Quem me tirou de mim?

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~~Na Yeon~~

"Então a cirurgia é mesmo necessária?" – perguntei, suspirando. Não tinha como as coisas darem mais errado

"Essa é sempre nossa última indicação" – o médico respondeu, sério, sem deixar de me encarar. Ele apoiava as mãos no balcão e o barulho de seu relógio batendo contra a madeira me irritava. Taeyong estava sentado do meu lado, depois de muito insistir para entrar na sala. Já era a segunda vez que acabávamos no hospital por conta de algum outro membro, em menos de dois meses – "Mas em casos como esse não há outra opção"

"Se ele não fizesse, o que aconteceria?" – questionei, tentando esquematizar todas as possibilidades em minha cabeça. Tínhamos que optar pela melhor opção pra ele, mas ao mesmo tempo a que fosse menos perigosa e mais rápida. A favor ou contra minha vontade, eu também tinha que pensar no que possibilitaria que ele retornasse o mais rápido possível

"A cirurgia só é indicada quando o paciente sente dores muito fortes e começa a ter os movimentos afetados" – o médico explicou, tirando os exames de dentro dos envelopes que estavam em sua frente – "Quando ele chegou aqui já estava com dificuldades nos movimentos dos membros inferiores e, mesmo com uma quantidade de medicamentos, ainda sentia as dores fortes. Os exames só nos confirmaram que a cirurgia seria necessária" – concluiu, me entregando os tais exames. Encarei os papeis, mas nunca entendi nada de medicina, então não fez muita diferença. Pelo jeito não teríamos outra saída a não ser confiar na equipe médica – "Não posso dizer que é uma cirurgia simples, pelo contrário, é complicadíssima e envolve vários riscos complexos, por isso não é a saída primária"

"Mas não temos outra opção, não é?" – o encarei e ele assentiu. Ótimo, agora terei que me responsabilizar pelos riscos de uma cirurgia que pode, na menor das hipóteses, deixar o garoto paraplégico. Ótimo dia pra ter escolhido esse emprego.

"Vamos dar início ao procedimento assim que tivermos a permissão do responsável" – o médico se levantou, me entregando uma prancheta com papeis que eram quase como um contrato

"Já entrei em contato com a família, em breve terei as respostas" – respondi, virando as folhas sem vontade nem coragem para lê-las. E, claro, aquela seria uma decisão a ser tomada pela família dele e não por mim

Sai da sala, começando a me preparar psicologicamente pra ser escrachada pelos pais do menino e pelos chefes da empresa. Até agora não acredito em tudo que fiz hoje, eu simplesmente cancelei um evento por conta própria, mandei os membros pra casa e sai com um deles pro hospital. Tudo sem a permissão de qualquer outra pessoa da SM. Parei em frente à sala do médico, sem saber pra onde ir, sem saber o que fazer com aqueles papeis. Taeyong estava bem atrás de mim, tão calado que eu quase me esquecia de sua presença. Mas eu também não queria que ele se envolvesse muito naquele problema, era um fardo pesado demais pra um garoto jovem.

"Vou pro quarto primeiro" – quebrei o silêncio, entregando-lhe a prancheta. Ele apenas assentiu, encarando o chão. Era o meio da madrugada, ele estava mais exausto que eu e não tinha tido tempo nem de tirar o figurino do show – "Já pedi pra trazerem algo pra você; uma troca de roupa e algo pra comer, okay? Devia ir pra casa" – insisti, mas Taeyong negou outra vez (aquela era minha terceira tentativa de manda-lo pra casa). Teimoso. Por que líderes são sempre teimosos? Por que acham que sempre tem que carregar todas as responsabilidades? – "Se alguém chegar perguntando por mim diga que eu já volto... E não concorde com absolutamente nada que te mandarem fazer sem que eu permita! Ou melhor, nem diga nada se eu não estiver por perto"

Saí, com a cabeça explodindo em milhares de preocupações. Fazia horas que estávamos naquele hospital para receber a notícia que teremos ainda mais horas com uma cirurgia de potencial risco. Além disso, eu já tinha entrado em contato com a empresa pedindo que fossem atrás dos pais de Jaemin, mas não tinha um bom pressentimento sobre a situação. Precisava falar com os outros garotos, mas não sabia como contar que um dos mais novos corria certo perigo. Tínhamos a agenda lotada durante toda a semana, que eu não sabia ainda como contornar. E Taeyong também me preocupava, eu sabia que ele se sobrecarregaria demais.

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