma delas. Ele tem 17 anos, sua maior ambição é poder estrear ao lado dos outros, mas ele acabou de posicionar-se contra todo o resto do grupo – o que não faria nenhum sentido sem um motivo externo. Por seu olhar era fácil saber que escondia algo, que estava arrependido, que não retrucara nenhum golpe de propósito, como se acreditasse merecer cada um deles.

 Se me pedissem para escolher um dos meninos como o mais fácil de lidar, o mais atencioso e dedicado, eu provavelmente escolheria Na Reum, desde o primeiro dia em que nos encontramos; e por isso não me entrava na cabeça que ele teria feito algo que pudesse prejudicar os outros de propósito. Ou consegui ser enganada por um adolescente de 17 anos todos esses meses ou tem algo muito mais complexo por baixo dessa história.

“Não vai mesmo me dizer?” – o encarei, apenas observando o quanto ele desviava o olhar parecendo mais preocupado com os detalhes dos quadros do que com minha presença – “Reum-ah, por favor. Eu não quero saber sobre isso pela boca do CEO”

“Eu não sabia que acabaria assim” – ele finalmente abriu a boca, me deixando claro que tinha falado algo e que se arrependia daquilo, como previ – “Ele me disse que não fariam nada com eles! Foi só porque me disse que se eu não fizesse, eu ficaria pra trás”

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