Capítulo 52

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[Katherine Parker]

Me arrumo e desço. Aviso a minha mãe que eu vou fazer um trabalho e ela assente. Passo na casa de Shawn e nós vamos até a casa da Candace. Bato na porta e uma mulher, que aparenta ter uns trinta, quarenta anos, abre a porta.

— Oi! Viemos fazer um trabalho com a Candace. — explico.

— Claro, podem entrar. — ela diz, nos dando espaço para passar.

— Licença. — Shawn sorri simpático e nós entramos.

— Meu nome é Mary. Sentem-se. — sorri. Nós nos sentamos.

— Meu nome é Katherine e o dele é Shawn. Prazer! — digo.

— Katherine? — assinto confusa. — Bom, vou chamar minha filha. — ela sai, ainda me encarando e vira o olhar, subindo as escadas. Franzo o cenho confusa e ela volta, minutos depois, sozinha.

— Ela está os esperando. — Mary fala, sorrindo.

— Ok. — Shawn diz. Vamos subir, só que ela me barra.

— Posso conversar com você? — Mary indaga.

— Sim... claro. — olho para Shawn, que olha também confuso para mim. Assinto quanto a ele subir e assim o mesmo o faz.

— Bom... eu ouvi minha filha resmungar que não conseguiu fazer amizade com uma tal de Katherine. E agora eu estou na frente dela. — suspira forte. — Por favor, aceite ser amiga da Candace, ela merece amigos leais e legais. E ela nunca quis tanto ter uma amizade como ela preza em ter a sua. Por favor...

— E-eu não sei o que dizer. — e eu realmente não sei.

A mãe de Candace Clarke, senhora Clarke, está pedindo, quase implorando, para eu ser amiga de sua filha… isso com certeza é uma situação ao qual eu nunca pensei passar.

— Candace tem muitas amizades. Não precisa de mais uma. Aconteceu algumas coisas no passado, ao qual eu não quero reprisar, que fez com que eu nunca desejasse ser amiga dela. — digo.

— Independente do que tenha sido... aceite. Eu te peço apenas isso.

Suspiro fundo. Não é o que eu quero, mas a mãe dela está pedindo. Só falta ela se ajoelhar e me implorar mais vezes para eu virar amiga de Candace.

Penso, penso e penso... Chego a uma conclusão, não sei se eu irei me arrepender, provavelmente sim, mas vamos tentar.

— Tá, eu aceito. — ela sorri, semelhante àquele gato do filme "Alice no País das Maravilhas" e me abraça. Retribuio o abraço e lhe digo que irei fazer o trabalho. Ela assente e eu subo, indo até o quarto de Candace.

Porém, antes de entrar, olho para a porta do quarto à frente... Esse quarto traz lembranças horrorosas e que eu jamais quero passar novamente. Pisco os olhos umas cinco vezes e entro no quarto de Candace. Shawn e ela estão bem próximos, talvez pensam em se beijar. Bufo rápido e me sento na frente deles, que logo se afastaram.

Isso não me afetou. Bom, talvez… a real é que eu não sei. Ver eles aqui me afetou de certa forma. Mas Shawn e eu não temos nada. Apenas nos beijamos, o que não significa nada.

— É-ér... Por onde começamos? — Shawn diz, querendo amenizar a situação.

— Como eu sou a mais organizada daqui... — ela começa a falar como iremos realizar o trabalho.

— Ok... — Shawn diz. Olho para os dois, com tédio, e Shawn me olha de canto de olho.

Shawn vai até o computador dela e eu vou até o mesmo, sentado ao lado dele. No fim, fazemos tudo direitinho. Achei que seria pior...

(...)

Tcharam! — Candace sorri empolgada, se levantando. — Trabalho realizado perfeitamente por Candace Clarke... — sorri largamente, levantando o trabalho.

— E os dois invisíveis, vulgo Katherine e Shawn. — ironizo e ela sorri fechado e forçadamente.

— Claro. — murmura e revira os olhos discretamente.

— Bom... já que terminamos, nós podemos ir embora. — Shawn fala.

Nananinanão. Você fica, quero conversar com você. — Candace fala a Shawn. Olho para ela, com os olhos semicerrados, e profiro:

— O Shawn vai e eu fico. Eu — dou ênfase. — quero conversar com você.

— Katherine...

— Quer conversar com ela? Então conversa! — bufo e vou saindo. Não sei o que deu em mim agora...

Shawn puxa meu braço, dizendo...

— Você pode conversar com ela. — fala para mim, deixando meu braço livre. — E quanto a você, amanhã nós podemos conversar. — fala à Candace. — Vou deixar as duas a sós.

Assinto, de braços cruzados. Ele sai e eu coloco minha mão no bolso traseiro da minha calça.

— Ahn... O que você quer conversar? É tão importante quanto eu ter uma conversa, não apenas uma conversa — deixa claro. — com o Shawn?

— Não preciso de detalhes. Apenas quero te dar um aviso. — digo.

— Pode falar...

— Vou deixar as coisas bem claras aqui... Temos nossas desavenças e tenho total direito de não gostar de você e querer você longe. Da mesma forma que você me quer longe. Mas, de uma hora para outra, isso mudou. Você quer ser minha amiga, ir ao shopping — a remedo. — comigo e blá blá blá. Porém, como o esperado, eu não aceitei. Eu tinha certeza de que não iria ser sua amiga, nem que nós fossemos as duas últimas pessoas da Terra. E disso você era ciente. Tanto é que, de uma hora para outra, me chamou para a sua festa, afim de me demonstrar que queria ser minha amiga. Mas eu nem vim, porque esqueci mesmo. Ah... mesmo se eu lembrasse, eu não viria. Você não tem que marcar uma festa e me mostrar tal coisa. Você vai me mostrando com o tempo e eu vou analisando, vendo se aquilo será bom pra mim. Enfim... Eu só quero dizer que eu aceito ser sua amiga… — ela sorri, aparentemente feliz, e vem me abraçar. Mas eu desvio e ela me olha confusa. — Vamos deixar claro algumas coisas... Nada de querer mudar meus estilos; vejo você fazendo isso demais com suas amigas.

Ela me encara ofendida. Reviro os olhos e continuo.

— Nada de grude. Quando quiser sair, me mande uma mensagem e eu aviso-lhe se eu quero ir ou não. Se chegar de surpresa, sua resposta será não. Não quero você se metendo no meio dos meus amigos. Você será minha amiga e você está ciente de que eles não vão com a sua cara.

— Vou te atrapalhar um pouco, mas o Shawn é uma exceção. — ela diz.

— Não é o que parece. Você ficou inventando mentiras, dizendo coisas não verídicas. E ele não gostou. — digo.

— Eu só menti porque... porque eu queria privar ele de saber daquela história. Afinal, você que tem que contar. A história é sua. — diz.

— Mas se você não tivesse feito tudo aquilo, as coisas seriam diferentes. Ah, não foi só você. Seu irmão também está envolvido. Eu tenho trauma daquele quarto, não sei como tive coragem de entrar aqui. — digo.

Ela me olha, parecendo nervosa, mas dá um sorriso.

— Vamos esquecer e criar novas lembranças… Não é? — indaga.

— Claro. — sorrio fechado e ela me abraça. Não retribuio no começo, mas tenho que aceitar que eu estou entrando em algo que eu preciso colocar em minha mente que eu serei "amiga" de Candace Clarke, o motivo do meu ódio.

No rules {1} Onde histórias criam vida. Descubra agora