Capítulo 2

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[Katherine Parker]

Dia seguinte...

Já é 14:15 da tarde e minha mãe está até agora reclamando sobre eu ter voltado em um estado nada agradável ontem. Ela me deixou de castigo por uma semana. Ou seja, só sairei para ir a escola. Ah, e também estou sem celular.

Que maravilha, não?

Como estou sem absolutamente nada pra fazer, além de pegar um livro e estudar, eu fico assistindo TV no meu quarto. Ouço alguns barulhos na minha janela e vou até a mesma. Quando vejo, Cameron está com algumas pedrinhas na mão.

— Se quebrasse, você ia pagar. — falo, vendo as pedrinhas.

— Nossa, que medo. — ele ironiza.

Reviro os olhos.

— Tô até agora com dor de cabeça. — ele resmunga.

— Eu estou com dor de cabeça, irritada, com sono e querendo mexer no meu celular. — digo, chateada.

— E por que não mexe? Quebrou ele?

— Não. Estou de castigo. Minha mãe tirou até meu celular.

— Eu falei para você não exagerar… não me escutou...

— Olha quem fala. — digo, negando com a cabeça e rindo.

— Vai pra escola amanhã? — indaga.

— Vou. É o único lugar para onde eu posso sair. Mas é da escola, pra casa. — reviro os olhos.

— E eu nem fiz o trabalho que a professora mandou.

— Nem eu. — rimos.

— Depois a gente se fala. Vou tomar um remédio, porque eu já estou vendo a hora da minha cabeça explodir.

— Tudo bem. — falo.

Cameron se afasta e eu deito na minha cama. Tédio é chato… muito chato.

Desço as escadas e minha mãe está distraída quebrando alguns ovos e colocando num pote. Ela está muito distraída. Cheguei aqui e ela nem notou minha presença.

Como não tem outro jeito para chamar a Aaliyah para vir aqui em casa, eu decido pegar meu celular. Como? A chave da gaveta em que está meu celular, está no quarto da minha mãe. Aonde?! Eu não sei!

Subo novamente as escadas e vou até o quarto dela. Procuro pelo cômodo da televisão; nas gavetas de um pequeno armário; no seu guarda-roupa; até que olho para a cama. Lá está a bolsa da minha mãe. Tinha 98% de probabilidade da chave estar ali. Eu nem sei se é 98% mesmo, faltei nessa aula.

Verifico se ela está vindo e abro a bolsa. Aqui tem mais bolsos que a minha bolsa da escola. Abro um que é em um tamanho mediano, provavelmente para guardar cartões ou documentos; abro outro que é grande, em relação ao outro e só acho papéis do tamanho de um post-it. Abro outro, outro e outro e não acho. Quando por fim só resta mais um bolso para abrir, suspiro fundo.

É agora ou nunca. Abro o bolso e finalmente acho a chave. Sorrio, celebrando silenciosamente e ouço passos. Arregalo os olhos e me escondo debaixo da cama. Vejo minha mãe entrando no quarto e pegando algo. Ela sai e eu saio debaixo da cama. Vejo se ela está voltando e saio do quarto dela. Desço as escadas e ela está na sala, arrumando algo.

Quando ela volta para a cozinha e volta a preparar sei lá o quê, eu pego a chave e, discretamente, abro a gaveta. Vejo meu celular e o pego rápido. Fecho a gaveta, mas não tranco. Subo as escadas e entro no meu quarto, trancando a porta.

Desbloqueio meu celular e entro no app “WhatsApp”. Clico no ícone de conversa com a Aaliyah e mando a seguinte mensagem.

“Aaliyah, vem na minha casa, por favor. Estou no maior tédio e de castigo”.

Mando e espero ela responder. Fico mexendo nos outros apps e ouço um som de notificação. Sorrio e abro novamente o WhatsApp. É a Aaliyah. Ela diz que em dez minutos está aqui.

Desço novamente as benditas escadas e minha mãe ainda está fazendo a comida. Abro a gaveta e coloco o celular lá. Tranco-o e fico na sala, apenas esperando Aaliyah.

(...)

A campainha toca e minha mãe direciona o olhar para a porta. Sorrio e abro ela, vendo Aaliyah. Autorizo sua entrada e vamos até a cozinha.

— Oi, tia Eli. — a abraça.

— Oi, minha linda. Como vai? — minha mãe indaga, sorrindo  

— Bem. — Aali sorri e me olha.

— Estou preparando um bolo, quer? — minha mãe pergunta.

— Não quero, não, tia, obrigada! Só vim porque a Katherine me mandou uma… — tampo sua boca.

— É-ér… vamos subir, né? — sorrio sem graça. Minha mãe assente, desconfiada e nós subimos as escadas. Explico toda a situação para a Aaliyah e ela assente.

— Por isso que eu não gosto de exagerar. — ela resmunga, assim que entramos no meu quarto. Está uma bagunça, mas daqui a pouco eu arrumo.

— Tá, mas cada um tem seu gosto, Aaliyah. — respondo, me jogando na minha cama.

— Ok, ok. — ela diz e se senta na minha cama.

— Novidades? — indago, me sentando.

— Não muitas.

—Tá, mas pode contar.

— Bom, meu irmão só vai vir na próxima semana, porque o vôo atrasou, ainda bem; na próxima segunda é aniversário da Katrina. E por incrível que pareça ela nos convidou para a festa.

Katrina é uma das meninas mais populares da escola. Diferentes de muitas meninas consideradas populares, ela é legal e até convive com os considerados nerds. Não nos falamos muito, por isso a surpresa por ela ter nos chamado.

— Já tenho pra onde ir quando acabar esse castigo. — comemoro, sorrindo.

— Mas eu não sei se eu vou. — ela murmura.

— Ué, por quê? — indago.

— Eu mal falo com a Katrina. — diz.

— Mas ela nos convidou. Ou seja, ela não se importa se nos falamos pouco ou muito. — respondo.

— Tá… eu vou. Mas com certeza meu irmão vai. Eles se conhecem. — diz.

— Para de colocar empecilho, garota! — rio.
— Ok, eu vou. — diz, rindo.

E assim a Aali salva um dia de castigo meu. Ficaria aqui sem fazer nada além de olhar para o teto...

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