Pain

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~~Na Yeon~~

"Reum-ah" – chamei a atenção de Na Reum, que estava quieto sentado no canto da cama. O encarei, cansada – "Pode buscar alguns remédios pra mim?"

"Sim, noona" – respondeu, se levantando. Eu não queria ocupa-lo, logo depois de chegar da escola, mas não teria outra opção

Acariciei os cabelos claros de Jung Woo enquanto ele estava deitado no meu colo, mais quieto que o próprio Reum – isso porque o mais novo já estava calado. Na verdade ele estava sem dizer uma palavra desde que chegamos em casa, ou mesmo desde antes. Na Reum se levantou e saiu, Taemin entrou no quarto em seguida, trazendo um copo de água e ocupando o lugar que o trainee ocupava antes.

Jung Woo não estava dormindo, embora eu tivesse tentado fazê-lo pegar no sono. Ele segurava a bolsa de gelo contra o rosto, como eu havia indicado, mas estava chocado demais pra fazer qualquer outra coisa ou dizer o que realmente queria dizer. Eu já sofri muito por não ter a aceitação de meus pais, mas não consigo imaginar como está sendo pior pra ele, numa escala em que essa não aceitação chegou a um nível inacreditável de violência.

Mandei uma mensagem avisando Lucas que havia entrado em contato com Jung Woo e que ele agora estava comigo, mas não tive coragem de contar que isso era consequência de ele ter sido expulso de casa depois de ser basicamente espancado pelo próprio pai. Avisei também os membros mais velhos do NCT, mas sem incluir exatamente o motivo do aviso – eu só pedi pra que viessem até a minha casa, supondo que aquele menino do meu colo precisaria do apoio de seus colegas. E quando digo que Jung Woo estava machucado, quero dizer que estava realmente machucado.

Quando fui até a casa dele, eu imaginei que estivesse passando por momentos difíceis, que estivesse enfrentando dificuldades com os pais por ter sido afastado do grupo ou até mesmo por ter um namoro escondido, mas eu não imaginei que a brutalidade de uma família poderia chegar a esse nível. Ao ponto que, na frente de uma estranha como eu, simplesmente jogarem o filho pra fora de casa e fecharem a porta, sem nenhum ressentimento. Como pode existir no mundo pessoas que buscam incessantemente por seus filhos, como eu, e pessoas que jogam suas crianças pra fora dessa forma?

Talvez eles nem imaginem o quanto esse garoto se sentiu humilhado na minha frente. Talvez nem eu consiga imaginar, na verdade. E não somente porque ele foi expulso de casa e renegado por sua família, mas porque ele também tinha sido machucado dentro de casa. Quando o ajudei a se levantar na frente de onde mora, depois de alguns minutos em completa transe, foi quando percebi o quanto estava debilitado. E, quando chegamos na minha casa, vi que tudo era ainda pior que em minha primeira impressão.

Parece que não tem um só espaço do corpo desse garoto que não foi machucado. Seu rosto está roxo, os lábios cortados, os olhos inchados. Tem hematomas enormes, em todos os tons arroxeados existentes, e filetes de sangue em suas costas, abdômen, pernas. Os pulsos estão vermelhos, as lágrimas escorreram tanto antes que secaram agora, e ele respira com certa dificuldade por conta de todas as dores. E esses machucados não são de hoje, provavelmente são de ontem, o que quer dizer que ele suportou todo esse sofrimento por horas até que eu o tirasse de lá.

Tentei convencê-lo a ir para o hospital, mas foi impossível, e eu entendo que ninguém teria o desejo de ir pra qualquer lugar no estado que Jung Woo está, é óbvio que ele tenha vergonha até mesmo de olhar pra mim. Minha vontade era de buscar a ajuda da polícia, mas até pra isso eu precisaria de seu aval – e, por mais que a situação tenha chegado a esse extremo, eu duvido que seja fácil pra alguém ter que delatar os próprios pais.

"Eu encontrei essas no seu armário" – Taemin interrompeu o silêncio, me tirando da distração de meus pensamentos. Ele tinha algumas das minhas pomadas em mãos, por sorte eu ainda as guardava

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