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Outros Pesadelos

[LETRA NORMAL = NA YEON / LETRA ITÁLICA = NARRADOR]

 Acompanhar aqueles cinco garotos não tinha tanta graça, é fácil lidar com trainees, eles são sempre obedientes, quietos, sorridentes e simpáticos. Três deles já foram apresentados como possíveis futuros membros de uma unit chinesa do NCT (algo que eu deveria saber com certeza, mas de novo me excluíram das novidades sobre o grupo), e os outros dois ainda são muito novos pra debutar, o que faz com que eu me sinta professora do primário. Estranhei o fato de não terem colocado Na Reum junto deles, mas talvez fosse só a questão da nacionalidade.

Aliás, a nacionalidade fez com que me escolhessem, porque graças a minha época de artista aprendi a falar japonês e chinês e agora era mais fácil se esses garotos pudessem conversar em sua língua nativa – era notável que o coreano de todos os cinco era extremamente fraco. Durante todo o expediente eu tinha que servir como tradutora entre eles e os outros staffs, uma missão bem chata, digamos.

Eu estava cansada, tinha dormido tarde por estar ocupada com coisas que meu advogado arrumou e acordado cedo pra buscar essas crianças no aeroporto; não sou uma pessoa muito simpática quando estou com sono e talvez os novos trainees tenham percebido já que eles mal falavam comigo. Não quero assustá-los, juro que não fiz de propósito, é apenas minha cara nada convidativa quando o que mais quero é umas horinhas de descanso. Além do mais, eu estava irritada por ter descoberto mais ainda sobre o manager tailandês e por ainda não ter sido restituída ao meu antigo cargo.

A cada dia a irritação das fãs do NTC crescia na internet, a presença do novo manager era muito mais notável do que deveria ser – e a fama dele já era das piores. Sun Hye me ligou várias vezes, pedindo confirmações sobre o estado dos garotos e novas informações sobre os managers. Eu apenas alimentei um pouco os boatos, dei a elas novas razões para ficarem irritadas, implantei novos boatos sobre o tailandês. Por mais que as fanbases estivessem criando um rebuliço nas redes sociais, não parecia mais ser barulho suficiente pra nos livrar do maldito cunhado do CEO; e isso me deixava extremamente preocupada. Eu já não tinha tanta certeza se estávamos livres dele.

"Manager-nim?" – um dos garotos me chamou, interrompendo minha quase soneca em um dos cantos do estúdio de fotografia. Ri, estranhando toda a formalidade (afinal, os outro me chamam de noona). O encarei, sem recordar de seu nome

"Já acabaram?" – perguntei, me levantando. Os cinco assentiram, juntos. Estavam tão felizes, extasiados pelas primeiras novidades daquela nova etapa. Como todos os recém-chegados, ingênuos – "Vamos almoçar"

Tínhamos passado a manhã toda no estúdio de fotografia, uma das coisas que sempre achei mais insuportáveis da vida de idol. Os cinco garotos vieram diretamente do aeroporto e, mesmo assim, não pareciam nem um pouco cansados, pelo contrário, estavam muito enérgicos. Adrenalina pelas novidades, provavelmente. Eu ria observando a alegria de todos, principalmente dos mais novos; os dois menores não tinham mais que 14 anos, com certeza. Crianças.

Decidi fugir das regras da empresa mais uma vez e levei os cinco para um dos meus restaurantes preferidos. Eles acabaram de chegar a Coreia, nada mais justo que poderem conhecer um pouco da cidade e aproveitar de uma refeição de verdade. No meio do trajeto um deles recebeu a ligação da mãe e contou detalhadamente sobre sua fantástica experiência de recepção num país novo – que na verdade foi um tanto frustrante, olhando de fora. Chegaram e já foram enfiados em um estúdio pra fotografar, não conheceram seus futuros companheiros ainda, não foram apresentados à nenhuma equipe, não sabiam falar a língua e foram deixados aos cuidados de uma mulher estranha. Mas, aos olhos de um novato, tudo é lindo.