[Shawn Mendes]
Desde o dia em que eu tive aquela conversa com meu pai sobre contar ou não as coisas que aconteceram para os meus pais estarem separados e o dia em que ele foi embora, que eu não tiro da cabeça o que fazer.
Ao mesmo tempo que eu quero desabafar, tem o perigo que a Katherine correrá se eu contar.Aliás, não tiro a mesma da cabeça também. Cenas do dia da cozinha vagam a minha mente e de como eu me deixei levar... eu podia ter evitado tudo isso e ainda continuaríamos sendo os amigos de antes. Mas o ruim é que eu não me arrependo. Claro que eu estou percebendo uma leve mudança... Pode parecer que não, mas algumas coisas mudaram.
Quanto a eu e Candace, ela pediu perdão sobre ter mentido e disse que nunca o faria novamente. Por mais que eu não tenha acreditado, aceitei seu perdão. Porém, ela confundiu quando eu disse que seríamos amigos e já veio pra cima. No mesmo momento, Katherine e Aaliyah chegaram. Eu percebi o quanto foi estranho. Ainda mais para Katherine, que ficou com um ponto de interrogação na cabeça.
Ela estava me ignorando e, por mais que na minha cabeça eu devesse lhe explicar, eu não devia explicação nenhuma a ela. Somos apenas amigos, que já se beijaram... Mas continuamos sendo apenas amigos.
Candace está preparando a festa que sempre tem quando o baile está próximo. Será numa casa com piscina que ela alugou. Depois da briga que aconteceu na outra festa que eu não fui, os pais dela proibiram ela de fazer alguma mais. Eu vou, mas vou porque esse momento não se repetirá novamente. Será daqui a alguns dias e todos estão empolgados. Meu celular toca, notificando uma nova mensagem.
Marina
Oi, Shawn!!me
E aí?!Marina
Então...
Eu estava pensando em te chamar para ir para a minha lanchonete preferida.
Conhece a "Sheldon's food"?me
Já ouvi falar...Marina
E aí, topa?me
Ah, pode ser.Marina
Às 18:00 eu passo na sua casa.me
Tudo bem.Achei estranho que ela não chamou todos. Temos um grupo só nosso, onde entrou Nash e Hayes também. Ela podia ter chamado todos.
As vezes eu tenho a leve impressão que Marina quer algo a mais comigo. Mas descarto isso, pois ela acabou de sair de um relacionamento. Não está muito cedo, mas também não está muito tarde.
(...)
Me arrumo, desço as escadas e fico mexendo no celular. Marina disse que já está vindo, então fico a esperando. Após alguns minutos, alguém toca a campainha e bate na porta.
Me levanto e vou abrí-la. Me despeço, gritando, de minha mãe e saio. Entramos no meu carro e seguimos para a tal lanchonete. Marina vai me dando as coordenadas. Estaciono e descemos. Entramos na lanchonete e vamos até uma mesa que não está ocupada. Uma das únicas ali. Ela sorri e eu chamo uma garçonete. Pedimos e esperamos.
— Estava com saudades de vir aqui. Sempre que eu vinha, quando vinha visitar minha avó, ficava muito encantada com o lugar e a comida.
— Nunca tinha vindo, é a primeira vez. Mas eu já tinha ouvido falar.
Fica um silêncio. Olho para o lado, vendo a parte externa da lanchonete. Percebo o olhar de Marina em mim e a encaro.
Somos interrompidos pela garçonete, que traz nossa comida. Comemos em silêncio. Terminamos e saímos da lanchonete. Entramos no carro, mas antes de eu começar a dirigir, ela pega em meu braço, interrompendo-me.— O que foi?
— Eu... não precisamos ir agora. — ela fala.
— Por que não? — indago.
— Não tem ninguém na minha casa. Não quero ficar lá sozinha. Podemos ir para a praça aqui perto... — sugere.
— Ah... pode ser... — digo.
Dirijo até a praça e nós descemos do carro. Vamos até o banco e nos sentamos. Marina não conversa nada que é do meu interesse. A conversa está ficando tediosa. Porém, não falo nada. Ela, percebendo que aquela conversa não estava legal, decide mudar o assunto.
— Shawn, eu... — só ouço isso. O resto da frase que ela falou, morreu para mim. Pois, atrás dela, a alguns metros, está Dustin, seu ex-namorado.
Semicerro os olhos, afim de ver se eu não estou vendo coisa, e Marina me cutuca.
— Você ouviu o que eu falei? — ela indaga.
— Hum? Ah... sim... não. Não, não ouvi. — respondo.
— Eu falei que... — ela não completa a frase. Eu acho estranho e a encaro. Porém, ela se inclina, selando nossos lábios. Sinceramente, não entendi o ato. Não foi como o beijo de Katherine.
Mas por que eu estou pensando na Katherine? E, principalmente, no beijo dela?
Me pergunto.
Me solto de Marina e ela me encara confusa.
— O que houve? — indaga confusa.— Marina... eu e você não... não dá. Tipo... estou feliz em sermos apenas amigos. Tudo bem? — digo um pouco receoso.
— Ah... t-tudo bem. — ela responde, meio sem jeito. — É por causa da Katherine? — ela indaga. Meu coração começa a acelerar e então eu suspiro. Não consigo dizer que não, pois, por mais que eu tente mentir para mim mesmo, é, sim, por causa da Katherine. — Eu sabia… — ela fala.
Me sinto mal por tê-la deixado desse jeito. Mas apenas falei a realidade. E o principal... eu acho que estou criando sentimentos por outra pessoa. Não posso fazer isso e mentir para mim mesmo e pra ela. Se é que eu já não estou fazendo isso.
— Acho melhor irmos para casa. — digo e ela assente. Nos levantamos e vamos até o carro. Ligo a ignição e dou partida. O trajeto foi silencioso, apenas se ouve o barulho do carro e das nossas respirações.
Marina às vezes suspirava. Acho que meio que decepcionada. Mas o que eu poderia fazer? Retribuir o beijo e ela achar que eu estava nutrindo sentimentos por ela? Foi melhor contar a verdade. Cameron já havia conversado comigo. Ele disse que achava que a Marina estava tendo sentimentos por mim. Eu não acreditei, pois achava que ela, relutante, ainda gostava do Dustin. Aliás, acho que Dustin estava nos seguindo. Ele tinha o olhar sombrio. Usava um casaco preto. Ele estava com o capuz na cabeça, mas mesmo assim consegui vê-lo. Não contei para a Marina e nem pretendo contar. A última coisa que eu quero é que ela fique achando que está sendo perseguida.
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No rules {1}
Teen FictionKatherine Parker nunca imaginou que em apenas meio ano muita coisa mudaria. Não só suas amizades, mas também sua vida amorosa. Shawn, irmão de sua melhor amiga, estava de volta em sua cidade natal, e isso resultaria em mais mudanças do que esperavam...