Capítulo 10

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[Katherine Parker]

Já voltei da escola, já tomei banho, almocei e agora estou prestes a sair de casa.

- Onde você vai? - minha mãe indaga, sentada no sofá.

- Ah... eu vou para a casa da Aali. - digo. Ela me olha desconfiada, falando:

- Mas vocês não estão brigadas? - indaga confusa.

- Cameron. É... vou para a casa do Cameron. Minha cabeça está cheia de coisa... então... é, é isso. - ela ia falar, mas eu interrompo. - Tchau, mãe! Te amo! - falo e fecho a porta. Saio rápido de casa e ando em direção à cafeteria. Ela fica perto da minha casa, então, se eu conseguir, isso será um benefício.

Ao chegar no local, vejo algumas pessoas sentadas nas mesas. Vou direto para o balcão, onde tem um homem, parecendo que está bravo. Algumas pessoas estão na fila. Observo atentamente que muitas estão impacientes e parecendo insatisfeitas. Assim que todos da fila são atendidos, vou até o balcão.

- Boa tarde! O que quer? Aqui tem o... - o homem começa, mas eu o interrompo.

- Calma... eu só quero saber da vaga de emprego. Eu vi num site que vocês estão precisando de uma balconista, então... aqui estou eu. - falo, dando um riso fraco.

Um tempo depois...

- Bom, volte amanhã. Seu horário de trabalho será das três da tarde até às sete da noite. - Jeremy, o dono da cafeteria, diz. Assinto e saio do lugar. Por fora eu estou bem plena. Mas por dentro eu estou pulando de alegria. Eu tenho um trabalho e finalmente poderei juntar dinheiro para a faculdade. Volto para casa feliz da vida. Entro na minha residência e minha mãe está descendo as escadas.

- Oi, mãe! Tenho notícias ótimas! - digo, sorrindo abertamente.

- Você mentiu pra mim ao dizer que ia para a casa do Cameron? É, ótima notícia. - ela ironiza e acaba rindo. - Mas o que é? - indaga, se sentando no sofá, ao meu lado.

- Vou começar, a partir de amanhã, a trabalhar na cafeteria Jeremy's. - digo, sorridente. Minha mãe fica surpresa e me abraça, sorrindo abertamente assim como eu.

- Sério? - ela pergunta. Eu assinto. - Ai, meu Deus! Não consigo acreditar... - ela diz. - Parabéns! - diz.

Após uma sessão de parabenização, vou até o meu quarto, pego o meu celular e o meu fone, indo até a porta.

- Onde você vai? - minha mãe indaga.

- Vou dar uma volta. Sabe... espairecer a mente. - falo.

- Está bem. Só não volte tarde. As ruas estão muito perigosas. - ela me alerta.

- Tudo bem, dona Beth. - digo, abrindo a porta.

Rio. Saio de casa, plugo meu fone no meu celular e ponho uma música qualquer. Normalmente, à noite, as ruas são frias. Então já vim preparada... com um casaco e uma toca.

Ando pelas ruas, pensando em tudo, exatamente tudo... na minha briga com a Aaliyah principalmente. O que ela falou, não tem, de maneira alguma, verdade. Eu só não fico com isso de querer ficar com alguém e negar. Se eu quiser ficar e a pessoa também, eu fico. Se eu tiver vontade, eu chego na pessoa e digo o que eu quero. Por mais que eu possa receber um "não" como resposta.

Já sofri muito no passado. Tanto por ser uma considerada "nerd" por aqueles que me julgavam, tanto por não ser aquilo que eu queria ser, por medo do que as pessoas iam dizer. E isso é horrível.

Há um fato em minha vida, ao qual eu não estou pronta pra contar, que foi um dos piores momentos que já me aconteceu. O pior momento em que eu já passei, foi quando me contaram a verdade, que meu pai havia morrido; não me abandonado como muitos diziam, com medo de me machucar mais do que eu já estava. Fiquei extremamente triste, mas fiquei com aquela dor para mim mesma, apenas guardando todas as dores que eu tinha.

