Capítulo 37

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[Shawn Mendes]

Dois dias se passaram e vejo que meus amigos estão um tanto que estranhos. Só Aaliyah que continua sendo a mesma coisa comigo: uma chata, irritante.

Eles estão me evitando e eu sei disso. Sempre que eles estão cochichando, eu tento entrar na conversa, mas eles a encerram por ali mesmo. Se eu já perguntei? Sim, eu já perguntei. Mas eles me disseram que não era nada. Porém, eu não acreditei. Durante esses dois dias, liguei para o meu pai. Mas, nas cinco vezes que isso aconteceu, ele não atendeu. Óbvio que eu estranhei, mas não falei nada para ninguém.

Sinceramente, não sei mais o que fazer. Meus amigos me ignoram, meu pai está me ignorando e até minha mãe entrou nesse meio. Tem algo acontecendo e, se ninguém me disser, terei que descobrir sozinho.

Estou na sala, enquanto assisto TV. Minha mãe está agitada, parecendo nervosa com algo. A encaro, enquanto aparenta procurar alguma coisa.

— Mãe, tá tudo bem? — indago.

— Claro. Por que não estaria? — ela diz, sem nem ao menos me olhar.

— Por que será? Vocês, incluindo meus amigos, estão me ignorando. Tento me enturmar, mas parece que eu sou o homem invisível. — murmuro.

— Impressão sua, querido! — ela fala. Logo, comemora por achar algo e vai até a porta. — Já vou. Volto daqui a pouco.

— Posso ir junto? — indago.

— Hum… é-ér… não. Quero ir sozinha. — ela fala, parecendo nervosa.

— Eu faço questão de ir. — digo.

— Mas eu não faço questão que você vá. — ela diz.

— Não precisava essa ignorância. — ponho a mão no peito, fazendo meu típico drama.

— Já vou. Já estou atrasada. — ela diz.

— Tá… — assinto desconfiado. Ela sai rápido e eu olho para o chão, tentando assimilar tudo. Minha mãe não é de sair de noite, então tudo está estranho.

O motivo de eles estarem estranhos eu ainda não sei. Nem se passa pela a minha cabeça o que pode ser. Minha mãe está me ignorando, coisa que eu achava que nunca iria acontecer. Meu pai também. E meus amigos, principalmente o Cameron, também estão. As únicas palavras que trocamos nesses dias foram: “oi”; “não é nada”; “não estávamos falando nada demais". O que antes eu tinha um diálogo normal e extenso, hoje não passa de duas palavrinhas.

Eu tenho que tirar essa história a limpo e será hoje.

Me levanto e sigo até o lado de fora da casa. A casa da Katherine e do Cameron não é tão longe, por isso, resolvo ir a pé.

Parece que quanto mais eu aumento os passos, mais a casa deles fica longe. Mas, enfim, chego ao meu destino. Bato na porta de Cameron primeiro. Porém, ninguém atende. Vou até a porta de Katherine, bato e toco a campainha.

Demora um pouco, mas Katherine me recebe, com um sorriso meio nervoso e fechado. Semicerro os olhos.

— Oi… é… o que faz aqui? — Katherine indaga.

— Posso entrar? — ela olha algo dentro da casa antes de eu entrar e me dá passagem.

Olho ao redor e ela senta no sofá. Faço o mesmo.

— Sabe onde está o Cameron? — indago.

— Ah… não. — diz.

— E a Aaliyah? Ela disse que vinha pra cá. — indago.

— Ela veio… mas, é… já foi. — diz.

— Sério? — indago.

— Claro. Acha que eu mentiria pra você? — indaga.

— Estou achando estranho esse comportamento de vocês. Até meus pais estão me ignorando. — digo.

— Não estamos te ignorando. É só que… você não condiz muito com o assunto que nós abordamos. — ela diz aparentemente nervosa.

— Ah, é? E qual é o assunto? — indago com os olhos semicerrados e me aproximando.

— Então… é particular, entende? — diz.

— Tá, vocês estão me ignorando. — digo. — O que vocês estão tramando? — indago me aproximando ainda mais. Ela fica mais nervosa ainda e eu rio internamente com o quanto nervosa ela fica quando eu estou assim perto.

— N-não estamos tramando n-nada. — ela fala gaguejando.

— Ah, é mesmo? — indago.

— Claro… — diz.

Me afasto dela e ela suspira aliviada. Olho para o outro sofá e vejo uma coisa familiar.

— Espera… aquilo não é a bol… — minha fala fora interrompida pela a voz da mãe de Katherine.

— Shawn! Não sabia que estava aqui. — sorri, descendo as escadas.

— Oi... — falo e a abraço. Mas mesmo assim, não esqueço do que vi no sofá.

— Como está sua mãe? — ela pergunta. Disse a ela que ela está bem e, após conversarmos mais um pouquinho, ela sobe novamente.

— Tá… o que a bolsa da minha mãe está fazendo aqui? — indago.

— Ah… essa bolsa? Essa bolsa é da minha mãe. — ela diz, coçando a nuca.

— Não, não é. É igualzinha a da minha mãe. — falo.

— E quem garante que essa é da sua mãe? Existe várias do mesmo modelo. — ela diz.

— Acontece que as outras não tem um chaveiro que eu dei a ela, pendurado. — seus olhos arregalam-se e ela engole em seco.

— Acho que já está na hora de você ir, né? Já está tarde. — ela diz, me empurrando até a porta. Franzo o cenho.

— Espera, eu… — ela não me deixa terminar de falar.

— Tchau, até amanhã! — fala e fecha a porta.

Agora eu tenho certeza de que há algo acontecendo. O que a bolsa da minha mãe estaria fazendo ali? Será que minha mãe passou aqui? Mas a pergunta que não quer calar: por que ela não disse que ia vir pra cá?

No rules {1} Onde histórias criam vida. Descubra agora