Só que após os meus quatorze, quinze anos, eu fui mudando. Começava a ir frequentemente a festas, bebia, ficava com quem eu queria e não me importava com o que as pessoas iriam dizer. Apenas estava sendo aquilo que eu queria ser. Não recebi o apoio de ninguém, apenas da Aaliyah, que foi a única daquela escola, que me deu a mão quando eu precisava. Além do Cameron, é claro.

Já havia andado muito... já estou no parque central, onde há crianças brincando nos brinquedos, pais sentados nos bancos e alguns jovens sentados na grama.

Quando olho para um banco, vejo Candace com um garoto, com os rostos bem próximos. Tento ver quem é e, por fim, o reconheço. É Shawn. Eles se aproximam mais e iniciam um beijo. Era só o que me faltava!

Mas é ser muito tonto para ainda ficar com ela. Tento ignorar e continuar andando, mas ouço uma voz feminina pronunciar meu nome. Me viro e vejo Aaliyah.

- Ah, oi... - falo.

- E aí...?! Podemos conversar? - indaga.

Dou de ombros. Em algum momento teremos que conversar. Nos sentamos em um banco e ela se vira para mim.

- Vou ser bem rápida. Nossa amizade é muito importante para mim. Desde que iniciamos isso, que eu sabia que haveria brigas, perdão, acertos... mas desta vez... desta vez eu passei do limite. Te falei coisas que você não merecia ouvir. Você é solteira, tem 17 anos. Já sabe o que faz da vida e fica com quem bem entender, bebe a quantidade de álcool que você quiser. Me desculpe por te julgar! Eu estava com raiva e acabei descontando em você. Acabei falando o que ninguém merece ouvir. Você é minha melhor amiga, passamos por muitas coisas juntas e eu não quero ser a causadora disso acabar.

Olho para o gramado, suspiro fundo, fecho os olhos e a encaro.

- Aaliyah, não é só assim. Você vem, pede desculpas e, ah, estamos bem. O que você falou me machucou, assim como você viu muitos fazerem o mesmo que você fez. Eu posso te desculpar em palavras, mas, agora, nesse momento, não posso te desculpar verdadeiramente.

- Eu entendo. - ela começa. - Mas eu não aguento ter que ver você na escola e fingir que não me importo se estamos brigadas. Eu me importo, e muito. Principalmente porque o motivo disso estar acontecendo foi meu. Eu erro, mas eu tento consertar. - ela termina.

- Aaliyah...

- Eu odeio ter que andar naquela escola e ver você conversando com o Shawn ou o Cameron e simplesmente fingindo que eu não existo. Eu errei e quero consertar. Por favor. - ela praticamente implora.

Olho para o céu, parecendo que eu encontraria respostas apenas levantando a cabeça. Suspiro, encaro a Aali e então assinto.

- Tudo bem... - falo baixo. Ela sorri feliz e me abraça. Sorrio fraco e logo ela fala:

- Estava com saudades! - digo.

- Eu também estava. Como sabia que eu estava aqui? - digo.

- Fui até sua casa. Sua mãe me disse que você havia saído para "espairecer". Esse foi o termo que ela usou. E como eu já "espaireci" com você... sei o caminho que você faz. Até que vi você parada aqui. - diz.

- Mas é muito minha amiga mesmo! - sorri, a abraçando novamente.

- E que tal dormir lá em casa? Minha mãe vai sair e só restará eu e o embuste do meu irmão. - fala.

- Creio que ele não dormirá em casa. - digo, me referindo a ele e a Candace.

- Como assim? - Aaliyah indaga. Aponto para os dois trocando saliva, e ela fez cara de nojo. Sério, onde eles arranjam tanto ar? - Já que é assim... e aí? Aceita dormir lá?

- Tá, tá. Eu aceito. Mas vamos primeiro passar na minha casa e pegar uma roupa. - sorri e ela puxa minha mão.

Espero que eu não me arrependo de ter aceitado suas desculpas...

No rules {1} Onde histórias criam vida. Descubra agora